- Cê não tá muito grandinha pra andar nos ombros da sua tia, mocinha? - Enquanto falava, Gabriela já foi esticando o braço na direção de Alice para fazer cócegas na barriga da menina, que, alegre como sempre, estava sentada nos ombros de Gattaz. A mulher, inclusive, estava com as mãos segurando os tornozelos da afilhada para garantir que ela não iria cair caso perdesse o equilíbrio, mas ela teve que se abaixar um pouco para permitir que Gabriela, mais baixa que ela, conseguisse brincar com Alice.
- Oi, Carol, - Sheilla, que vinha logo atrás de Gabriela segurando uma jaqueta nas mãos, cumprimentou a ex-jogadora com um sorriso e um aceno, sorrindo enquanto observava sua companheira interagindo com a criança. Alice era mais nova que as gêmeas, por muito pouco, e ela não havia crescido tanto quanto Liz e Ninna, mas ainda assim chegava ser cômico ver Gattaz, que já era muito alta, carregando uma criança daquele tamanho nos ombros.
- Opa, família Castro-Guimarães, - Gattaz brincou e, quando percebeu que Alice havia se soltado com Gabriela, ajudou a afilhada a descer para poder correr pela arquibancada.
O ginásio ainda estava praticamente vazio e ela não se preocupou em deixar Alice sair de perto dela por um momento. Até porque Alice havia crescido naquele ginásio. Era o ginásio do Minas, afinal, local onde havia sido a casa de Gattaz por muitos anos e que, por consequência, havia sido um ambiente muito frequentado pelos sobrinhos. Alice não havia adquirido o gosto pelo esporte como Gattaz, mas ela sempre comparecia aos jogos quando a tia Rosa ia jogar ali. Hoje, em especial, Gattaz também estava por ali, o que a deixou ainda mais entusiasmada a ir.
O jogo entre Sesc e Minas marcava uma das últimas disputas do campeonato daquele ano, e a última que Rosamaria iria participar. Gattaz havia prometido que estaria no último jogo de Rosa independente de onde fosse, mas ela foi agradavelmente surpreendida quando sua esposa disse que o destino era Belo Horizonte e que, de quebra, Gattaz ia conseguir ver sua família e matar a saudade do clube.
A resposta de Sheilla para a sua brincadeira tirou Gattaz de seus pensamentos. - A gente nunca mudou o nome e, se tivesse mudado, seria Guimarães-Castro, - a melhor oposta do mundo argumentou depressa.
Gabriela, que estava virada meio de lado para conseguir segurar a mão de Alice, claramente sem se ofender com o que havia sido dito, falou: - Mas todo mundo só chama a gente de Sheilla do vôlei e Gabi do vôlei. Nosso sobrenome devia ser esse.
Caroline riu alto. - Gostei, - ela declarou, mas nem teve tempo de falar mais alguma coisa porque Alice conseguiu, por fim, arrastar Gabi para longe. Gattaz sabia que, muito em breve, Gabriela ia precisar se juntar com as demais jogadoras no vestiário para se trocar, mas, por hora, ela seguiu a afilhada de Gattaz para a quadra para uma brincadeira de pega-pega. - Cadê as meninas?
- Com o pai essa semana, - Sheilla respondeu com um suspiro. - Mas elas já estão chegando na idade de não quererem mais ficar viajando uma vez por mês. Ainda bem que a Gabriela fala com elas sobre isso, porque eu elas já não escutam mais. Vai se preparando, tá? Depois de um tempo, tudo que a mãe fala entra por um ouvido e sai pelo outro.
- Ainda bem que a gente tem um monte de tia pronta pra puxar a orelha igual as mães, - Gattaz declarou com um aceno de cabeça. - Quer dizer, exceto a Naiane, né. Ela vai falar o contrário só pra irritar a Rosa.
- Será? - Sheilla questionou. - Eu falei com ela a última vez que eu fui pro Rio e ela parecia outra pessoa. Acho que aquele projeto que ela participa fez muito bem. Ela finalmente entendeu que não pode ficar contando história de terror pras crianças. A Ninna teve pesadelo por uns três meses quando eu pedi pra Júlia e pra Naiane cuidarem dela uma vez.
- Bom saber, já vou anotar que não dá pra confiar na Naiane pra ser babá, - a mais velha riu.
- As gêmeas sempre voltaram inteiras e sem machucados novos. - Sheilla deu de ombros e, ao mesmo tempo, as duas olharam em volta. Sheilla acenou para alguém da comissão que estava entrando e olhou para o relógio no pulso antes de suspirar de novo. - Eu vou lá falar com as jogadoras um pouco antes delas aquecerem.
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Drops of Jupiter
Romance*Parte 2 de Life Goes On* Alguns anos se passaram desde que Caroline Gattaz se mudou para a Itália para ficar com o amor da sua vida, e agora chegou a hora dela e Rosamaria Montibeller perceberem que a vida continua.