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   Niall sentiu que estava entrando em pane total. Não conseguia assimilar aquilo.

   Zayn e Liam se encaravam fixamente de uma forma não territorial, não era como se eles fossem começar a brigar como alfas chatos que tem masculinidade frágil. Era como lealdade e necessidade, crua, porque nenhum deles havia tido tempo de moldar aquilo do jeito que queriam.

   O alfa mais velho esperava que pudesse ter todo o tempo do mundo. Esperava poder percorrer cada caminho até o outro, assim como podia o percorrer de todas as formas que quisesse. Queria tê-lo, assim como sentia que podia ser dele. Sabia que daqui a um tempo poderia se despir emocionalmente e teria uma casa para sempre.

   Liam tinha sido feito moldado a si. Tinha certeza que se precionassem-nos, eles se encaixariam divinamente.

   — Liam! — Niall interrompeu aquilo com um arfar quase escandaloso. Antes que o alfinha pudesse registrar, braços finos, mas fortes, o rodearam. Zayn quase engasgou com um grunhido contido — Estava com saudades.

   Sem conseguir se conter, o mais velho se levantou, tocando o braço de Liam e o afastando do abraço. O ato causou curiosidade no mais novo e estranheza em Nini, que não gostou muito.

   — Ei, o que pensa... Oh. — uma nuvem de clareza e entendimento atravessou o rosto dele — Você não precisa de um ômega.

   — Podemos conversar depois? — a pergunta foi destinada a Liam, esse que encarava o alfa que estava perto demais e ainda o segurava.

   — Eu tenho um intervalo em meia hora. — afirmou em um sussurro, que temeu não ser ouvido.

   — Posso esperar o tempo que for. — a contragosto, o soltou. Não queria se afastar — Pode pedir para que tragam a recomendação do chefe, por favor?

   — Claro. Com licença.

   Ambos voltaram a se sentar. Niall o encarava como se pudesse enxergar além de sua alma, como se estivesse filtrando todos os seus pecados.

   — O que pretende com o meu filhote? — indagou tão cortante que poderia derrubar um homem grande.

   — Você quer dizer meu soulmate? — sibilou, como uma cobra. O ômega soltou uma tentativa quase bem sucedida de rosnado — Não rosne para mim, merda.

   — Se você ousar dar um passo errado nisso, eu mato você. Se eu ver Liam derramar uma lágrima por sua causa, seu descarado vagabundo, terei que arrumar outro padrinho para a neném.

   — Quando ela crescer, vou tratar para que saiba como sua mãe é um manipuladorzinho de meia tigela. — a ameaça soada como promessa fez Niall rir.

   — Estou feliz por você. Pelo menos vai deixar de ser um mulherengo chato e vai andar sendo puxado por uma coleira. Quem diria? Nao era você que estava debochando do Harry por conta do Lou? O karma é uma vádia.

   — Vá se ferrar, ômega. 

~~~

   Niall estava em algum lugar importunando alguém, Zayn não deixou de sentir dó da pessoa, mas não queria se distrair do rapaz a sua frente. Na verdade, não queria perder um movimento sequer de Liam.

   Analisava a forma que ele franzia o cenho quando parecia confuso e como mechia as mãos ao falar. Sem contar no sorriso que fazia o coração do alfa mais velho saltar no peito. Aquilo não era normal, era?

   — O que o senh...

   — Pode me chamar de Zayn, Liam. Ou como achar melhor, só não de senhor. — tentou ir pelas beiradas, não queria assustar seu garoto.

   — Onde está o senhor Niall? Não queria atrapalhar o almoço de vocês. Sinto muito.

   Malik o olhava de maneira que ninguém nunca o fez. Ele o enxergava.

   — Ele deve estar enchendo o saco de alguém. Aquele ômega fala demais.

   — Achei que vocês fossem um casal.

   — Deus me livre. Não suportaria mais que algumas horas ao lado dele. Somos antigos e bons amigos.

   — O que quer conversar comigo? — Liam queria, mas não conseguiu conter a curiosida.

   Zayn riu ao ver o jeitinho de menino curioso de seu garoto.

   — Quero saber se posso ter a honra de um encontro com o meu soulmate. — disse, direto, se recostando na cadeira e cruzando os braços sobre o peito. Como seus braços estavam descobertos por conta da camiseta de manga curta, o menor pode ver algumas tatuagens, muitas, na verdade.

   — Você... eu... — ele suspirou, tentando manter uma linha de raciocínio vivido ali. Não queria parecer um pateta — Não está com raiva? Eu sou um alfa também, mesmo que não pareça muito. As pessoas têm preconceitos sobre isso.

   — Não ligo para pessoas, ligo para você, para o que quer. — seus olhos se encontraram novamente — Pelos deuses. Como pode alguém ser tão perfeito?

   Liam sentiu suas bochechas esquentarem a níveis altíssimos. Como alguém como aquele alfa podia dizer coisas assim para ele? Alguém que não tinha e nem merecia nada.

   — Eu sou novo demais. O que poderia querer de mim?

   — Está tentando convencer a mim ou a você mesmo? Era uma retórica? Tenho um monte de coisas que quero com você para citar, mas não quero nada de você. Talvez amor. — voltou a dar de ombros, pensando por um segundo — Amor é uma boa, se pudesse me amar um dia. E você? O que quer de mim? Posso lhe oferecer tudo. Meu coração, o céu, as estrelas. Te darei o mundo.

   — Você nem me conhece.

   — Sou melhor amigo do Harry. O conheço o suficiente por enquanto.

   — Não sei nada sobre você.

   — Pode pesquisar, se quiser.

   Era o que a maioria fazia, eles pesquisaram e se encantavam pela sua grandeza, depois iam embora porque nunca quiseram estar ali.

   — Não pode me contar? Gostaria de saber o que você quiser me dizer. — aquela sentença deixou o maior surpreso em tantos níveis — Qual sua idade? De onde você é?

   — Tenho 28 anos agora. Sou de Bradford, no Reino Unido.

   — Seu sotaque é bem forte. Isso é legal. O que você faz?

   — Trabalho em uma empresa de finanças e relações internacionais, é bem grande. — contou com orgulho. A empresa era uma das coisas que o fazia bem de verdade — Posso levá-lo lá um dia desses.

   — Parece legal. É permitido visitas?

   — Bem, a empresa é minha, então sim, eu posso levar quem eu quiser.

   Os olhos do menor cresceram consideravelmente.

   — Vão achar que eu sou um interesseiro. Não podemos fazer isso, sinto muito. Somos muito diferentes e nossas realidades são polos extremos. Não posso te oferecer nada.

   Antes que pudesse levantar, Zayn pegou sua mão, entrelaçando seus dedos. Adorou o contraste de suas peles tão diferentes.

   — Já disse que não quero nada, só que seja meu e eu serei completamente seu. Me dê uma chance, Li, e eu mostrarei que nada mais importa além de nós.

   — Eu... tudo bem. Só... por favor, não quebra meu coração.

   — Não poderia. Não quando o meu é seu para que faça o que quiser.

  

Your Eyes - LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora