Capítulo 9

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• Maiara •

Sou feita de idiota pelas pessoas com uma facilidade extraordinária.

Um dia declaramos amor eterno um para o outro, juramos casar, ter mil filhos daqui dois anos e enfeitamos o nosso futuro com rosas, flores e diamantes. No dia seguinte, descubro que todas as propriedades que estavam no meu nome foram vendidas sem o meu maldito conhecimento e que eu perdi todo o meu dinheiro que estava no banco.

A realidade? Eu sou uma idiota que foi incapaz de cuidar dos próprios negócios.

Deixei-me levar pelo rosto bonito e pela lábia confiante de um homem que jurava me amar. Entreguei nas mãos do homem que seria meu marido o controle de tudo que é meu e a autorização para que movimente as minhas contas.

Resultado? Fui iludida por um ladrão maldito que vendeu tudo e sugou todo o dinheiro da minha conta bancária sem que eu tivesse nenhum conhecimento. Se não fosse por causa de uma compra simples no débito que foi recusada, eu estaria iludida até agora.

Porque ladrão tem a maior capacidade do mundo de convencer.

Ele olhava nos meus olhos, dizia com todas as letras tudo o que eu queria ouvir e eu acreditava que ele estava certo.

Eu queria acreditar.

Mas, não daquela vez. Não com as coisas que eram do meu pai.

Com o dinheiro que ele conquistou com muitos anos de dedicação. Foi o meu toque de acordar e eu nunca mais vou deixar que isso volte a acontecer.

Maiara: Vou subir – informo para o porteiro que não tenta me impedir.

Ele e todo o resto do prédio já devem saber quem eu sou, quem é Luiz e o porquê saí daqui. Como Luiz é um ladrão sem vergonha, é óbvio que não se mudou de casa. Está aqui, sendo visto todos os dias pelos vizinhos que, eu tenho certeza, viram a nossa briga homérica.

Não começo a brigar se eu não estiver certa de que tenho razão.

E nesse caso, eu tinha muita.

As portas do elevador abrem e uma das senhoras do andar em que eu morava com ele estava ali. Que bonito para a minha cara estar de volta. Ela deve pensar que eu perdi totalmente as estribeiras e que vou voltar para ele.

Mas nunca que eu ficaria com esse idiota novamente.

Sabe, eu tenho amor próprio, mesmo tendo dado tanta importância para ele por um longo tempo.

XX: Como você está, jovem? – questiona a senhora e eu exibo um sorriso para ela.

Maiara: Ótima – respondo, o que não é de um todo mentira. Estaria melhor se eu tivesse tudo o que me roubou. — Mas vou ficar ainda melhor quando terminar de estrangular um certo babaca.

A senhora ri, mas eu não me importo mais.

As portas do elevador abrem no meu andar e eu saio dali a grandes passos. Paro em frente a porta dele e toco a campainha. Claro que não fico na frente do olho mágico. Se ele me ver, é óbvio que não irá abrir.

Aperto a campainha várias vezes seguidas, porque se ele estiver dormindo, vai acordar agora.

Esse folgado de merda!

Luiz: Quem é?! – grita do outro lado, mas eu continuo apertando até que ele abre a porta e eu agarro a maçaneta, assim ele não terá nenhuma vantagem em fechar a porta de repente. — Está louca?

Eu fiquei louca?

Maiara: Sim, estou louca! – grito o mais alto que consigo, vendo-o fechar os olhos. — Você roubou todas as minhas economias e as propriedades que o meu pai deixou para mim! É óbvio que estou louca! E vou ficar ainda mais se não devolver tudo!

Um acordo imprevisível Onde histórias criam vida. Descubra agora