No outro dia o ômega já estava quase completamente disposto, ele andava pela casa e ficava quase a todo momento a sombra do alfa, só o deixando quando um dos dois precisavam ir ao banheiro. Julie fazia questão de estar presente também, pareciam uma pequena família.
O ômega parecia diferente depois do cio, mais receptivo e aberto, como se tivesse enxergado algo. Precisava conversar com o psicólogo de novo e contar as novidades. Contar que, pela primeira vez, ele estava disposto a dar início àquilo, estava admitindo para si mesmo que era o que queria de verdade. Não havia dúvidas.
Quando foi obrigado a casar, achou que estivesse condicionado àquela vida para sempre, que seus sonhos nunca deixariam de ser sonhos e se amaldiçoava por não ter nascido um alfa, mas agora entendia que cada um vive de um jeito e as vezes somos obrigados a passar por coisas ruins para vivermos coisas maravilhosas depois. Gostaria de nunca ter vivido tudo aquilo, mas estava nos braços de seu soulmate e não trocaria aquilo por nada.
— Você cheira a algodão doce, princesa. — Harry sussurrou, esfregando o nariz na bochecha macia do menor, que estava deitado sobre seu corpo.
— Estou feliz. — afastou o rosto minimamente, queria encara-lo nos olhos — Você me faz feliz.
Com um cuidado quase sobre humano, Louis juntou seus lábios aos do alfa, em um toque puro e calmo. Apenas um selar longo e muito paciente da parte de ambos. Harry estava surpreso e um pouco assustado, ao mesmo tempo que se sentia contente em ter a confiança do menor, entendia que era um processo e que precisava de paciência. Todos os primeiros passos precisavam ser sinalizados por seu companheiro.
— Isso é bom. — Lou sussurrou ao abandonar o contato. Ele amava a forma como sabia que tinha controle ali — Podemos fazer sempre?
— Claro, princesa. Tudo que quiser.
O pequeno voltou a se deitar no peito do alfa, que continuou fazendo carinho em seus cabelos que agora estavam um pouco maiores.
— Alfa, você... costumava ficar com muitas pessoas antes? Ou agora, não sei. — Louis parecia confuso — Quer dizer, eu sou um pouco difícil e não temos nada ainda.
— Temos sim e não, nunca fui de ter diversas pessoas. Outros ômegas fazem meu lobo ficar muito incomodado, não gosto de alfas romanticamente e betas tem um certo preconceito com lúpus, só ficava com alguns ômegas no cio por extrema necessidade.
— Mas... você tem suas necessidades, como alfa e...
— Tenho duas mãos, ômega, sei me virar bem. — aquilo tinha saído sem nenhum pudor dos lábios rosados do maior — Nunca pensei em me unir permanentemente a alguém, ainda mais um ômega comum, não conseguiria nem se quisesse, então não faria meu pobre lobo passar por isso. Sem contar que poderia machucar um deles facilmente.
— Você pode me machucar?
— Morreria antes de fazê-lo. Nunca ergueria uma mão para você, princesa. — arrastou o nariz pela extensão do pescoço macio, inalado o cheirinho doce misturado com flores — A menos que peça.
— Alfa! — repreendeu o ômega, sentindo suas bochechas ficarem muito quentes. O maior riu, contando o quão adorável parecia aquilo — Você é um pervertido.
— Conversamos sobre tudo, lembra? Pode me dizer tudo que gosta, como gosta e eu só escutarei.
— Eu não sei. Nunca priorizei meu prazer, Ayla era um pouco egoísta. — deu de ombros, não gostava de falar assim da antiga namorada — Ela foi a única que tive um relacionamento de verdade.
— Então que bom que temos muito tempo para descobrir tudo que gosta. Já percebeu que tenho muita paciência, não é?
— É tão bom quanto dizem?
— É bastante individual, baby, algumas pessoas não gostam, outras adoram, algumas gostam tanto que querem todo dia a todo momento.
— E se eu não gostar?
— Então não faremos.
— Espero que eu goste muito. — desejou, arrancando risos de ambos — Espero me viciar em seu corpo assim como sou viciado em sua companhia, em você.
As pupilas de Harry pareceram dilatar cada vez mais, enquanto ele se mexeu, meio desconfortável.
— Princesa. — choramingou, apertando o ômega em seus braços — Não pode me dizer coisas assim e esperar que não haja nenhuma reação.
— O q...
— Você é muito bonita para o seu próprio bem. Vai ser minha ruína. — continuou passando o nariz por sua glândula, até que os dois estivessem completamente dopados pelos feromônios um do outro.
Ambos só acordaram de seus cochilos tranquilos algum tempo antes do jantar. Niall tinha mandado mensagens para lembrar e confirmar a presença de todos.
— Acho que vou usar um vestido. — Louis conversava com Julie, que parecia concordar — Posso fazer isso.
Ele sorriu, olhando a peça delicada e macia que tinha produzido com as próprias mãos, era um dos que tinha feito para si mesmo, muito parecido com o que tinha experimentado para seu amigo, mas de cor completamente diferente.
Tomou um banho, aproveitando para relaxar e cuidar um pouco de si, o que o fez demorar um pouco mais que de costume. Ele vestiu a peça com cuidado, não querendo amassar a mesma, aproveitou para admirar por alguns segundos a forma como parecia mais bonito e vivo, seus olhos brilhavam com algo que não fosse tristeza ou medo.
Seus dedos gordinhos acariciaram o forro do vestido, pensando uma última vez se estava preparado para aquilo e a resposta era sim, além de se sentir preparado, ele queria. Louis faria isso.
O alfa arfou ao ver seu ômega. Todas as palavras possíveis escaparam de seu cérebro, não havia como dizer com palavras gentis e amáveis tudo que aquele pequeno pecado parecia.
— Porra. — suspirou alto, sua mente fotografou aquela imagem permanentemente.
— Porra é um elogio? — brincou, chegando mais perto. Seu sorriso morreu ao ter a cintura segurada com certa força, fazendo com que ficassem bem próximos.
— Não tenho elogios suficientes. Acho que ninguém tem. — suas testas foram postas uma contra a outra — Quer que eu ajoelhe? Posso beijar o chão que andar.
— Alfa exagerado. — a mão macia delineou o rosto de detalhes fortes do outro, então se esticou para poder beijar sua boca, dessa vez em um contato mais íntimo. Ele queria e sabia que seu alfa lhe daria tudo que pedisse, então só resolveu pegar o que era seu por direito.

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Your Eyes - Larry
FanfictionLouis era um ômega lúpus que precisava de ajuda, sempre precisou, mas com o tempo, percebeu que teria que aprender a ser só. Com o fim trágico de seu relacionamento que já não andava bem, o ômega só se vê cada vez mais imerso em sua escuridão. Até...