Capítulo 32

360 58 19
                                    

• Maiara •

Eu não imaginava que iria me divertir tanto em uma despedida de solteira.

Contente que Roze me levou para uma festa tão divertida, estico minhas pernas no sofá e me espreguiço, relaxada.

Maria Luiza: Parece que a noite foi boa – comenta Malu, tentando me arrancar qualquer informação, mas eu já me recusei a dizer qualquer coisa para ela.

Poderia ter dito que não aconteceu nada demais, que passei o tempo inteiro sentada em uma cadeira, observando os gogoboys dançando entre a mulherada, enquanto fiquei distante, alisando a minha barriga e conversando com a minha bebê em pensamento.

Mas é muito divertido ver como ela me persegue em busca de uma informação mínima que seja.

Maiara: Me diverti muito – afirmo, o que não é uma mentira.

Ela cerra os olhos, mantendo a sua atenção sobre cada movimento meu. Para fugir da pressão desse seu olhar, fecho os olhos e tento não rir.

Maria Luiza: Odiei que Gustavo está aqui..., mas estou surpresa com a beleza e a evolução que ele mostrou, quando chegou.

Sorrio, concordando com cada palavra.

Nada do que vem da nossa família é bom e eu tenho plena consciência disso. Quando ele chegou, hoje mais cedo, e pediu para ficar aqui esses dias em que está resolvendo umas pendências da sua empresa, não tínhamos como dizer "não, você não pode". Em primeiro lugar, ele afirmou que nem ficaria muito tempo em casa, que passaria o dia inteiro em um congresso externo e que só voltaria para dormir. Em segundo lugar, que ele está diferente e enquanto estava olhando para a nossa cara, ficamos tão embasbacadas com a sua nova beleza que não conseguimos fazer nada além de acenar, enquanto ele dizia seus planos.

A última lembrança que eu tive dele até agora é de um cara que aceitava tudo o que a mãe o mandava fazer, seja no trabalho ou em casa. Além de não se cuidar nem um pouco, ele era alguém que ninguém pararia para olhar mais de duas vezes, sabe?

O cara que eu vi hoje na minha frente, vestido com terno, gravata, calça e sapatos sociais é elegante. A expressão séria de um homem autoritário me fez suspirar.

Juro que não estava pensando bem, mas eu vi as veias das suas mãos.

Nossa, ele estava se dedicando na academia.

A minha percepção foi automática e os meus hormônios de grávida não me deixam ser racional. Abafo o meu sorriso com uma mão contra os meus lábios.

Maiara: Isso só mostra que as pessoas mudam – comento e ela bufa. Agarra um dos meus pés e começa a massageá-lo. — Não me faça cócegas – digo em alerta. — Eu li esses dias que quando a gente ri grávida o bebê sente como um terremoto na barriga.

Ela exibe uma careta, mas ela logo se dissolve.

Maria Luiza: É mesmo? – O seu aperto em torno do meu pé aumenta e ela mantém o seu olhar sobre o meu como se estivesse com a intenção de fazer alguma coisa que eu não vou gostar em nada. — Me conte o que aconteceu na despedida de solteira ontem e eu juro que não vou fazer a Celine viver um terremoto.

Sacudo a sua mão e tento sentar no sofá, mas ela não solta o seu agarre.

Maiara: Pare, Malu. Isso não tem graça – alerto, mesmo com o sorriso de menina que está prestes a fazer algo que vai contra o que estou dizendo.

Ela gargalha diante o meu desespero e eu puxo a minha perna.

A minha salvação, entretanto, não chega por meio da compreensão da minha irmã. Claro que não. É esperar demais de um ser tão caótico. A campainha toca um segundo depois da sua gargalhada e é isso que a faz me soltar para ficar em pé.

Um acordo imprevisível Onde histórias criam vida. Descubra agora