Um acordo imprevisível

Capítulo 21

• Maiara •

Lúcia: Minha sobrinha, quando vai nos levar para conhecer as proprieda...

Estou tão cansada.

Eles só olham para o meu rosto e conversam comigo sobre coisas que estão relacionadas às propriedades da família. A cada dia fica mais óbvio que o interesse deles nunca foi e nunca será nas sobrinhas.

Maiara: Considerando que eu sou uma pessoa ocupada? Talvez demore – respondo e tomo um último gole de café.

Já preparada para levantar, deixo a xícara de lado e me levanto.

Lúcia: Vamos embora hoje, querida – diz tia Lúcia e o sorriso que se imprime nos meus lábios é automático. — Eu sei que vai sentir muito a nossa falta, já que essa casa sempre está vazia, mas, você sabe, o seu tio precisa voltar aos negócios e eu não posso ficar por mais tempo...

Por dentro, estou pulando de alegria, embora eu tenha que exibir algo completamente diferente por fora.

Maiara: É uma pena – minto e sacudo a minha cabeça com um falso pesar.

Lúcia: Sim, é. – Ela fica em pé e rodeia a mesa. Para ao meu lado e coloca a mão no meu ombro. — Sabe, eu fiz todo o possível para que pudéssemos ficar mais tempo com vocês duas, minhas sobrinhas queridas, mas... – Suspira como se ela estivesse sendo séria sobre isso. — Nem tivemos tempo de nos conhecer mais ou de fazer programas juntas e...

Quando ela funga, eu arregalo os olhos e forço um sorriso.

Maiara: Não se preocupe, tia. Com certeza levarei Maria Luiza para fazer uma visita.

Ela acena e eu acho que uma lágrima está escorrendo por seu rosto.

Os passos apressados de sapatos batendo contra o chão atraem a minha atenção. Malu aparece arrumada para irmos para a escola, com o celular na mão.

Maiara: Malu, a tia Lúcia vai embora hoje – digo, tentando mascarar o meu sorriso.

Só acho estranha a forma que ela levanta a cabeça e arregala os olhos.

Maria Luiza: Co-mo... como assim ela já vai embora? – questiona em choque.

Tia Lúcia se aproxima dela a passos rápidos e eu cruzo os meus braços na frente do corpo. Como assim Malu está achando um absurdo que ela vá embora? Essa menina ficou louca?

Lúcia: Ah, minha filha! Só Deus sabe o quanto eu queria ficar – diz ela em resposta e eu fecho os olhos. — Mas eu preciso ir... você sabe como é... tem o seu tio, os negócios, a minha casa, os seus primos...

A minha irmã a encara por um tempo e eu não faço ideia do que isso significa.

Maria Luiza se aproximou dela em que momento que eu não vi? Até onde tenho percebido, ela manteve uma distância significativa na maior parte do tempo. Inclusive, desde que os carros chegaram no sábado, ela não sai mais da garagem. Passou o domingo inteiro com Alice, tirando uma série de fotos para atualizar o seu instagram.

Maria Luiza: Tudo bem, tia... eu só estou surpresa – diz ela, já desviando o olhar para mim.

A sua expressão murchou em uma rapidez que me causa confusão.

Ainda confusa, pego a minha bolsa, a chave de um dos carros no balcão e caminho para a porta.

Maiara: Bom, tia, foi um prazer tê-la em casa... é uma pena que eu não possa ficar para vê-la partir, mas...