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   Harry acariciava os cabelos de Louis enquanto admirava o pequeno ômega dormir. Ele tinha passado mal novamente e acabou dormindo de cansaço, apesar disso, horas atrás ele estava bem ativo e alegre, o que preocupava ainda mais o alfa.

   A maneira dual em que o ômega vinha estado o confundia imensamente, uma hora ele estava chorando, outra rindo e sendo amável. Não sabia exatamente como agir, só tentava ser carinhoso e deixar o menor confortável.

   Foi desperto por uma mão gordinha que tocou a sua, então seu ômega começou a se mexer devagar.

   — Amor? — a vozinha aveludada e cheia de carinho chamou — Meu estômago dói.

   — Sinto muito, princesa. Provavelmente é por conta do medicamento para a virose. Daqui a pouco passa, sim?

   — Estou com fome.

   Harry sorriu, se inclinando para deixar um beijo em sua testa. Amava alimentar o menor.

   — Vamos comer alguma coisa. — estendeu os braços para ele, como se faz com uma criança.

   Por sorte, o alfa tinha preparado uma sopa mais cedo, que parecia ser o que Louis precisava agora. O doutor falou que muitas vezes ele não conseguiria ingerir alimentos sólidos e pesados.

   — Queria um doce.

   — Princesa, não. O doutor fal...

   — Aquele doutor diz coisas demais. Não gosto dele. — resmungou, descontente — Já percebeu como ele me olha? É como se eu fosse um paspalho a toa.

   Não era impressão. Doutor Finigan tinha a mania de querer intuir tudo sobre uma pessoa e determinar sua personalidade. Desde de o começo ele viu Lou como um mimadinho e tem o tratado como tal desde então.

   — Por que não me falou antes? Posso quebrar a carta dele e mudamos de médico.

   Lou riu, abraçando a cintura do seu soulmate.

   — Amor, você não vai bater em ninguém. Só vamos trocar de médico.

   — Que tal agora? — ofereceu — Vamos ao hospital. O medicamento está te fazendo mal e eu tenho quase certeza que isso não deveria acontecer.

   — Estou com preguiça.

   — Ômega, agora não. Prometo que quando chegarmos podemos fazer o que quiser. — deu dois beijinhos na face do outro, o fazendo derreter em seus braços — Vamos.

   — Deixa eu me arrumar.

   — Não precisa. Você fica lindo de qualquer jeito. — jogou todo seu charme natural, fazendo o outro franzir o cenho.

   — Você é essa sua mania de tentar me enrolar. Vamos logo.

   Eles não demoraram mais que alguns minutos para saírem de casa e o trajeto foi rápido, contando com o fato de que o hospital não ficava longe.

   Diferente das outras vezes, quem os atendeu foi uma mulher simpática, uma ômega. Ela sorria bastante e isso deixava Louis confortável, mas seu cheiro estava o deixando enjoado.

   — Então, Louis, de quantas semanas você está? — ela perguntou depois de um tempo, assustando o pequeno.

   — Ah, não. Eu não estou, quer dizer, o outro médico confirmou que era uma virose apenas.

   — Você está sim, e também tem virose, é claro. Acho que o outro doutor cometeu um grande erro. Pode me passar sua prescrição médica?

   Louis a encarava atônito, sem qualquer reação, enquanto Harry tinha um sorrisinho de lado, porque ele sabia, ele sentia mesmo que dissessem que não, era como se estivesse fazendo parte dele também.

   — Princesa. — tocou o mão de seu amado, que o olhou, os olhos arregalados e cheios de lágrimas não derramadas.

   — Vamos ter um bebê.

   — Nós vamos.

   — E você sabia.

   — Eu suspeitava. — tentou amenizar a culpa diante o olhar acusatório.

   — Sujeitinho descarado.

   A doutora riu.

   — Ainda preciso do seu receituário.

   Louis o entregou, se desculpando pela falta de atenção. Sua mente estava longe, na verdade, ele só pensava no fato de que teria um neném e agora conseguia idealizar cada parte do pequeno serzinho da forma que gostaria.

   — Que irresponsável. Louis você fez todos os exames necessários?

   — Na verdade, ele fez uma ultrassom, apenas. Eu achei um pouco estranho não precisar de mais nada, mas não sou eu o médico.

   — Virose na gravidez é uma coisa normal, só que precisa ser tratada com cuidado e medicamentos próprios e ele receitou um que estava agredindo seu estômago e por pouco o bebê também.

   — Meu bebê está bem? — instintivamente, sua mão foi para o pé da barriga, onde agora sabia que tinha outra vida.

   — Vamos fazer exames e uma outra ultrassonografia, dessa vez vou receitar os remédios corretos e as vitaminas que você terá que tomar durante toda a gravidez.

   Eles passaram o resto da tarde fazendo exames e mais exames. Louis se sentia cansado, muito feliz, mas cansado. Harry não deixou de estar ao seu lado por um segundo sequer.

   — Bom, o bebê está bem. Sua imunidade está baixa, pra isso as vitaminas vão ajudar bastante. A partir de agora, terá que tomar muito cuidado com sua alimentação e com exercícios em excesso.

   Harry assistia os dois ômegas conversando enquanto sentia os apertos de Lou em sua mão, seu pequeno parecia bastante interessado em cada palavra que a doutora dizia. Já ele não conseguia prestar muita atenção, só conseguia imaginar como seu amor ficaria carregando seu filhote daqui a uns meses, a barriga esticada e Louis cada vez mais carente. Era uma ótima visão.

   — Como sabia? — O menor perguntou. Eles estavam no carro agora, Louis acariciava a mão de Harry, que estava sobre sua barriga.

   — Eu senti. Você estava estranho e seu cheiro está diferente, mais diferente do que já esteve em qualquer momento.

   — E como é?

   — Pipoca doce e caramelo. É bem fraquinho, mas ainda sim.

   — Como se sente sabendo que terá dois ômegas a partir de agora? — brincou, dando um sorriso tão lindo que o coração do outro pareceu ter perdido uma batida.

   — Me sinto o homem mais sortudo do mundo. Acho que o amor cresceu em dimensões exorbitantes. Não me culpe se não quiser solta-lo mais, ok?

   — Sabe que amo quando fica grudadinho comigo. Amor, o que acha de irmos na casa da sua mãe? Estou com saudades dela.

   — Acho ótimo. Você quer contar para alguém primeiro?

   — Não. Podemos contar para ela e as meninas e depois contamos para os meninos.

   — Tudo bem, então. Dona Anne vai surtar. Ela vai querer te prender naquela casa e não se separar dela até o bebê completar uns 15 anos, depois ela se mudará para o apartamento.

   Louis riu, divertido.

   — Tenho certeza que sim, ainda mais porque estou doente.

  

  

Your Eyes - LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora