Capítulo 6

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• Alice •

Esse é o pior dia da minha vida.

Nunca paguei um mico tão grande como hoje.

Maria Luiza: Me sinto tão vingada por seu pai ter nos defendido. Sabe, valeu todos esses dias que as nossas vidas foram infernais por causa dele. – Com um sorriso, Maria Luiza balança as pernas. — Espero que Bruno seja expulso e que os pais dele sumam das nossas existências.

A escola inteira parou para ver o meu pai ameaçando o pai do Bruno, o meu inferno pessoal na escola desde que cheguei. E isso não é tudo. Ele intimida todas as garotas que não são "bonitas" ao seu ponto de vista e faz das nossas vidas um inferno. Considerando que ele sempre encontrava uma forma de me atazanar, seja na escola ou fora dela, Bruno não tinha relevância ao ponto de me fazer perder a sanidade... como acontecia com as outras meninas.

É claro que eu amaria se ele fosse expulso, mas... não que o meu pai fosse preso por quase agredir o pai dele ou que todo mundo fosse testemunha disso.

Alice: Eu também – comento, cansada psicologicamente.

Essa manhã foi turbulenta.

Depois que eles entraram na sala da direção, não fiquei sabendo de nada, já que nos mandaram ir para as salas de aula. Respiro fundo, porque eles não estão em nenhum lugar na hora do intervalo.

Será que o assunto já foi resolvido?

Maria Luiza: Amiga, desculpa, mas o seu pai é muito lindo – murmura Maria Luiza chupando um pirulito na hora do nosso intervalo.

Com o meu caderno de desenhos na minha mão, encaro o papel branco sem pauta. Tive a sensação de que o meu pai seria preso depois daquele atrito.

Alice: É lindo, mas tem péssimo gosto para mulheres... não se controla e... – Suspiro, sem energia para mais nada. — E vive querendo resolver tudo com os punhos. Eu nunca sei o que fazer com ele.

Maria Luiza bufa como se eu estivesse falando alguma estupidez.

Maria Luiza: Deve ser muito bom ter ele como pai. – Suspira, sonhadora e eu desvio o meu olhar para encará-la. — Ele é alto, tatuado e eu nem comecei a falar do quanto é lindo e jovem. Todo mundo deve estar morrendo de inveja de você por ser filha de um homem tão...

Alice: Descontrolado?! – questiono. Parece que Maria Luiza surtou. — Amiga, ele vive brigando com as pessoas. O seu mau humor é terrível, o que afasta muita gente dele e... – Suspiro mais uma vez. — Sempre está sozinho.

Seria ótimo que ele tivesse alguém...

Que o seu foco saísse um pouco de mim.

Ou que essa pessoa pudesse amá-lo de um jeito que, assim como a Bela domou a Fera, pudesse fazer o mesmo com o meu pai. Não tenho nenhum registro mental de vê-lo se envolvendo com uma mulher que o visse como um ser humano e, não, apenas como um corpo bonito. Meu pai é uma pessoa incrível e eu queria que ele deixasse mais gente ver o seu lado brilhante.

Somos só nós três: eu, ele e o meu avô.

Isso, é claro, quando o avô Sérgio não se irrita com ele e sai de casa por dias, porque o meu pai sempre encontra uma forma de afastar as pessoas. Sempre.

E divide a sua vida entre o seu trabalho bilionário, a minha vida e as mulheres fúteis que eu vejo em matérias ao lado dele. Um horror.

Mas, considerando que elas nunca ficam depois das matérias... ele fica sozinho.

Maria Luiza: Queria eu ter um pai para me defender desse jeito. – Os seus traços mais divertidos se exauriram para dar lugar a uma expressão muito triste. — Você sabia que os meus pais morreram quando eu tinha seis anos? – Suspira, desviando o olhar para longe de mim. — Eu só sei como eles eram por causa das fotos.

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