Capítulo 10 - Me Despido

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Que cualquier cosa es mejor
Que acostumbrarse al dolor

Uma semana se passou desde todo aquele caos na escola.

Anahí não tinha saído do castigo nesse período e não podia nem se quer sair do quarto.

Desde então não havia se quer ouvido a voz de Enrique, muito menos a de Elena. Esperava que seu pai ainda estivesse com raiva, mas tinha se iludido brevemente que sua mãe apareceria e a tiraria do castigo assim como quando era criança e Marichello não podia defende-la.

Os únicos que via eram os empregados que traziam comida e recolhiam apenas as roupas sujas, eles não tinham autorização de falar com ela. Também via Derrick, que sabe Deus como arrumava um jeito de passar pelos seguranças novos – que o substituíram depois de ter sido demitido – e subia para o quarto dela pela janela que Anahí sempre abria quando via o sol começar a se pôr. Ela não tinha muitas opções, ou deixava que ele entrasse e a distraísse ou enlouqueceria sozinha.

Quem também não frequentou a escola por alguns dias foi Marcos, que tinha quebrado a perna depois de uma queda no banheiro. Todos estranhavam já que tinha um olho roxo e alguns arranhões como se tivesse brigado, ou apanhado de alguém.

Enrique tinha se encarregado de achar alguém que pudesse deixar claro para o garoto que não podia mexer com um Puente e ficar impune. Mesmo não suportando olhar na cara da filha e tendo sido financeiramente prejudicado por isso, tinha feito Marcos jurar que desmentiria toda a história, faria um pedido de desculpas no mesmo perfil que usou para ataca-la e depois não se aproximaria mais dela em hipótese alguma. Enrique também cuidou dos amigos dele que tinham feito vários comentários maldosos. Bastou uma ligação para Abigail e uma doação generosa para que todos eles fossem seriamente advertidos e castigados por terem praticado bullying e difamação.

Mas nada tinha sido o suficiente para calar as más línguas. Ainda comentavam o assunto, especulavam sobre ela não ter frequentado a escola nos últimos dias e a solução que o patriarca arrumou foi absurda. Simplesmente publicou uma nota no twitter da família dizendo que Anahí estava muito deprimida pelo que disseram e estava vivendo uma depressão leve.

"Após o lamentável episódio de bullying, a herdeira do império Puente-Portilla, Anahí Puente, foi diagnosticada com depressão de grau leve e está ausente de suas obrigações estudantis para fins de tratamento..."

Era mentira mas Maite, Dulce e Alfonso não sabiam disso.

Maite estava sinceramente arrependida de ter agido daquela forma. Estava tão acostumada a não ter amigos que quando a encarregaram de ajudar Anahí a se adaptar na escola, tinha se iludido que seriam amigas e ao ver que ela preferia se manter afastada de todos, teve suas expectativas frustradas. Quando viu a nota, sentiu a culpa pesar sob suas costas.

Dulce acabou tomando as dores de Anahí. A defendia a todo custo de todos os abutres da escola. Não a conhecia bem e não sabia se o que Marcos disse era verdade mas julgava que ninguém deveria ser exposto e humilhado daquela forma. A procurou pelas redes sociais e mandou inúmeras mensagens mas não obteve nenhuma resposta e estava aflita por isso.

Já Alfonso havia ficado muito magoado com o que viu na janela, aqueles dias sem vê-la eram como uma dádiva para que aos poucos pudesse esquecer e apesar de preocupado, não a visitaria de novo por um profundo medo de ser novamente surpreendido. Ficava se remoendo sobre a veracidade da nota mas não tinha coragem de agir.

– Querida? – Anahí estava completamente coberta com os lençóis mas soube rapidamente de quem era a voz.

Elena entrou no quarto e começou a organizar brevemente o pequeno caos que havia por todos os lados. Abriu as janelas, deu nós nas cortinas e apanhou alguns travesseiros que estavam no chão.

AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora