Capítulo 16

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• Alice •

Maria Luiza: Depois do jantar de ontem, eu acho muito difícil que a tia fique por mais tempo na nossa casa – diz Malu cabisbaixa. — Depois de tanto trabalho que tivemos, parece que não vai adiantar de nada.

Suspiro, discordando severamente da minha amiga.

O que eu vi foi diferente.

O meu pai, quando viu Maiara sair de casa, arregalou os olhos e liberou uma respiração calma pela boca, como se precisasse de um tempo para voltar para o chão.

Ele estava impactado de uma forma que eu nunca o vi.

Isso sem contar com a forma distraída que ele estava enquanto a conversa se desenrolava à mesa. Eu acho que esse é o caminho certo.

Alice: A gente precisa insistir mais – digo, cerrando os olhos.

Solto um suspiro nervoso ao pegar o meu lanche de hoje. Uma caixinha de suco de limão, um salgado e ketchup. Malu, ao meu lado, faz o mesmo.

Maria Luiza: Como? – questiona ela, enquanto caminhamos para uma mesa livre. — A quantidade de mentiras que inventamos foi o bastante para fazer eles concordarem com o namoro, mas não será o suficiente para fazer a minha tia ficar em casa e que eles fiquem juntos.

Ela tem razão.

E o que me deixa esperançosa de que isso pode dar muito certo antes de acabar é que o meu pai está agindo completamente diferente de como ele é geralmente.

Em primeiro lugar, ele não fica calado e, muito menos, sentado em um lugar que estão o destratando, mas ele ficou.

Em segundo lugar, ele nunca dorme fora de casa, e ele dormiu.

Em terceiro lugar e o mais importante: o meu pai não sorri com frequência. Ele não exibe mais que um sorriso em um dia. E a real? Eu vi o meu pai rindo sozinho na nossa cozinha essa madrugada.

Não existe nada que me faça desistir desse plano agora.

Alice: A gente vai precisar inventar alguma coisa para manter eles juntos, então – digo, pensativa.

Malu morde a batata.

Maria Luiza: O meu baú de ideias morreu depois que eu inventei que eles querem dar um golpe na gente – diz ela e, logo, desvia o olhar do meu rosto.

Sorrio.

Ela é maquiavélica.

O que escutamos, na verdade, foi os dois combinando de pedir para ficarem na casa do pai da Maiara e, não, com uma teoria de que eles querem arrancar tudo o que elas têm.

Bufo, com um sorriso, porque até o meu avô acreditou no que a gente inventou.

Alice: Amiga, vamos pensar no mesmo motivo que os deixou sumirem juntos durante uma noite inteira – digo. Ela não pode perder a vontade de continuar no que começamos com tanta intensidade. — Eles estavam juntos, Malu... a noite inteira!

Suspira e acena, mordendo mais uma batata.

Maria Luiza: Sim, eles dormiram juntos, mas a minha irmã está tão envergonhada que não consegue olhar na cara dele. – Ela suspira, então. — E é muito difícil ver Maiara envergonhada com alguém, tá?

Sorrio em concordância.

Alice: Ela não tem cara de alguém que fique com vergonha mesmo.

Malu saca o celular e desliza o dedo na tela, enquanto eu tento ver como vou contribuir para mais dessa história. É impressionante como até ontem eu estava certa do que eu precisava fazer depois que percebemos que eles sumiram juntos... e que a última vez que o vimos... eles estavam juntos.

Um acordo imprevisível Onde histórias criam vida. Descubra agora