Julie era a melhor companhia que alguém poderia ter. Louis tinha decidido isso nos três primeiros dias de convivência com a gatinha. Ela era fofa, amorosa e tão carente quanto ele, ambos necessitavam de amor e o ômega podia fornece-lo a ela.
O pequeno homem sempre conversava bastante com a filhote, como nunca conversou com ninguém, ela era sua maior confidente, um diário para todos os seus segredos. Amava acordar com ela esfregando-se em sua bochecha para que abrisse a porta, já que seu alimento ficava do lado de fora.
No oitavo dia, Louis já não se imaginava sem a filhote, eles estavam juntos para tudo, até quando o ômega ia tomar banho, a gatinha ficava do lado de fora do box, apenas esperando.
Harry se sentia um pouco melhor em ver como o animalzinho estava fazendo bem para seu ômega, ele até tinha almoçado à mesa um dia desses. Sentia que ainda podia fazer infinitamente mais, mas tinha que começar por algum lugar.
Já ia fazer um mês que trabalhava para o ômega e podia contar nos dedos as vezes em que trocaram mais que frases rasas, ainda sim perguntava todos os dias se estava bem ou se precisava de algo. Tinha descoberto que seu ômega amava frutas com granola, ou aveia, dependia do dia, então sempre cuidava para que houvesse isso no seu café da manhã ou da tarde.
O ômega estava se alimentando um pouco melhor, o que fazia o alfa pensar que talvez não fosse verdade que ele não gostava de comer, apenas não tinha incentivo ou vontade, as coisas poderiam ser adaptadas. Era como a sua insegurança, o ômega nunca estava seguro para fazer nada, então o outro fazia de tudo para que entendesse que ele era perfeito do seu jeito.
As vezes deixava escapar o quão lindo achava o pequeno ômega, todas as vezes o sentia se afastar, como se aquilo fosse impossível. Como se o alfa estivesse sob algum feitiço terrível.
— Não é lindo? — o alfa pode escutar a vozinha baixa do seu pequeno através da porta — Eu acho que gostaria de ter um, é eu gostaria, mas acho que ficaria horrível. Não sou bonito. — um suspiro triste foi ouvido — Mas você é, podia fazer um para você, filha. — a última frase saiu um pouco mais alegre.
Hazz sentiu vontade de entrar no quarto, pegar o ômega e o adorar, dizer com todas as palavras existentes o quão lindo e maravilhoso era.
— Vamos fazer um vestido para você então. Vai ficar lindo.
O alfa bateu na porta, recebendo a mesma autorização de sempre para entrar.
— Ei, ômega. — seus olhos passaram por todo o quarto, não achando em lugar nenhum, até que um braço fosse erguido, sinalizando que estavam atrás da grande cama — O que estão fazendo? — Ele se aproximou da cama, vendo seu ômega com um caderno, um estojo e o gatinho.
— Julie e eu estamos desenhando. Pode pegar meu celular, por favor? — apontou para a compra no canto do quarto — Obrigada.
— Posso ficar um pouco aqui?
Ele recebeu um aceno de confirmação, então se sentou, admirando os dois. O ômega mecheu no celular, levando ao ouvido logo depois.
— Alô? — a voz do seu amigo soou depois do terceiro toque — Lou? Você está bem?
— Hey, gummy.
A linha ficou silenciosa por alguns segundos, Niall abria e fechava a boca, sem saber o que dizer ou fazer.
— Hey, buddy. Como você está, meu amor?
— Estou bem. Seu amigo cozinheiro chato anda fazendo um bom trabalho. — ele puxou um fio invisível da manta, não estava olhando para o alfa, então não pode ver o sorriso que nasceu em seu rosto — Ele me deu uma gatinha de presente, o nome dela é Julie. Ela é perfeita.
— Ah, é? Isso é incrível, querido.
— É sim, nós conversamos bastante. — Julie se mecheu em seu colo, como se soubesse que estavam falando dela — Estava pensando em fazer um vestido para ela. Será que poderia abrir o ateliê para mim?
— Buddy — Niall soou hesitante. Ele não sabia se podia fazer isso, tinha memórias tão ruins e sentia medo de que elas voltassem a acontecer.
— Eu juro que é só um vestidinho. Não vou me machucar mais. — trouxe o braço para mais perto do tronco, que tentou escondê-lo — Hazz também pode ficar comigo o tempo inteiro.
— Tudo bem. Passo aí mais tarde, é bom que podemos conversar.
— Uhm. Que tal se você e o Zayn viesse jantar aqui? Acho que podemos recebê-los. — ele lançou um olhar interrogativo para o alfa, que apesar de distraído, assentiu — Podemos.
— Claro! — a confirmação soou exagerada, mas o outro ômega mal podia conter a animação — Estaremos aí as 19h.
— Ok.
— Buddy? — chamou antes que desligassem — Eu te amo demais.
— Também amo você, gummy.
O ômega olhava o celular com um sorriso mínimo, quase inexistente. Sentia falta dos amigos, queria que estivessem juntos como antes.
— Eles virão?
— Sim. Desculpe por combinar coisas em cima da hora. Se não puder ficar, podemos pedir comida em algum restaurante.
— Posso cozinhar para vocês. Será uma honra.
— Participar também. Vocês são amigos, então será como um jantar casual de amigos.
— Isso é uma ordem do meu ômega ou do meu chefe?
O mais novo revirou os olhos. Alfa insistente.
— Não é uma ordem, é um convite.
— Preferia que fosse uma ordem. Aceitaria facilmente que mandasse em mim.
— Tonto. — atirou uma caneta em sua direção, que o outro desviou, rindo.
— Seu amor me inspira, ômega.
O ômega se perguntava se não era cansativo para ele, estar ali, insistindo em alguém que ao menos vê esperança em si mesmo. Tentando salvar algo que não tem salvação. Não percebia que era um barco furado no meio do oceano? Não havia botes ou qualquer outro meio de salvá-lo, o furo só era pequeno demais, então ninguém podia ver que estava afundando de qualquer jeito.
— Você é tipo um estilista?
— Sim. Sou formado em moda.
— Mas sua empresa não é voltada para isso?
— Não. É uma empresa a finanças e relações internacionais. Eu a odeio. Sempre tento estar o mais longe possível e Zayn tem carta branca para fazer o que quiser. Se não fosse por ele, já teria vendido faz muito tempo.
— Posso saber o por quê? É uma empresa multimilionária, uma das maiores no mercado, tem renome e importância.
— Meus pais morreram por conta daquela empresa. Por conta da ganância de outras pessoas. — e eu morri junto. Pensou em dizer.
— Sinto muito. Vocês tinham uma boa relação?
— Eles eram tudo para mim.
— Por isso você se tornou tão recluso?
O ômega sorriu, amargo.
— Quem dera fosse.

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Your Eyes - Larry
FanfictionLouis era um ômega lúpus que precisava de ajuda, sempre precisou, mas com o tempo, percebeu que teria que aprender a ser só. Com o fim trágico de seu relacionamento que já não andava bem, o ômega só se vê cada vez mais imerso em sua escuridão. Até...