Chapter 04: Magic and Mystery

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Decididos em retornar ao local onde toda essa loucura começou, eu, forçado por Felipe a participar desses devaneios irresponsáveis, vamos, ambos, descendo vagarosamente as escadas de minha casa, até estarmos novamente à sala, onde meus familiares seguem falando coisas irrelevantes para meus ouvidos, o assunto da vez era como os altos impostos influenciavam na vinda de um novo Urso marrom para o Zoo.

Tentamos passar despercebidos por todos, a missão teria sido um sucesso, mas, meus pés me traem, e eu acabo tropeçando em um tênis que estava aos pés da grande escada de madeira, que dava acesso aos quartos. O ato causa um certo barulho, que atrai a atenção de todos da sala, e é acompanhado de uma risada gloriosa de Felipe, babaca!

- Meninos, tudo bem por aí? – Ouço a voz de meu pai, levamos nossa atenção até as pessoas na sala, eles seguem tomando chá, como são insaciáveis, meu Deus.

- Sim pai, apenas tropecei neste calçado que algum filho da mãe, irresponsável, deixou na bosta do pé da escada. – Falo um tanto quanto nervoso, visto a vergonha que passei.

- Besta, o tênis é seu. – Felipe retruca, rindo ainda mais alto com a constatação que acabará de fazer.

- Droga. – Resmungo, ao notar que o bendito tênis era mesmo de minha desastrada pessoa.

Todos então, retornam a conversar sobre algo que era incompreensível para nós, então, após anunciarmos nossa presença da forma mais ridícula, seguimos nossos passos lentamente para a porta, quando somos interpelados novamente por meu pai. – Onde vão, meninos? – Ele pergunta fazendo tanto eu quanto Felipe ficarmos imóveis, mas, meu primo, com sua mente genial consegue driblar meu velho.

- Vamos dar uma volta no Zoo, caminhadinha noturna, por os papos em dia, voltamos em breve.

- Sei, juízo vocês dois. E tome cuidado, hoje a guarda está de folga, sabem onde devem ir e onde não devem. – Meu pai fala por fim, voltando a falar com o resto dos familiares ali presente na sala.

Olho para Felipe, ao mesmo instante que ele olha pra mim, com uma sobrancelha arqueada, quase formando um S deitado, como se comemorasse uma vitória, parecendo ler meus pensamentos. Tudo está conspirando perfeitamente bem para voltarmos lá na ala 28, isso me dá um pouco de medo, quando o milagre é muito, o santo desconfia. Quase nunca a guarda do vale das sombras é trocada ou tem descanso. Decidimos então seguir em frente, rumo a nossa jornada.

Saímos fora de casa, e uma brisa gélida bateu em nossos rostos, arrepiando todos os meus pelos, pelo frio inesperado, dentro de casa, com a lareira acesa, o clima era gostoso e quentinho. Tenho vontade de perguntar a Felipe se vamos de quadriciclo, mas consigo minha resposta antes mesmo da pergunta, afinal, o animal loiro já está caminhando em direção ao parque do Zoo.

- Vamos Louis, se você ficar parado aí, não chegaremos nunca, lá. – Ele grita.

- Porque não vamos em uma daquelas coisas. – Digo apontando para o Quadriciclo.

- Prefiro que você busque um de seus Hipopótamos. – Felipe diz, me olhando com uma feição zombeteira, mas conclui. – Não fique bravo, olha o frio que está fazendo, tem certeza que quer montar num daqueles e ir em alta velocidade até o parque? Com toda esta brisa correndo? Nós certamente congelaríamos. Indo a pé pelo menos a gente se aquece, o sangue esquenta.

- É, pra um animal não pensante, você está certo. – Concordo com ele, começando a caminhar, recebendo um dedo do meio de Felipe como resposta.

A caminhada fora lenta, o tal do sangue esquentando não estava funcionando muito. A escuridão me dava um pouco de agonia, o local era iluminado somente pelos postes de luz fraca, e a lua, que brilhava sobre nossas cabeças acompanhada por inúmeras estrelas reluzentes parecendo formar um grande soneto divino.

Crisântemo ZooOnde histórias criam vida. Descubra agora