Capítulo 4 - Rebelde

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Mientras mi mente viaja donde tú estás
Mi padre grita otra vez

Apesar de ter contratado um bom professor particular, Enrique Puente insistia que sua filha precisava frequentar a escola local e ter um ensino médio normal.

Ela preferia ter professores particulares o dia todo a perder tempo com "adolescentes imaturos", era esperta, sabia que sem muito esforço conseguiria uma carta de recomendação para Harvard. Ele pensava diferente, queria que toda a cidade a conhecesse finalmente e que a julgassem como uma moça recatada e inteligente, não uma vadia instável e fria que seria incapaz de assumir seu império.

A mudança de imagem era o primeiro passo para qualquer que fosse seu novo plano.
E também uma forma de a castigar ainda mais.

As aulas começariam em poucas horas e a ideia de acordar cedo não agradava em nada a Anahí, seu mau humor já se fazia presente tão cedo. Havia se acostumado a ficar em casa por conta do castigo e desde a fuga no primeiro dia na cidade, não tinha tido a oportunidade de sair novamente. Tinha aproveitado bem a companhia de seu piano e visitado com uma certa frequência a área dos empregados para extravasar, não queria sair aquela rotina para interagir com losers.

Contrariando as recomendações de seu pai, vestiu uma roupa pouco recatada que com certeza o irritaria mais do que um ataque direto. Estavam sendo assim os últimos meses, não se falavam muito, mas sempre faziam questão de provocar ou debochar um do outro todos os dias. O vestido preto que ela havia escolhido para o primeiro dia não era vulgar, era elegante e chamativo, tinha um decote breve mas que deixava uma grande margem para a imaginação de quem o observasse, a parte debaixo era longa, mas justa ao ponto de a calcinha ficar marcada. Ela optou por não usar. A calcinha. O batom vermelho marcante complementava a estética perfeitamente. Estava pronta pra pisar no primeiro idiota que passasse na sua frente.

Anahí pegou o celular que estava largado em sua cama bagunçada e enviou uma breve mensagem para o segurança leva-la para escola no carro novo de Enrique, era um Mercedes preto que ela estava doida para dirigir mas ainda não podia. Maldito castigo. Aproveitaria a mensagem para pedir que o segurança a entregasse algo que ela havia esquecido propositalmente no quarto dele. Estavam se vendo com uma certa frequência, quando ela estava no tédio - o que acontecia muito já que não podia sair - e quando tanto Enrique quanto Elena saiam.

Não havia tido problemas com a saída da primeira noite, Enrique chegou bêbado o suficiente pra não notar nem sua própria sombra e no dia seguinte ainda a parabenizou pelo bom comportamento. Quem realmente foi parabenizado e devidamente recompensado foi Derrick James. Ele era cerca de cinco ou seis anos mais velho que ela, trabalhava com sua família desde pouco antes de Marichelo desaparecer e os encontros íntimos surgiram só depois que ela abraçou sua nova persona. Não mantinham exclusividade um com o outro, - pelo menos ela não era exclusiva de ninguém - mas se visitavam nos cantinhos não frequentados da imensa mansão.

- Filha - as vozes dos pais ecoarem pela sala antes que tivesse chance de sair escondida, tinha tomado café na cozinha porque não queria ter um momento família clichê antes de enfrentar o hospício que eles tinham determinado como castigo. Foi em vão.

- Quer que eu te acompanhe? - pergunta Elena com sua voz terna e doce - sei que tudo isso é novo pra você, escola nova, amigos novos...

- Estou bem grandinha pra ser levada pra escola pela minha mamãe! - debochou. - Fora que, Derrick vai me levar, já avisei a ele.

- Por favor, querida.

Seu olhar era de suplica e ela queria algo além de um momento mãe e filha. Estava estranha.

AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora