Capítulo 13

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Como de costume em todas as festas de membros do exército e de famílias nobres, a comemoração perdurara longas horas. Helena estava sentada na maior cadeira no lugar, dando destaque a ela por ser a noiva. Clara se sentava em seu colo de maneira comportada, nada de desrespeito, apenas tradição. Diziam as lendas que o casal que se sentasse naquela cadeira seria feliz por toda a eternidade. Alguns casais se sentavam ali no começo, com intuito de prolongar o prazo da relação deles, se possível, por toda a eternidade de acordo com a lenda. Com o passar das décadas as pessoas transformaram tal crença em um costume entre eles.

                     
Os braços de Clara enlaçavam o pescoço de Helena e não havia sido por tradição. A morena apenas decidiu que assim ambas ficariam mais confortáveis.

                     
-- Está cansada? -- Era a quinta vez que Helena perguntava isso à Camila. Percebia os olhos caídos, vermelhos e que sua esposa bocejava de cinco em cinco minutos. A mais nova realmente estava exausta, só queria retirar seu vestido, tomar um longo banho e desmaiar, mas o fato de essa noite ser, em especial, sua noite de núpcias, a estava fazendo enrolar ao máximo Helena, porém o cansaço não lhe permitiu mentir pela quinta vez consecutiva.

                     
-- Sim. -- Respondeu em um sussurro, se permitindo coçar os olhos. Helena apenas assentiu e deu dois tapinhas em seu quadril. Clara entendeu e logo se levantou, fazendo todos gritarem em animação.
                     
-- O casal vai consumar o casamento. -- Um dos homens ali gritou em animação pelas duas.
                     
-- Só cale a boca, Mahone. -- Helena disse para seu amigo, que apesar de ser meio idiota e desligado, era um bom homem. -- Tenham uma boa noite. -- E, sem dizer mais nada, segurou na delicada mão de sua esposa, a guiando por entre os corredores do lugar até o quarto de ambas, que ficava na parte de cima da imensa casa, que Clara mais considerava mansão.

                     
-- Bem, eu vou... tomar um banho. -- Clara disse e Helena assentiu, vendo a mais nova pegar algo em seu guarda-roupa e desaparecer no banheiro. Sim, os pertences de Clara já haviam sido transportados para o quarto de Helena. Isso era tradição por lá também. Helena caminhou até a enorme janela e levantou uma das enormes cortinas para espiar lá fora.

                     
Os barulhos que se faziam no salão principal, lá embaixo, podiam ser ouvidos dali e a festa provavelmente duraria a noite inteira. Helena admirou a vista do céu e internamente pediu forças para Deus para lhe guiar pelo caminho correto. -- Sim, apesar de não frequentar a igreja, Helena acreditava no mesmo e tinha muita fé nele.

                     
Ficou, sabe-se lá quantos minutos, olhando para o céu. Decidiu sentar-se na beira de sua cama e retirar seus saltos. Escolheu alguma roupa em seus pertences e já as deixou preparadas para que quando Clara saísse ela pudesse entrar em seguida para livrar-se de seu vestido e tomar seu banho.
                   
Foi o barulho da trava da porta que fez Helena olhar rapidamente e quase se engasgou ao constatar que sua esposa usava uma camisola de seda branca, bem curta... E só... Nada mais cobria seu corpo.
                     
A mais velha se levantou, ainda sem reação, e caminhou até Clara lentamente. A mais nova lhe olhava assustada e sua respiração estava alterada devido às batidas descompassadas de seu coração.
                     
-- Vou tomar um banho. -- Helena sussurrou e respirou fundo antes de entrar no banheiro.
                     
Clara respirou aliviada e se sentou na cama. Lembrou do que sua mãe lhe dissera e obedeceu, tratando de se sentar de uma maneira sensual na cama -- A própria mãe dela a fez repetir a posição que havia feito para se certificar de que não estragaria as coisas. -- e subiu sua camisola levemente, de maneira que deixava suas coxas mais à mostra. Queria chorar ou fingir que havia adormecido, mas dizia para si mesma que mais dia, menos dia, isso aconteceria.
                    
Pediu internamente mil vezes que não doesse, e que Helena fosse gentil porque era o mínimo que merecia, havia sido obediente até ali, não custava que o destino lhe ajudasse um pouco fazendo sua esposa ser carinhosa.

                     
-- Eu não consigo compreender os seus planos, meu Deus. -- Sussurrou baixinho de olhos fechados. -- Mas vou confiar em ti, mesmo sem entender. -- Fazia uma prece rápida. -- Só por favor não me desampare. Por favor, por favor... Que além do arco-íris haja algo melhor do que isso.

                     
Depois disso pensou em Théo, que mesmo estando apaixonada por ele jamais havia pensado em praticar tais atos com o mesmo. Não até o casamento pelo menos, e, como isso estava longe, sequer pintava a ideia dos dois juntos nos três meses de namoro. Mesmo quando ele se mostrava visivelmente ansioso para isso.

                     
Saiu de seus devaneios quando escutou a trava da porta do banheiro e seu coração voltou a bater feito louco. Suas mãos suavam e suas pernas tremiam e não era de um jeito bom.

                     
Helena a analisou de longe, deixando seu olhar percorrer sua esposa por longos segundos. Clara não tinha visto aquele olhar em Helena ainda e ignorou o fato de que mordeu o próprio lábio ao vê-la vestindo apenas um baby doll curto, que deixava livre suas coxas e marcava suas voluptuosas curvas.
                     
Helena respirou fundo e se aproximou, se sentando na cama e se inclinando para apagar o abajur. O silêncio era tudo o que ambas ouviam, até que o barulho de Helena se acercando de Clara na cama se fez presente. Clara fechou os olhos em total desespero, repetindo para si que Helena era uma boa mulher, e claro, muito linda.
                     
-- Eu sei que você odiou o fator principal do dia, no caso, ter se tornado minha esposa. -- A voz rouca foi apenas um sussurro. -- Mas espero que pelo menos a festa tenha lhe agradado. Ally disse que lilás é sua cor preferida e por isso mandei colocar na decoração. -- Confessou.
                   
-- Foi tudo muito... lindo. -- Clara disse serena, tentando não transpassar desespero em seu tom de voz. O fato da respiração de Helena estar batendo em seu rosto não ajudava muito.
                     
-- Ótimo! -- Disse a morena, respirando fundo logo em seguida. Clara fez o que sua mãe disse e passou o dedo indicador vagarosamente sobre a clavícula visivelmente exposta de sua esposa. Não podia negar que sua pela era macia e a mulher era sensual.

                     
Clara pôde ouvir um longo suspiro de Helena e percebeu seus dedos se apertarem no colchão. Um silêncio perturbador invadiu o quarto logo depois. A respiração de Helena era tudo o que conseguia ouvir. Sentiu o exato momento onde sua esposa se inclinou, mas, para sua surpresa, lhe deu um beijo longo no rosto, antes de se afastar.
                     
-- Tenha uma boa noite, Clara. -- Sussurrou lentamente. -- E lembre-se: Eu só quero te ver feliz. -- E assim se deitou e se cobriu, se virando para o outro lado sem dizer mais nada.                             

Clarena- Over The RainbowOnde histórias criam vida. Descubra agora