Destino final

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Se alguém tivesse dito para Rosamaria que ela ia ter que aprender a aplicar injeções, ela teria rido na cara da pessoa.

Porém, lá estava ela pelo sétimo dia consecutivo passando um algodão embebido em álcool na barriga de Caroline para higienizar sua pele. Na outra mão, ela estava segurando a injeção que buscava fazer a estimulação ovariana - de acordo com sua médica. Aquele era o último dia que ela ia ter que espetar a pele de sua esposa com uma micro agulha porque Caroline ia viajar mais tarde naquele mesmo dia para o Brasil e Rosamaria ia pegar um avião que ia levá-la para o lado contrário para uma competição que iria ocupá-la pelos próximos dias.

- Acho que tá começando a pegar o jeito, - Gattaz brincou quando sentiu Rosamaria segurando com dois dedos uma parte da sua barriga para ficar mais fácil inserir a agulha na sua pele.

Rosamaria bufou, mas não respondeu até ter terminado no trabalho. Ela morria de medo de machucar Caroline de alguma forma porque ela não tinha nenhuma formação além de uma aula de dois minutos com a enfermeira que aplicou a primeira medicação na sua esposa. A barriga de Caroline estava com algumas pequenas marcas roxas de onde as agulhas já haviam furado sua pele, mas ela nunca reclamava por ter que passar por aquilo logo depois de acordar todos os dias. Era por pouco tempo, ela argumentava, só dez dias e ia valer a pena depois.

- Ficou doendo? - A oposta perguntou, passando o dedão onde ela havia acabado de espetar sua barriga.

- Não, - Carol respondeu, olhando para baixo antes de abaixar sua camiseta e sorrir. - Esses meninos vão ter que sair lindos demais, olha o trabalhão que tá dando, - ela riu.

Rosamaria lançou um olhar meio que concordando enquanto se virava para juntar tudo. As últimas três doses da medicação foram guardadas dentro de uma caixa de metal e ela já aproveitou para colocar os lenços de higienização junto. Caroline ia ter que achar alguém para aplicar as injeções dela no Brasil, mas ela ia pelo menos ter certeza que estava tudo pronto para aquilo acontecer. Ela limpou o balcão da pia do banheiro, jogou fora os algodões que havia usado, e então lavou a mão com o sabão líquido que ficava ali por cima. A caminho do quarto, Caroline fez uma pausa para beijar sua cabeça, colocando uma mão na sua cintura.

- Já arrumou as malas, meu bem?

- Já sim, - a ex-jogadora respondeu do quarto. - nem sabe quem falou que vai me buscar no aeroporto.

Rosamaria desligou a luz do banheiro e entrou no quarto, deixando a caixinha com a medicação em cima da cama para que Caroline pudesse guardar depois em um lugar que ela fosse saber onde estava. - Considerando que tu vai desembarcar no Rio, não temos tantas opções assim, - ela brincou e sorriu quando viu sua esposa se jogando em cima da cama para ficar olhando para o teto.

Rosamaria ainda não tinha terminado de guardar todas as suas coisas na mala de viagem, então ela aproveitou para começar a juntar seus uniformes e tênis para arrumar em uma mochila e na mala também. Depois do fiasco do passaporte perdido, ela estava sempre prevenida. Caroline a observou por alguns segundos, antes de olhar para cima de novo e suspirou.

- A Naiane.

- Hm, eu devia ter apostado, ia ganhar, - Rosa respondeu com um pequeno sorriso.

Gattaz riu e virou na cama, ficando de lado com uma mão apoiando a cabeça e trazendo as pernas para cima. - Será que ela topa me furar?

- Eu sempre tive a impressão que a Naiane seria tatuadora se não fosse atleta, - a oposta comentou. - Acho que ela vai adorar o serviço.

Caroline riu de novo e esticou o braço para pegar uma joelheira que sua esposa colocou na cama. - Eu tô animada pra ir passar essa semana por lá. Eu vou ficar de visita na casa da Naiane e vou abusar mesmo.

Drops of JupiterWhere stories live. Discover now