Capítulo 6 - Fuera

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Ya vete, ya voy a cerrar
Que ya me estás cansando

Se tinha uma coisa na qual Anahí se considerava boa era em ignorar pessoas. Homens, mais especificamente, mas havia uma certa pedra em seu sapato de luxo: Alfonso Herrera. Ele não havia tentado puxar assunto com ela depois daquele primeiro contato, nem se aproximar forçadamente, mas ele simplesmente parecia estar em todos os lugares que ela ia e isso a sufocava.

Na terça ela precisou se sentar ao lado dele graças a um pequeno "contratempo" que ela tivera com Derrick que a fizera se atrasar. Na quarta, foram sorteados e precisaram ser uma dupla na aula de educação física. Na quinta ela chegou na mesma hora que ele e descobriu que eram vizinhos de armário. Na sexta feira, Abigail o escolheu para acompanha-la durante a escolha das eletivas que participariam durante o semestre.
Então ela simplesmente se cansou disso e começou a fugir dele descaradamente pelas três semanas que se seguiram.

– Anahí, precisamos conversar. – Alfonso correu atrás dela pelos corredores da escola. O barulho de seus saltos tocando o chão podia ser ouvido de longe e foi assim que de alguma forma ele fora avisado que ela finalmente havia chegado.

De todas as coisas que ela vinha fazendo para se manter distante, ter pago 50 dólares para um dos alunos do primeiro ano trocar de armário fora a gota d'agua para ele que tinha escolhido ficar afastado e não falar no assunto boate com ninguém, nem mesmo com Anahí se ela quisesse. Ele não queria se magoar, nem criar falsas expectativas já que com apenas alguns segundos de interação, para ele ficara claro que Anahí não queria se aproximar e que o que havia rolado tinha sido apenas um quase-sexo-causal.

– Não tenho nada para conversar com você, Hernández...

Fingir que não lembrava seu nome era o cúmulo.

– Herrera, Alfonso Herrera. Eu te disse meu nome no dia em que nos conhecemos e você me chamou pelo meu sobrenome no primeiro dia de aula. Não acredito que tenha esquecido.

– Pra você ver o quão irrelevante é na minha vida. – Ela fazia questão de ostentar um sorriso irônico que poderia o tirar do sério se ela não fosse quem era. A dona dos seus pensamentos nas últimas semanas.

– Não acho que eu seja tão irrelevante assim, acho que você lembra muito bem do que aconteceu naquela noite.

Então ele se colocou em sua frente para que ela parasse de fugir e quando finalmente parou de bater os saltos no piso, ele se aproximou e ficou a dois passos dela. Não sabia de onde estava tirando tanta coragem para um confronto tão direto.

O corredor parecia estar quase vazio e mesmo assim ela evitava a todo custo manter um contato visual sem parecer estar debochando dele.  Sua indiferença parecia uma rocha inquebrável.

– Não sei do que está falando, Herrera.

Sua voz soava numa frieza sem igual. Estava realmente intencionada a tirá-lo do sério e sua postura prepotente não se abalava de jeito nenhum.

– Realmente não lembra?

– A única coisa que está fresca na minha memória agora é que faltam cinco minutos para aula começar. – Os corredores já estavam completamente vazios mas Alfonso genuinamente não se importava mais com o horário, só queria tirar logo as suas dúvidas.

– Por favor, me dê só mais um minuto para te fazer uma pergunta. – Anahí assentiu já sem paciência, querendo se livrar rapidamente dele – Porque você me beijou naquele dia e agora decidiu ignorar minha existência?

Ao entender rapidamente o que havia por trás dessa pergunta, ela sorriu triunfante.

– Não me diga que se apaixonou, bebê – disse e voltou a caminhar.

AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora