Capítulo 42

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Quatro anos depois...

• Maiara •

Alice: Tudo o que eu faço o senhor reclama, pai – diz Alice ao entrar em casa, com Fernando logo atrás.

Com uma expressão de poucos amigos, ele marcha o seu caminho para dentro de casa a passos largos. Em silêncio, passa por todo mundo e vai para a cozinha. Inclino-me para o lado e consigo vê-lo abrir a geladeira para pegar um copo com água.

Surpresa, vejo Alice exibir um sorriso e, logo, rodopia na minha frente.

Maiara: Está linda! – elogio com sinceridade.

Mudou a cor do cabelo e eu tenho certeza de que esse não é o motivo da cara emburrada do pai dela.

Alice: Celine! – chama a irmã, que está rabiscando algo no chão com o seu macacão do Stitch, do desenho Lilo e Stitch. Inclusive, o passatempo preferido da Alice agora é comprar esses macacões de desenhos animados para a sua irmã. — Venha aqui me ver de cabelo novo!

A minha pequena já está bem grandinha e é fã de todas as loucuras que Alice e Malu fazem com ela. Os macacões temáticos de desenhos são os seus vícios. É um trabalho enorme colocar um uniforme nessa criança para ir à escola, porque ela quer ficar o tempo inteiro os usando. Não importa se é para ficar em casa ou se é para sair. Ela só quer vesti-los. 

Fernando: Você não vai acreditar – diz Fernando, voltando para a sala com um copo na mão.

Dividida entre ver Celine sendo erguida por Alice e o Fernando estar muito irritado na minha frente, escolho respirar fundo, porque sinto que essa reação não é por nada.

Maiara: Me conte – digo, já cruzando as minhas pernas.

Fernando: Alice estava abraçando um moleque na porta do cabelereiro, quando cheguei – diz ele ainda parecendo chocado. O seu rosto está chocado. — E ela estava super feliz com esse cara abraçando e beijando o topo da testa dela.

Viro o meu rosto para Alice que dá de ombros sem se importar muito com o drama do pai.

Alice: Ai, pai... o senhor é tão pré-histórico as vezes.

Fernando arregala os olhos e a sua boca cai aberta de um jeito que eu preciso rir.

Fernando: E-eu sou o quê?! – questiona em choque.

Ele tira os óculos que tinha na cabeça e o coloca sobre a mesa, então respira fundo e com o descontrole que é tão natural nele desde sempre, Fernando desliza as mãos no cabelo. Quando para de andar, ele me encara.

Fernando: Desde quando me preocupar com a minha filha é ser pré-histórico? – Bufa e desvia o olhar para a filha. — Ele ainda tem é sorte que eu não saí do carro para estourar os miolos dele.

Alice senta ao meu lado, com Celine sobre o seu colo.

Suspira pesadamente e balança a irmã nos braços sob o olhar irritado do pai.

Alice: Pai, o senhor não deveria falar isso na frente da criança – diz Alice, tapando os ouvidos da irmã.

Celine: É feio, papai... é feio – diz Celine, a menina mais comunicativa dessa casa.

Gargalho ao escutar a voz embolada da minha pequena.

Fernando: Não me interessa, Alice. Quem era aquele menino? – questiona ele com as duas mãos na cintura. — Vocês pareciam se conhecer bem.

A porta de entrada é aberta de repente.

Maria Luiza: Ele é alto, forte e tem o cabelo médio? – É Malu e ela está caminhando para dentro de casa.

O rosto de Fernando vira rapidamente na direção de Malu, enquanto Alice murmura algo que eu não consigo decifrar.

Fernando: Você sabe quem é?

Sérgio: É claro que ela sabe, meu filho. – Sérgio está vindo logo em seguida com duas sacolas do supermercado, junto com a minha irmã, que carrega mais duas. — Elas só vivem juntas por aí.

A minha irmã aos vinte anos, descobriu que ama tudo relacionado à agronomia e, inclusive, para a minha completa surpresa, se tornou vegetariana e faz faculdade de nutrição, porque agora é defensora da boa alimentação se quer ter uma boa saúde.

Maria Luiza: É namorado da Alice – diz Malu de uma vez e eu estou tão chocada que só consigo desviar o olhar de um para o outro.

Fernando: O QUÊ?! – grita Fernando e eu acho que ele vai ter um infarto a qualquer segundo.

Juro que os sustos que Alice dá nele quase todos os dias é o suficiente para provocar um ataque cardíaco repentino do tanto que ele é impactado.

Sérgio: Alice tem dezenove anos, Fernando. Seria estranho se ela não tivesse um – diz Sérgio já passando para a cozinha.

Ele gira o corpo para o pai e suspira, como se essa fosse uma guerra quase perdida. E a verdade é que ela é.

Fernando: Pai, não apoie. Ela não tem idade para...

Alice logo fica em pé com Celine nos braços e se aproxima do pai com um largo sorriso. Para na frente dele e entrega a irmã para o pai segurar.

Alice: Eu já estou grande, pai. Cuide da Celine agora – diz ela e, logo, se afasta para o quarto. — O nome dele é Lucas e estamos namorando há dois meses.

Os olhos dele estão tão arregalados que, por um segundo, acho que vão saltar para fora dos globos oculares. Gargalho, sem conseguir me controlar.

Fernando: Um pai não para de cuidar de um filho, dona Alice. Trate de colocar esse maldito para longe de você ou eu vou matá-lo com as minhas próprias mãos e...

A porta sendo fechada é a sua resposta. —

Sérgio: Deixa a menina namorar em paz, Fernando!

Sérgio sempre sai em defesa das meninas sobre qualquer coisa que elas fazem. Não estou nem um pouco surpresa que está saindo agora nessa questão com Fernando.

Ele caminha na minha direção e senta ao meu lado no sofá.

Fernando: Amor, o que está acontecendo com a Alice? – questiona em um sussurro. — Nunca pensei que ela fosse...

Maiara: É normal, amor. Coisas da idade.

Ele suspira de olhos fechados.

Celine: Namorado, papai – diz Celine e ele abre os olhos instantaneamente.

Fernando: Nada de namorado. – Ele sacode a cabeça enfaticamente. — Repita: eu nunca vou namorar.

Celine o encara e sacode a cabeça, antes de se jogar para trás.

Sérgio: Você ainda vai ter muitos choques com Celine – diz Sérgio e eu gargalho, observando a careta que Fernando exibe.

Meu Deus.

Nunca imaginei que me envolver com um mal humorado como ele fosse tornar a minha vida tão divertida e gostosa. Os nossos momentos sozinhos sempre são tão gostosos quanto a vida em família. Eu não poderia ser mais feliz por ter feito a escolha de assinar aquele contrato e de ter comprado aquele anel.

Depois daquele dia, a minha vida nunca mais foi a mesma.

Mas isso só é possível, porque ele é o meu para sempre perfeito.

O homem da minha vida e companheiro de caos.

FIM

Um acordo imprevisível Onde histórias criam vida. Descubra agora