Chapter 03: Scary Crows

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Depois de todos os eventos ocorridos na ala 28, durante minha curta visita ao local, fiz uma breve social com meus familiares, um jantar formal de boas-vindas, que estava ótimo, por sinal, um belo assado, arroz soltinho, alguns tipos de salada compostas por algumas espécies de mato que o povo costuma chamar de verduras, legumes e seus derivados, que eu, obviamente não passei nem perto, mas, o purê de batata foi meu alvo da noite, amo purês, as batatas fritas então, nem se fala! Comi horrores.

Após o jantar, cheio parecendo um leitão na fila do abate, fomos todos para a sala e passamos horas conversando coisas aleatórias, até o assunto chegar à parte que dizia respeito de como Felipe, Rebeca e eu deveríamos nos envolver e nos interessar pelos negócios da família, vez que seríamos os sucessores. Toda aquela conversa me dava uma grande agonia, parecia até estar em tom de despedida, apesar de tudo estar na mais bela tranquilidade. A noite calma, tranquila, com céu iluminado por uma enorme lua crescente, sem nuvens, o que me faz recordar aquele monte de lobisomens trancafiados e a barulheira que eles causaram na lua cheia. A brisa gélida de uma típica noite de 10 graus, vez ou outra entrava pela janela, deixando todos com um frio imenso, o que era resolvido com um chá de mato, como o povo daqui gosta de mato, este eu nem sei o nome, mas, acho que todos aqui foram na vida passada cavalos ou zebras, sei lá.

Ao final daquele momento social/sabatina sobre minha vida, subimos meu primo e eu para meu quarto, na intenção de jogar videogame, descobri durante o jantar que meu pai havia comprado um play4 para eu me divertir, fiquei bem grato quanto a isso. Bem, ao entrarmos, encostei a porta, eu estava com algumas coisas entaladas na garganta e precisava urgente desabafar, Felipe era a pessoa ideal, afinal, ele vivenciou aquela experiência na ala 28 comigo, e eu precisava urgente tirar uma dúvida que me estava consumindo por dentro.

- Hey, preciso falar algo para você. – Dou início ao diálogo, ganhando a atenção do loiro que estava sentado em minha cama, retirando seus tênis dos pés. - Quando eu toquei naquele relógio, e aquela voz me veio a mente. – Escapa de minha boca uma leve tossida, o nervosismo já me consumindo. – ER.. Algo aconteceu comigo, um calafrio estranho me correu por todo meu corpo, senti como se fosse uma corrente elétrica, e eu ouvi novamente aquela mesma voz, depois de termos saído de lá, por umas outras 2 ou 3 vezes. – Fico em silêncio por alguns segundos, tomando coragem de perguntar o que tanto queria saber, ainda tendo total atenção de Felipe. - Quero saber se ocorreu contigo também? – Pergunto por fim, ansiando por uma resposta positiva.

- Não. – Felipe responde simplesmente, arqueando uma das sobrancelhas, parecendo confuso com o que acabará de ouvir. – Acredito que seja fruto de sua imaginação, de seu medo, você ficou impressionado com aquilo que aconteceu lá.

- Não sei, parecia tão real, a mesma voz, o mesmo pedido, estou com medo.

- Não seja bobo. – Meu primo proclama, com tom firme. – É apenas fruto de sua imaginação, não há como aquela criatura ter se comunicado conosco nem naquele momento e muito menos continuar comunicando durante o dia.

- Você também o ouviu, Feh, por favor, vamos falar sério. – Retruco, agora, aproximando dele e tocando em seu ombro, firmando sua atenção em mim. – Aquela criatura está consciente.

- Não seja idiota, Louis, é impossível, você conhece a história dele, sabe que ele está numa espécie de morte graças a um feitiço, sabe que é impossível ele falar, se mover, ou algo do tipo. – Felipe diz, se desvinculando de meu aperto em seus ombros, e retornando sua atenção ao videogame, ligando-o. – E quer saber, acho que eu nem ouvi nada aquele dia que descobri o relógio, tudo era fruto de meu medo também, eu estava assustado, diferente de hoje, na noite em que eu achei o relógio, aquele barracão estava uma bagunça, gritaria, uivos, Bruxos tentando escapar, uma loucura, era dia de testes, você sabe como é. – Felipe olha para mim com um olhar de deboche, e proclama. – Veja só como nada daquilo é real: "Ao idiota que está preso no tumulo, se estiver nos ouvindo, mande um sinal claro" – Fala com voz seria e um tanto quanto estridente

Neste momento, ficamos ele e eu em silêncio, apenas esperando por algo, que não vem, o que me deixa tranquilo, mas, meu primo então volta a dizer: "Vamos, está com medo de...." antes de concluir sua fala, um corvo bate violentamente contra a janela de meu quarto, deixando uma enorme marca de sangue no vidro, e o corpo do animal caído no pé da janela, ao lado de fora, assustando tanto eu quanto meu primo, que gritamos audivelmente com o barulho da pancada do pobre pássaro, mas, mesmo o susto não impedindo o sarcasmo de Felipe.

