Drops of Jupiter

A família que a gente escolhe

- Fazia tempo que eu não via tanto gay reunido. - O comentário de Laura, que vinha da cozinha carregando dois copos nas mãos, saiu um pouco abafado por conta do pacote de pipoca que ela estava segurando por entre os dentes, mas Rosamaria não teve dificuldade para entender e logo revirou os olhos.

Rosa, que estava de pé na frente do grupo de mulheres, abriu a boca para responder - provavelmente para mandar Laura se comportar - mas Caroline se adiantou enquanto se aproximava dela para passar um braço em volta da sua cintura. - É, juntar todo mundo de novo deu trabalho, - ela comentou com um sorriso alegre, afinal, elas haviam conseguido reunir todas as suas amigas que estavam no Brasil depois de muito insistir e implorar. - E vocês só concordaram quando eu falei que a gente ia contar o sexo.

Naiane estava voltando da cozinha também quando ouviu a reclamação e, ao invés de permitir o pequeno momento de drama, ela interrompeu Gattaz dizendo: - Contar do sexo de vocês? Eu não quero saber não, obrigada. - Ela estava passando na frente do casal, segurando um copo para Júlia e uma garrafa de refrigerante para as demais, e pensou rápido o suficiente para ter tempo de desviar do tapa no seu ombro que Rosamaria tentou acertar. Naiane apenas riu e mostrou a língua para a amiga, antes de sentar ao lado de Júlia em umas almofadas que elas haviam colocado no chão.

Júlia aceitou o copo com uma risada. - Amor, não irrita a Rosa, - ela avisou em um tom bem humorado, mas sua atenção já havia voltado para Lu, que estava sentado entre suas pernas no tapete brincando com alguns carrinhos.

- Escuta a Júlia, não me irrita, - Rosamaria adicionou na conversa. - Eu já tô bem irritada porque essa semana eu já tive que tomar injeção porque eu sou A- e eu nem sabia que tinha essa história além de tudo! - Ela bufou irritada e cruzou os braços, mas Gattaz a puxou para um abraço de lado e beijou sua bochecha, o que acabou arrancando um sorriso largo da oposta.

Naiane lançou um olhar divertido para a amiga, que foi prontamente ignorado, mas uma risada das filhas de Sheilla acabou chamando sua atenção e ela virou a cabeça em tempo de ver as gêmeas caminhando em direção à ela com canetinhas coloridas. Sem precisar perguntar, Naiane arregaçou as mangas da camiseta e estendeu seus braços para as meninas desenharem nela, atividade que as gêmeas tornaram um hábito toda vez que viam Naiane. Macris, que estava sentada em uma das poltronas com um gato preto no colo, ajudou Ninna a tirar a tampa de uma das canetas antes de se acomodar de novo nas almofadas. No sofá, Léia estava embalando Guilherme em uma tentativa de fazê-lo dormir e Daroit, sentada ao seu lado, estava tentando convencer Thaisa a lhe emprestar o celular para colocar uma música para o menino dormir mais rápido.

Sheilla, a última a voltar da cozinha trazendo os copos descartáveis, sentou ao lado de Gabriela no outro sofá e resistiu à vontade de revirar os olhos quando notou que a companheira estava discretamente tentando chamar a atenção de Gui balançando um chaveiro. - Vamos ao que interessa, né? - A ex-oposta perguntou, dando um fim à distração geral do grupo. - Quem não tá aqui, tá conseguindo ouvir?

Do computador de Júlia, colocado em um ângulo que dava uma visão completa da sala, a voz de Carolana respondeu com um pouco de humor: - Perfeitamente, câmbio. - Ela e a família ainda estavam na Europa, e ela acabaria sendo a única que não estaria presente no apartamento de tamanho considerável no Rio de Janeiro.

- Será que vai ser menino? - Priscila perguntou em tom animado, finalmente conseguindo arrancar o celular da mão de Thaisa para procurar por uma playlist de músicas infantis. - Não é possível que só eu e a Léia estamos contribuindo pra SMV.

Laura engoliu depressa o punhado de pipoca que havia acabado de colocar na boca, quase engasgando com as cascas, e argumentou: - Mas elas não estão esperando que seja menino, não. - Ela franziu o cenho e olhou para o casal preso em um abraço carinhoso. - Vocês já pensaram em nome de menino?