Chapter 10: A love, a watch, a coffin, a man and a story

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A noite que era para ser tranquila, na realidade tornou-se um caos, a lua atingiu seu ápice no céu, e como era de se esperar, o show de horrores começou, de meu quarto, enquanto Felipe já dormia tranquilo, acostumado com o evento, eu, por outro lado, ainda novato, estava atento a tudo, cada ruído, cada som, cada movimento, e com uma certa curiosidade explodindo no peito.

Olho no relógio e vejo que são meia noite e meia, naquela altura, os testes de meu pai já teriam se encerrado, afinal, depois de transformados, nós humanos não teríamos a mínima chance contra aquelas criaturas.

Acho que não seria uma má ideia dar um pulinho no barracão, e ver o que aconteceu com os lobos. Penso! Levanto-me da cama vagarosamente, certificando-me de que Felipe não acordará com meu ato repentino, o loiro dormia como Pedra.

Coloco meus pés no chão gelado, de madeira trabalhada, do meu quarto, procuro por meus chinelos, tateando o chão com os pés, e logo os encontro embaixo da cama, calço-o e levanto-me com cuidado. Visto meu moletom de frio com estampa militar, que estava jogado em cima da cabeceira de minha cama, por cima do pijama de ursos panda que visto Apanho uma toca preta no guarda roupas, e vou caminhando rumo a porta. Ao sair do quarto, certifico-me novamente que o loiro ainda dormia, e sigo meu caminho.

Desço as escadas com cautela, apesar dos rangeres da madeira vez ou outra. O mínimo ruído é capaz de acordar meu pai, ele costuma ter ouvido sensíveis, talvez costume por morar num local como este.

Ao abrir a porta da frente de minha casa, e sair para a varanda, uma brisa fria, e o assovio fino no vento me fazem cogitar se essa é, de fato, uma boa ideia. Mas, ao olhar o quintal, ao longe vejo um rapaz sentado em um dos balanços ao lado da garagem de casa. desço lentamente os degraus que separam a varanda do chão, causando um certo ruído, o que faz o jovem rapaz, que aparentava ter minha idade, me olhar e sair em disparada, sumindo na escuridão da noite... Estranho, penso!

Bem, decidi seguir meu rumo, não dando muita importância para o garoto do balanço. Sei que é meio imprudente de minha parte, mas, se ele fugiu, deve ser apenas um arruaceiro, concluo. Abraço minha própria cintura e sigo, encolhido, por conta do frio, em direção ao barracão. A caminhada dura apenas alguns minutos, tendo hora ou outra uma brisa gélida batendo em meu rosto, e o som da mata arrepiando-me, fazendo soltar uma fumaça branca pelo nariz, resultado do ar quente em contato com as baixas temperaturas, acho que hoje deve fazer algo em volta dos 7 graus.

Chego na ala 28, noto que não há segurança, agradeço por isso, abro então a grande porta de metal, e adentro o local, acompanhado de todo o gelo que seguia naquela madrugada enluarada e gélida. Todas as jaulas estão cobertas por uma espécie de grade inviolável de metal fundido, sanfonado.

O silêncio é total. Deduzo que essas cortinas de material sólido como rocha devem servir para abafar o barulho. Vou caminhando pelo corredor, analisando o local, quando sinto atrás de mim uma presença, acompanhada daquela estranha sensação de estar sendo vigiado. Girei meus calcanhares, e levei minha visão à porta do galpão, que ainda estava aberta, e consequentemente, avisto o grande lobo preto, aparentemente o mesmo que vi com Felipe há dias atrás. A fera sentada na porta, apenas me observava, mas, quando seus olhos se conectam com o meu, ele se levanta, e vem andando, lentamente, em minha direção, com as orelhas em pé, um olhar frio. Assim como da primeira vez, isso me deixa em estado de alerta.

Vou então dando passos para trás, presumo ser mais seguro assim, mantendo sempre o contato visual com o animal. Na mesma velocidade em que ele se aproxima, eu vou para trás. Não vai muito tempo, e sinto que esbarrei em algo, um metal frio encosta em minhas costas, quando volto a realidade, estou dentro da sala do túmulo.

Crisântemo ZooOnde histórias criam vida. Descubra agora