- "Que bacana, prendemos Damon Salvatore no tumulo... Aí idiota, se você foi o responsável por isso, saiba que foi genial, mas, o corvo é de outro personagem"

- Felipe, cale a boca, sua mula de 02 patas.

Outra vez ele se prepara para falar algo, mas, noto Felipe olhar incrédulo para a janela, fazendo minha visão ir automaticamente para o mesmo lugar, e consigo observar o corvo olhando fixamente para nós dois, dando 03 bicadas fortes na vidraça de minha janela, antes de alçar voo, e sumir de nossas vistas.

Felipe olha lentamente para mim, agora sim, era possível ver um olhar de preocupação e talvez... medo? Finalmente ele entendeu o que sinto.

- Tá bom, isso foi meio estranho, talvez inexplicável, Louis, - Felipe diz. - Não é todo dia que uma coincidência dessas acontecem. – Meu primo proclama, caminhando até a janela de meu quarto, abrindo-a lentamente.

- Véi, você é louco? O que tá fazendo aí? Você não assiste filmes de terror? É assim que as pessoas morrem, pensa que lindo a notícia amanhã no jornal: Jovem vai para hospital após ser acertado na testa por um corvo suicida..... Feche essa bosta e vamos descer para contar o ocorrido a meu pai.

- Louis, não seja dramático, essa é nossa chance de viver uma aventura, venha até aqui e veja isso. – Felipe me chama, apontando para fora da janela.

Vou em passos lentos, me tremendo da ponta do pé até o último fio de cabelo, com medo do que posso ver fora do quarto, mas sem demonstrar que na realidade, eu estava me borrando de medo, fico ao lado dele. Chegando na janela, dividindo a visão com Felipe, pude notar o que ocorria ali. Dezenas de corvos parados, estranhamente organizados sobre 8 fileiras, olhando fixamente para minha janela, no quintal de minha casa, e, em instantes, como se tivessem recebido um chamado, todos ergueram voo ao mesmo tempo, sem fazer barulho algum, desaparecendo na escuridão da noite.

- Cara, precisamos ir ao Vale das Sombras, precisamos retornar no túmulo, precisamos fazer isso agora, não conseguirei dormir sem solucionar essas coisas estranhas. – Felipe diz, olhando fixamente em meus olhos, me deixando pálido como uma folha A4.

- Nem pensar. Eu não volto lá. – Falo decidido dessa vez.

- Haaaa mas você vai, é você que consegue ouvi-lo, se aquela coisa for consciente, claro. Nem que eu precise te sequestrar e te levar a força lá. – O loiro fala, já segurando com uma força desnecessária meu braço, e tencionando me arrastar para fora do quarto.

- Cara, não! Não podemos voltar lá... Não depois do que aconteceu aqui. – Argumento com Felipe na esperança dele entender.

- Louis, veja bem, se esta criatura estiver mesmo consciente, e foi capaz de fazer o que aconteceu aqui, não é melhor darmos um jeito de resolver antes que ela saia de lá? Acha que seria difícil para ele escapar dali? Uma criatura que conseguiu fazer o que fez hoje?

- Você tem um ponto. – Querendo ou não, ele tem certa razão. - Mas eu ainda acho que deveríamos falar para os demais, apesar de saber que provavelmente eles não acreditaram na gente, e ainda levaríamos uma bronca por ter ido lá.

- Cale a boca. Eu sei que estou certo, você sabe que estou certo, eu sempre estou, então vamos logo.

Balanço a cabeça negativamente para ele, na realidade com vontade de jogar um tijolo na testa deste loiro idiota, mas vejo Felipe desligar o play4 que acabara de ligar, calçar novamente seu tênis Vans, e por uma jaqueta de frio amarela minha, fechando-a, e rumando em direção a porta. - Pelo visto faremos mesmo essa idiotice de retornar lá. - Penso


***** Notas de Rodapé. *****

Chegamos ao fim de mais um Capítulo, este um pouco mais sombrio, é apenas o início kkkkkk  espero que tenha gostado.

Estou muito feliz por você chegar até aqui. Não se esqueça de deixar seu comentário, e se possível, seu voto, vamos interagir rsrs, isso nos ajuda bastante. Grato pela atenção.

Até o próximo, te espero lá.

Crisântemo ZooOnde histórias criam vida. Descubra agora