Capitulo 5 - Ser O Parecer

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Verte pasar sin hablar es un cruel sufrimiento
Que desaparece de pronto cuando te pienso

Depois da conversa intrigante que as mulheres Puente-Portilla tiveram no carro, o silêncio reinou e a mais nova pôde focar no prédio a frente. Primeiro haviam alguns garotos esguios conversando nos degraus mas, em questão de segundos - provavelmente ao verem o carro em que ela chegara - o número de alunos na escadaria da entrada aumentou e o circo parecia estar formado para sua chegada triunfal. Anahí não se preocupou em se despedir da sua mãe, apenas colocou seus scarpins no chão podre da escola e seguir em frente com a cabeça erguida, sem dirigir o olhar a nenhuma daquelas pessoas que a secavam.

Mal andou dois metros e já ouviu os burburinhos que ninguém fazia questão de disfarçar.

"Vocês viram o carro que parou aqui? Deve ser a filha do mafioso"

"Então ela realmente existe, pensei que era uma lenda urbana"

"Ela é bonita, me disseram que era tão feia que seu pai não deixava ninguém a conhecer"

"Pensei que era doente"

Anahí sorriu mentalmente. Queria que eles especulassem, que falassem mesmo dos mistérios que a rodeavam, afinal, gostava de receber atenção. Queria que a temessem, a invejassem e principalmente que não se metessem em seu caminho.

Ela seguiu perdida pelos corredores até ver que uma menina de cabelos escuros a esperava com uma plaquinha com seu nome. Achou brega, para dizer o mínimo.

- Bom dia, Anahí Puente. Meu nome é Maite Perroni e vou te guiar no seu primeiro dia. - A garota tinha um grande sorriso estampado no rosto.

Antes de se apresentar, Anahí observou as características da menina: Baixinha, olhos castanhos e cabelos pretos difíceis de descrever já que estavam presos em um coque. Com uma breve observação notou que ela tinha belas curvas, facilmente escondidas por suas roupas largas. Era o clichê da garota certinha.

Maite a levou para um tour detalhado - e entediante - por todos os ambientes importantes da escola. Depois de Anahí conhecer os armários e - com muita pena e esforço - substituir sua bolsa caríssima por alguns dos livros que estavam lá para as aulas do dia, seguiram direto para a sala.

Durante o caminho Maite mostrava e contava histórias sobre todas as fotos do corredor, falava sobre o quão acolhedora a escola era e que teria muitas oportunidades em algumas faculdades boas. Para Anahí era óbvio que toda essa "Cerimonia" se devia ao status financeiro da família e todo o prestigio e atenção da mídia local que tinham por receber uma aluna com um sobrenome tão importante.

A última foto estava em uma moldura dourada próxima a um grupo de meninos com os clássicos casacos do time, haviam algumas prateleiras de troféus abaixo e uma placa de metal com a história de vida e superação da pessoa da foto. Enrique.

"se superou e construiu um dos maiores impérios da indústria têxtil do mundo"

Anahí não quis continuar a leitura, ainda estava enojada. Percebeu rapidamente o quão idolatrado ele era naquele lugar e se ela não atingisse as expectativas, todo o esforço da sua vida seria desprezado e igualado a nada.

O grupo de meninos do time - liderado por Alejando López - se aproximou delas as observando de cima a baixo e Anahí rapidamente reconheceu um deles. Era o musculoso da boate. Passaram-se semanas desde aquela noite, mas seu rosto ainda estava fresco na sua memória e ela se perguntou se o amigo dele - que ela conheceu intimamente nos fundos da boate - também estudara ali. Seria coincidência demais.

AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora