Capítulo 34

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-- Hey... -- Clara disse adentrando a cozinha. Fazia pouco mais de uma semana do ocorrido.
-- Como está?
-- Surpresa por ela ainda não ter me despedido.-- Maria disse. Clara fazia questão de dar seu total apoio a ela. Sabia que a mulher amava sua filha incondicionalmente e a maior prova disso foi ter contado a verdade apenas porque entendeu que Clara queria um relacionamento consistente com sua esposa e esconder coisas poderia afetar isso. Clara também se sentia culpada, por culpa dela Helena fingia não ver Maria ali.
-- Ela não irá fazer isso. -- Tentou confortá-la.
-- Se fizer eu entenderei. -- Disse sincera.
-- Cla... -- A voz vinda jardim fez Clara olhar para Maria como se estivesse se desculpando.-- Ela só precisa de mais um tempo. -- Falou, logo pedindo licença e indo ver o que sua esposa queria.
                           
-- Oi. -- Clara disse sorrindo.
-- Olá, olhos Verdes. -- Helena disse sorrindo, fazendo sua esposa não resistir e se inclinar, tomando os lábios de Helena em um beijo manso. Depois de muito chorar, dias atrás, Helena voltou a agir como se tudo estivesse normal. Isso preocupava Clara, mas pelo menos a garota não estava um caco.
                             
-- Não acredito que vai sair, Lena. -- Clara reclamou entre o beijo assim que viu sua esposa arrumada.
                             
-- Não vou. Só vou ali na biblioteca resolver umas coisas sobre o trabalho.
                             
-- Hoje não. -- Clara disse enquanto tinha seus braços envoltos no pescoço de Helena. Suas bocas praticamente encostadas uma na outra e Helena caminhava lentamente, fazendo Clara caminhar para trás. -- Hoje é domingo, então está proibida de sair de perto de mim. -- Disse se inclinando e sentindo o gosto dos lábios de Helena novamente.
                             
-- É coisa rápida, Cla. -- Disse rindo. Não podia deixar de sorrir diante das reações de Clara. Cada dia mais atenciosa e carinhosa. Não falavam sobre isso, mas era inevitável a troca de carícias e a ação sempre partia de Clara.
                             
-- Não quero saber. -- Clara disse mordendo o lábio inferior de sua esposa. Aquele gosto era mais do que viciante. -- Fica aqui comigo. -- Pediu fazendo cara de cachorro pidão e Helena suspirou.
                             
-- Te chamei para avisar caso você fosse me procurar. Volto em um segundo, prometo. -- Insistiu. Clara assentiu bufando, resignada a isso e deixou um leve beijo no pescoço de Helena, fazendo sua esposa quase desistir de ir para qualquer lugar que fosse longe de seus beijos.
                             
-- Depois promete ir passear a cavalo comigo? -- Clara perguntou e Helena sorriu assentindo. Não tocavam no tema de Maria, Clara preferia dar um tempo à Helena.
                             
-- Prometo, vida. -- Clara quase se desmanchou diante do apelido que ganhara.
                             
-- Ótimo. -- Disse sorrindo, enquanto voltava a ficar na ponta dos pés, colando seus lábios nos de Helena. A língua macia percorria sua boca livremente enquanto sentia Helena agarrar com mais força sua cintura. Sorriu entre o beijo ao saber que Helena provavelmente estava ficando excitada. Ótimo, porque ela também estava.
                             
Clara riu baixinho ao perceber a reação da pele de Helena se arrepiando inteira ao ouvir Clara gemer baixinho entre o beijo. Foi quando Helena aprofundou ainda mais o beijo ao sentir Clara arranhar as unhas de leve em sua nuca, deslizando sua língua deliciosamente pela de Clara, que escutaram um pigarro, fazendo ambas olharem para o local.
                      
Clara quase se engasgou ao ver quem estava ali parado diante delas. Ficou pálida e sem reação ao ver ninguém menos que Théo ao lado de Dinah. Não imaginava que veria o rapaz tão cedo, aliás, não imaginava que voltaria a vê-lo algum dia.
                             
Sentiu suas pernas fraquejarem e se soltou de Helena. O rapaz lhe fitava sério, com olhos magoados. Clara sorria entre o beijo com Helena e isso ele presenciara, não havia sido dito por alguém, ele vira com os próprios olhos.
                             
Enquanto ele havia passado meses de infelicidade, Clara havia compartido a cama com outra pessoa, caído nos gracejos de outro alguém, beijado outros lábios. Ela não poderia negar que estava gostando.
                             
-- Desculpem atrapalhar. -- Dinah disse segurando o riso.
                             
-- Tudo bem, Dinah. -- Helena disse calma, agarrando a mão de sua esposa da maneira que sempre fazia.
                             
-- Esse aqui é Peter Leroy, o novo administrador. -- Dinah disse. Clara piscou lentamente tentando entender o que acabara de ouvir. Ele estava se passando por outra pessoa. Com qual intuito?
                             
-- Muito prazer, Peter. -- Helena disse estendendo a mão livre para o homem, quem trincou o maxilar antes de segurá-la e sorrir falsamente. -- Será um prazer trabalhar com o senhor. Esta é minha esposa. Clara Weinberg Albuquerque. -- Falou e o homem a olhou antes de se aproximar.
                             
-- Com todo o respeito. -- Ele disse à Helena antes de agarrar a mão de sua amada e deixar um beijo na mesma. A pele macia de Clara não havia mudado, o que havia mudado era o jeito que percebeu que Clara queria contrair a mão ao sentir seu toque. -- É um prazer, Senhora. -- Clara estava atordoada. Não sabia o que pensar.
                             
-- Eu... Eu preciso ir. Helena... Eu tenho... lembrei de algo... -- Helena a olhou confusa.
                             
-- Está bem, Cla? -- Helena perguntou acariciando sua mão. Clara prendeu a respiração e assentiu.
                             
-- Sim. Só... Vá resolver suas coisas. Mais tarde nos vemos. -- E ia saindo. Helena segurou levemente seu pulso e se inclinou, tocando seus lábios no rosto de Clara. Havia percebido que sua esposa havia ficado tensa e mesmo sem entender decidiu não forçar a barra.
                             
-- Até mais tarde, então. -- Ela disse, acompanhando com os olhos Clara sair dali visivelmente alterada.
                             
Clara não sabia o que fazer. Não esperava ver Théo. Não esperava que ele fosse ali, com um nome falso. Por que razão faria isso? Talvez não soubesse que Helena havia liberado sua entrada na cidade.
                             
Os olhos azuis do homem lhe fizeram sentir o estômago revirar e o coração acelerar, mas não por algum sentimento bom, senão por medo. E se Helena achasse que ela combinou com ele sobre mentir? E se ela contasse a verdade à Helena e a mesma decidisse que, pela mentira, Théo deveria ser castigado? Não amava o homem, mas não queria o mal para ele. Era um bom homem.
                             
Tampouco queria perder Helena. Nos últimos meses se viu caindo profundamente de amores por sua esposa. A queria, a desejava, era totalmente apaixonada por ela. Havia pedido à Deus para ter algo bom além do arco-íris e o que encontrara era muito mais do que bom. Nenhuma riqueza e nem nada poderia se comparar ao que sentia por Helena.
                             
Era algo puro, sincero, que crescia a cada dia. Mas quem poderia julgá-la? Helena era a mulher mais doce, paciente e compreensiva que conhecia em toda a sua vida. Qualquer pessoa se apaixonaria.
                            
-- E agora? O que faço? -- Sussurrou para si mesma.
                           
Por semanas havia desejado Théo de volta, mas agora só queria que o homem fosse embora para ser feliz longe dali. Tentou, mas não conseguiu decifrar o que o rapaz estava fazendo ali. O que ele pretendia se passando por outra pessoa? Precisava descobrir.

Clarena- Over The RainbowOnde histórias criam vida. Descubra agora