Capítulo 3 - Y No Puedo Olvidarte

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En el silencio de mi habitación
Aún siento el murmullo de tu voz

As férias de verão estavam cada vez mais próximas do fim, faltavam apenas dois dias para que as aulas começassem e alegria é a última palavra que poderia definir Alfonso Herrera. Ele gostaria de dizer que já havia pegado dezenas de garotas e esquecido a tal garota misteriosa, mas estaria mentindo para si mesmo. Tinho repetido mentalmente aqueles momentos milhares de vezes para não esquecer nenhum detalhe. Ficava tentando entender como era possível que meros desconhecidos tivessem uma química tão perfeita, como ela havia feito ele sentir tantas coisas com tão poucas palavras. Já havia segurado vela para Christopher tantas vezes desde que se entendia por gente e nunca tinha visto nada ser ao menos parecido com o que tinha vivenciado. Óbvio que o mérito era todo dela, se dependesse das suas habilidades e experiencias mínimas... talvez nunca tivesse rolado.

Talvez.

Depois de Christopher insistir várias vezes e sentir uma esperança infundada de que contaria com a sorte novamente - encontrando a garota de seus sonhos recentes - havia decidido sair para encontrar o amigo e talvez finalmente conta-lo o que havia acontecido na boate.

Vestiu uma camiseta preta de hogwarts e um all star branco de cano baixo que era a marca registrada de todas as vezes que botava os pés fora de casa. Tentou descer silenciosamente e passar despercebido pela sala, por trás do sofá que sua irmã estava deitada e distraída no celular, tudo o que menos precisava era de um interrogatório.

- Já vai sair, maninho? - Dulce perguntou antes mesmo de olhar para ele - Você só usa esse perfume do papai quando vai encontrar alguém...

- Não é da sua conta, maninha, e se quer mesmo saber, estou usando esse perfume desde que a mamãe foi viajar para encontrar ele - se ela estivesse em casa, não deixaria Alfonso usar.

- Ok, ok. Você deveria me tratar bem, não se esqueça que tenho cartas na manga... posso dizer a mamãe que você saiu com Christopher no início das férias e só chegou em casa de madrugada, deixando a pobre e inocente irmãzinha sozinha e sem cuidado...

- Eu não cheguei de madrugada!

- Mamãe vai acreditar mais em mim do que em você - disse fazendo uma cara de vítima para mostrar sua capacidade de atuação.

- Tem certeza? E se eu contar para o papai como te encontrei em casa quando cheguei? - falou sorrindo, tinha um trunfo contra Dulce que não teria coragem de usar, mas julgava ser preciso diante da situação e apenas a ameaça a faria reconsiderar - Imagina quando suas amigas descobrirem que a doce Dul não passa de uma mentirosa e medrosa...

Medrosa.

Exagerou nessa parte.

Desejou não ter dito no mesmo segundo.
Adjetivo um tanto pesado para atribuir a situação da irmã, era "normal" sentir medo de revelar seus sentimentos diante de uma sociedade preconceituosa e intolerante. Assim que disse se arrependeu, como um cara branco e hétero privilegiado não se colocou no lugar da menina de quase dezesseis anos que estava se descobrindo.

Naquele fatídico dia, quando chegou em casa ouviu algumas risadas altas e gritinhos agudos vindos do andar de cima, subiu as escadas em meio a tropeços para descobrir o que estava acontecendo, ainda estava extasiado por tudo que tinha vivenciado na boate mas se sentiu instantaneamente pronto para expulsar qualquer marmanjo do quarto de Dulce. O que ele não estava pronto era para a grande surpresa que teria ao ver quem estava com ela. Assim que entrou, se deparou com a descoberta de que a caçula não era tão doce e inocente quanto se fazia parecer e que escondia muitos segredos por sabe-se lá o porquê.

AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora