Capítulo 7 - Libertad

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Deja atras el disfraz quema ya el antifaz
tu destino es vivir y sentir, dejando de fingir

Anahí estava tão, tão cansada de tudo.

Depois de Enrique dar a entender que sabia do seu caso com Derrick havia decidido mantê-la ocupada durante as vinte e quatro horas do dia para que não tivesse tempo de visitar a ala dos empregados.

Primeiro, contratou um professor de francês e Italiano para lhe dar longas lições todas as tardes depois que ela saia da escola. Depois, acrescentou a sua rotina algumas atividades do escritório, como se fosse uma mera secretária, estava encarregada de revisar documentos importantes – sendo que ela tinha apenas dezessete anos –. Na última semana ele a encarregou de treinar todos os dias redações para as inscrições da faculdade que só aconteceriam no ano seguinte.

Quando Anahí finalmente terminava de fazer tudo isso já era tarde demais para que fizesse qualquer outra coisa e isso estava deixando-a tão exausta que seu humor estava péssimo. Para o pouco tempo que tinha naquele dia, chamou Poncho para fazer o maldito trabalho e o simples ato de ele segurar uma foto de Marichelo e parecer olhar curiosamente suas fotos fez com que sua paciência sumisse na hora.

Estava brava com ele por conta da sua maldita pergunta.

"Algo em você é real?"

Estava com raiva das palavras de Miranda.

Estava com raiva de Enrique.

E estava com muito sono, mas não conseguiria dormir tão cedo graças a maldita ansiedade.

Sono esse que sumiu pouco depois que Alfonso saiu praticamente correndo de sua casa, então, ela combinou com Derrick – que por incrível que pareça não havia sido demitido depois de tudo – por mensagens a próxima saída. Havia passado dias demais trancada em casa, não havia pisado em outro lugar além da escola desde aquele maldito dia na boate. Precisava relaxar sozinha, essa cidade a tirava do sério.

Estava a tanto tempo no papel de boa moça e estava exausta de agradar o pai. Exausta de não poder agir de acordo com suas vontades e não suportava mais a existência de Alfonso Herrera no mesmo plano terrestre. Respirar o mesmo ar que ele a irritava, ter sido vizinha de armário a enfurecia e sentar ao seu lado na sala lhe causava um desprezo enorme.

Por quê?

Não entendia como um nerd sem graça a fazia sentir todo esse turbilhão de sentimentos negativos. Ou talvez sejam sentimentos positivos e Anahí odiasse tanto senti-los que preferia encobrir com ódio. A verdade é que pensava nele, até demais, desde aquele dia. Pelo jeito como ele a olhava, imaginava que era recíproco, mas por que não o deixava se aproximar?

Nunca tinha acreditado nisso de amor à primeira vista, acreditava que era só uma invenção de escritores para fazer os mocinhos ficarem juntos antes do grande plot twist. Se apaixonar sem saber nada sobre outra pessoa? Amar antes de saber se o beijo encaixa? Ou sem pelo menos ter conversas legais com o outro? Era a maior fake News de todos os tempos. Apesar de pensar nele mais que gostaria, Anahí não se sentia capaz de se apaixonar por Alfonso e nem por nenhum outro garoto, ou garota. Não deixaria ninguém se aproximar o suficiente pra isso.

Ela precisava de novos ares, novas opções e iria encontra-las essa noite, depois que todos dormissem. Na mesma boate que o conheceu.

A vítima escolhida dessa vez foi um dos jogadores do time de Alejandro López. Alto, musculoso e com um belo par de olhos escuros. Não era seu tipo preferido mas atenderia perfeitamente sua necessidade de esquecer seus pensamentos aleatórios em um certo nerd. O fitou com o olhar e esperou que ele se desse conta que tinha interesse. Assim que o jogador, Marcos Chaparro, olhou para ela, Anahí acenou rapidinho da mesma forma que as garotas do outro lado faziam e ele cochichou algo no ouvido do amigo ao lado.

AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora