Capítulo 11

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• Fernando •

As mulheres sempre vieram até mim com facilidade.

Eu nunca precisei cercar nenhuma delas para que percebessem que estou aqui e que posso ser interessante para ser escolhido. E nunca foi segredo para nenhuma das minhas amantes que eu não quero ter nenhum relacionamento sério ou duradouro.

O principal motivo é que eu sou pai.

E eu não posso introduzir na minha vida uma pessoa que não encare essa união como algo que não vai acabar depois de uma briga ridícula. Não me apetece a ideia de que a minha filha vai sofrer pela falta de alguém que foi muito importante para ela e que foi embora em seguida sem dar nenhuma explicação.

Eu sei o que é essa dor.

Entendo como é viver com ela massacrando no peito com uma ferocidade fora do normal. E é desse perigo que eu quero isentá-la.

Carla: Por que você está fazendo isso com a gente, Fernando? – questiona Carla pela milésima vez seguida. Ela funga com o rosto cheio de lágrimas grossas. — Eu já disse para você que estou sendo séria sobre você. Que eu... que eu entendo que você é pai e que eu posso ser uma mãe para a sua filha e...

Fernando: Eu não quero que você seja uma mãe para a minha filha – murmuro, tentando engolir o ódio por ela ter inserido Alice no meio desse seu show. — E eu fui claro que não queria ter nada com você além de sexo. Repetimos, gozamos e foi uma delícia, mas acabou. – Não quero ter que desviar o meu olhar para o rosto dela, porque parece que ela é o tipo de pessoa que se agarra como uma louca a essas merdas. — Eu não tenho nenhuma intenção de repetir esse erro.

Carla se encosta na cadeira e baixa a cabeça mais uma vez, deixando um suspiro escapar dos seus lábios em seguida.

Carla: Mas repetiu comigo – sussurra e ela não sabe o quanto eu me arrependo de ter feito isso. — E talvez você não veja, mas... talvez você esteja gostando de mim.

Bufo, porque isso só pode ser a merda de uma brincadeira.

Está vendo? É esse tipo de merda que eu quero evitar, quando instauro a fodida regra de não repetir a foda. Elas, sem exceção nenhuma, sempre encontram uma forma de se agarrar à mim.

O quão escroto um homem precisa ser para deixar claro que não tem interesse na merda de um relacionamento?

Eu não quero me relacionar com ninguém.

Arrasto a minha cadeira para mais perto da minha mesa e me inclino sobre ela.

Os meus olhos estão tão perto dos dela que eu podia sentir com facilidade que ela tinha a sua atenção pautada sobre mim.

Fernando: A única coisa que eu gostava em você era o sexo – murmuro sem espaço para nenhuma graça. — E se estou dizendo agora que não quero mais nada com você, eu realmente quero dizer isso. Siga em frente com outro cara que deseja o mesmo que você e saia do meu escritório.

Quando ela pisca os olhos, mais lágrimas escorrem pelo seu rosto.

Carla é uma mulher linda, sensual e que qualquer cara porta à fora desse escritório se sentiria mais do que sortudo em tê-la como mulher, mas eu não sou essa pessoa. Nunca fui e nunca serei.

Carla: P-por que você é tão cruel? – gagueja, fechando os olhos.

O seu choro intensifica e eu, mesmo sabendo que deveria ao menos abraçá-la para tentar fazê-la se sentir melhor, não consigo romper a barreira rude latente em mim.

Um acordo imprevisível Onde histórias criam vida. Descubra agora