Capítulo 37

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• Fernando •

Douglas: Ele não vai para lugar algum sem que eu saiba, Fernando – diz Douglas, um amigo do passado. — Acaba de entrar em um táxi e o caminho é o aeroporto.

Na adolescência e início da fase adulta eu estava com más companhias.

Não eram boas pessoas, assim como eu. Mas não foram eles os denominadores que me levaram para o lado obscuro da vida. Nos aproximamos, na época, por identificação, já que as nossas dores eram muito parecidas.

Douglas é o líder dos caras mais assustadores da vizinhança. Quando estávamos juntos, na mesma idade, ele já era assustador e tocava o terror em muitos lugares da cidade. Agora, depois de anos, ele se transformou em uma pessoa que é temida até pelos próprios bandidos.

Fernando: Me avise quando ele embarcar – digo.

Douglas: Sem dúvidas.

Sem mais, encerramos a ligação.

Só em pensar que eu quase tenho um infarto nessa manhã por acreditar que esse maldito poderia estar se aproximando para fazer alguma besteira para ela, já sinto que posso perder a minha completa capacidade de respirar e existir. Aperto as minhas mãos no volante, a cada segundo em que preciso acelerar para a minha empresa.

A minha vontade é só a de ficar com ela e não sair de perto por nada.

Odiei o mínimo pensamento de que ele estivesse perto dela. Quem dirá abrindo a boca para proferir qualquer merda que pode sair do seu intelecto desprezível.

Se ela não tivesse me segurado, muito provavelmente ele estaria morto ou internado a essa hora. A raiva ainda pulsa nas minhas veias, mesmo que nessa manhã eu estivesse preparado para fazer uma surpresa para Maiara.

Desde que saí da sua casa, nessa manhã, eu não sabia o que fazer.

Ela disse que não sabia se poderia confiar em mim e isso me mataria muito lentamente se fosse concretizado, mas não estou preparado para desistir. A minha cabeça dura não parou de criar situações sobre o que eu deveria fazer até que eu me dei conta de algo.

Sou um empresário.

Compro novos negócios quase todos os dias e os remodelo da melhor forma no mercado e isso me tornou um dos homens mais ricos de toda São Paulo. A minha vida é baseada em fazer contratos e os autenticar na justiça para que tenham validade legal.

Se eu digo para ela que eu não vou embora, eu tenho certeza de que nunca vou quebrar a minha palavra. Não vou deixar nem a ela, nem a nossa filha, nunca mais. É a minha promessa.

Foi quando pensei: por que não tornar a minha palavra juridicamente legal? Se ela não acredita ainda no que eu estou falando, então eu deveria ao menos fazê-la se sentir o mínimo segura, afinal elas são minhas responsabilidades para sempre, assim como o meu pai e a Alice.

O contrato que a entreguei hoje, tinha a minha palavra por escrito de que eu não vou embora e que nunca vou abandoná-la. Se ela não acreditar em mim, será a mesma coisa que perder tudo o que eu tenho, afinal, ela é parte do meu tudo agora.

Não posso repetir o erro do meu pai.

Não posso aceitar viver uma vida deprimente sem quem eu amo mais uma vez.

Engulo em seco enquanto, nervoso, sigo o meu caminho de volta para a empresa. Queria ter ficado presente para vê-la abrir o envelope e ler todo o conteúdo dele, mas preferi manter distância para que ela não se sinta pressionada a fazer algo que não queira.

Um acordo imprevisível Onde histórias criam vida. Descubra agora