Capítulo 36

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• Maiara •

Precisei sair de casa hoje. Ou acho que ficaria louca.

Hoje, abri a loja junto com Roze, porque ainda não faço ideia do que fazer.

Para onde quer que eu me vire dentro da minha casa, há algo para que eu pense sobre Fernando, suas mãos enormes tocando o meu corpo e me enlouquecendo com aquela voz rouca próxima ao meu ouvido.

E isso sem contar, é claro, com a versão vulnerável que ele me mostrou nessa manhã. Eu já imaginava que ele não se dava bem com a mãe da Alice. Só não passava pela minha cabeça que ela tinha só abandonado completamente a filha e, ao mesmo tempo, que Fernando sofreu do mesmo mal com a própria mãe.

É muito pesado.

Não consigo nem imaginar como teria sido a minha vida sem a minha mãe ou sem o meu pai. Eles foram imprescindíveis para tudo relacionado a mim. Se perdê-los já foi uma quase morte, viver sem um deles seria como estar com um oco contínuo.

Roze: E o que você disse para ele? – questiona Roze com o seu olhar focado em mim. Ela não parece nem um pouco determinada a tirar seu olhar de mim. — Ainda estou zonza com a notícia de que vocês transaram. Pelo amor de Deus, Maiara!

Respiro fundo.

Maiara: Eu disse que não sabia que iria conseguir perdoá-lo – digo, dando de ombros.

Ela sorri e sacode a cabeça.

Roze: Você arrasa com a sua dignidade e, ao mesmo tempo, com a minha – diz sacudindo a cabeça. — Já transou com ele, mulher. Como é que você diz, depois de sentar naquele homem delicioso, que não sabe se vai confiar nele?

Dou de ombros, sem pensar muito sobre tudo isso.

Maiara: Eu só sei que foi isso que aconteceu, mas eu me sinto tocada por ele ter se aberto, sabe? E... – Suspiro, deixando as mãos soltas ao lado do corpo. — Queria que fosse mais fácil.

Ela sacode a cabeça.

Roze: Conheço você há anos. Se um homem não está disposto a fazer tudo para reconquistar você, então é melhor que não dê nenhuma chance para ele.

A forma como ela diz isso é tão... superficial.

Mas, escutá-la falar sobre "não dar uma chance para ele" me deixou com uma sensação ruim. É como se ele não fosse alguém relevante.

A realidade é que as palavras dele me deixaram balançada.

Ele foi sincero, eu senti com cada pedaço de mim, mas ainda assim é tudo tão... complicado. Fernando é intenso de tantas formas que eu não sei também o que fazer ou como agir. Quero viver bem e estar em uma boa situação com ele, mas, por que tudo tem que acontecer desse jeito? Se nada der certo entre nós dois, precisamos achar um meio termo para que possamos ser bons pais.

Claro que não vou deixá-lo longe da nossa filha.

Claro que não vou impedi-lo de vê-la ou de participar do seu crescimento.

Mas é diferente se estamos falando sobre um relacionamento entre nós dois.

Respiro fundo e desvio o olhar para a porta, quando o sino de que alguém acaba de entrar soa acima da porta. Rodeio o balcão e sento atrás do caixa, enquanto Roze se afasta.

Roze: O que deseja? – questiona Roze e quando viro para ver quem é, arregalo os olhos ao me deparar com um Luiz vestido de preto dos pés à cabeça.

Os arrepios se espalharam pelo meu corpo inteiro, inclusive, a minha espinha.

Maiara: O que isso significa? – questiono e o seu olhar cai sobre mim.

Um acordo imprevisível Onde histórias criam vida. Descubra agora