"Será que valeu a pena?"

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2:00 h

Caio se mexia de um lado para o outro na cama, o sono não vinha de maneira nenhuma. Esse era o destino das últimas duas semanas depois da discussão horrível que teve com seu pai. Caio não queria ter que chegar ao ponto de ameaçar seu pai.

Mas foi obrigado

Ele sabia que era o mais velho dos filhos de Antônio, tinha todo o direito de ter a sucessão. Até Daniel concordava com isso, mas ele também estava ciente de que depois da descoberta que seu pai fez sobre ele ter comprado as sementes e dado para Aline jamais o perdoaria.

"A culpa é toda daquela jararaca"

Pensou enquanto lembrava da expressão cínica de Irene debochando de sua cara. Aquela mulher o tirava totalmente do sério.

Ele se levantou encarando a parede, enquanto sentia seu rosto queimar de ódio.

Antônio já havia decidido que a sucessão seria de Daniel e Petra, mas aquilo não era junto.

"Será que valeu a pena?"

Será que tinha valido a pena ajudar aquela viúva?

Será que ele realmente estava apaixonado?

Aquela decisão arruinou seu futuro e Aline mal disse obrigada.

Naquela noite, Antônio, Petra e Daniel haviam ido viajar, apenas os três, sem dizer o motivo. na mansão estavam apenas: Caio, Irene e os empregados.

Caio mal saia do quarto, pensar em cruzar com Irene nos corredores faziam seus miolos ferverem.

Caio - Aquela diaba ainda me paga! ~ Sussurrou para si mesmo antes de se levantar da cama.

Ele saiu do seu quarto e foi em direção a cozinha, caminhou até a geladeira e pegou uma garrafa de água gelada, quando estava prestes a tomar um gole. A luz da cozinha que estava completamente escura acendeu. O fazendo levar um tremendo susto, deixar a garrafa cair e se espatifar no chão. A raiva só aumentou ao ver Irene parada na porta da cozinha com uma cara de poucos amigos.

Irene - Olha o que você fez! ~ Falou a mulher irritada olhando para os cacos

Caio - A culpa é sua que surgiu aqui, feito uma assombração! ~ Apontou pra ela

Irene - Tinha necessidade de andar pela casa de madrugada? ~ Arqueou as sobrancelhas

Caio - Agora quer mandar até nas minhas pernas? Era só o que me faltava mesmo. ~ Balançou a cabeça

Irene - Vai, pode começar a limpar essa bagunça! ~ Ordenou cruzando os braços

Caio - Com você aí me olhando? Nunca.

Irene - Pois daqui eu não saio! ~ Sorriu provocativamente

Caio - Então eu não vou catar nada!

Irene - Não vou me estressar com você hoje, Caio… ~ Caminhou lentamente em direção ao mais alto com um sorriso vitorioso no rosto - Sabe por que? ~ Perguntou irônica - Tudo está mais do que perfeito na minha vida.

Caio - Claro que tá, conseguiu ferrar com a minha!

Irene - Ah, deixa de draminha! ~ Balançou a cabeça negativamente - O Antônio fez o que era certo.

Caio - Certo? Eu amo meu irmão, mas tenho muito mais capacidade para agronomia do que ele. Além de que sou o mais velho! ~ Exclamou irritado

Irene - Mas você traiu seu pai e ele jamais te dará outra chance! ~ Sorriu vitoriosa - JAMAIS! me ouviu?

Caio - Como você se sente, sabendo que só tem sucesso passando por cima dos outros? porque não tem a mínima capacidade de conseguir algo com honestidade?

Irene - Quem é você pra falar de honestidade? Traiu seu pai! ~ Acusou - Vive dizendo que queria ter o amor dele, mas se prejudica sozinho.

Aquelas palavras foram como uma facada no peito dele, por saber que Irene estava certa.

Caio - A cada segundo meu ódio por você só aumenta, sua-

Irene Sabe… ~ O Interrompeu - Penso que o ódio é um sentimento que só pode existir na ausência da inteligência. Os bons médicos não odeiam os seus doentes ~ Debochou com um sorriso no rosto

Caio - Se meu pai não mudar de ideia sobre a sucessão por sua culpa, você vai se arrepender do dia em que nasceu! ~ Falou em tom ameaçador, sem olhar nos olhos dela.

Irene - Como se eu, uma mulher do meu porte fosse ter medo de você! ~ Debochou - Se enxergue garoto!

No mesmo a expressão de Caio mudou de raiva para ódio e então ele tomou coragem e deu mais alguns passos pra frente, segurando com força o braço da mais baixa a encarando no fundo dos olhos

Caio - Você não me chame de garoto! ~ Falou entredentes, sem desviar o olhar, tentando ignorar o fato de que Irene estava a pouquíssimos centímetros usando apenas uma camisola

Irene - Solta meu braço! ~ Falou baixo tentando se soltar, falhando miseravelmente - Você não sabe com quem está mexendo!

Caio - É claro que eu sei…com uma cobra venenosa que só atormentou minha vida durante todos esses anos! ~ Gritou fazendo a mulher se assustar

Irene - Você me deve respeito, Caio! ~ Disse nervosa

Caio - Por que é que eu te devo respeito se você nunca me respeitou? ~ Perguntou apertando com mais força o braço da madrasta

Irene - Você está me machucando, Caio! ~ Disse com uma expressão de dor e então o mais alto a soltou, dando um sorriso irônico

Caio - Mesmo você não valendo nada, eu jamais machucaria uma mulher!

Irene - Isso vai ficar marcado… ~ Falou acariciando seu braço

Caio - Não é nem um terço do que você merece.

A mulher revirou os olhos, ignorando aquela frase e então por alguns segundos Caio prestou atenção nela. os cabelos úmidos pelo banho recente caídos sobres os ombros, usando uma camisola preta rendada e completamente colada no corpo, com um decote que realçava seus seios.

Em uma fração de segundos a mulher ergueu a cabeça, olhando para Caio e percebeu a forma como o mais novo a olhava

Ela devia ter ficado constrangida ou irritada, mas sentiu algo diferente, um tremor no corpo inteiro.

Pelo tamanho da proximidade em que se encontravam, Caio podia sentir claramente o perfume dela e sua respiração. Um silêncio sufocante habitava entre os dois, que só conseguiam conversar pelos olhares, ainda focados um no outro.

De repente, Caio se pegou desejando quebrar aquela distância que sempre houve entre os dois, sentir ela bem perto.

"O que está acontecendo comigo?"

Irene mal podia respirar, ela estava tentando se manter firme mas parecia que Caio podia ver até sua alma pela forma como a olhava

Em uma fração de segundos os dois se deram conta do que estavam prestes a fazer e então se afastaram imediatamente.

Caio voltou para seu quarto sem olhar para trás, um misto de sentimentos e sensações tomavam conta de sua mente acompanhados de várias perguntas que surgiram de repente

Irene ficou parada no meio da cozinha por alguns minutos, até sair do transe em que se encontrava e poder também voltar para o quarto.


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