15

993 107 2
                                    

   Ninguém sabia o por quê de Zayn estar daquele jeito desde o início do jantar, mas todos tinham percebido. Agora, já no fim, a expressão distraída tinha se tornado algo como triste.

   Niall e Louis estavam preocupados com o amigo. Sabiam que ele era meio bipolar, mas não àquele ponto. Harry tinha alguma ideia, mas não queria invadir seu espaço, ou deixá-lo constrangido de alguma forma.

   Apesar disso, esperariam até que ele estivesse confortável em dizer.

   Niall passou a noite inteira ao redor de Liam, até o convidou para se juntar a eles e quase chorou ao ter seu pedido negado. O alfa mais novo tinha certeza que nunca fora tão bajulado e se sentiu em casa com o ômega.

   Na hora de ir embora, o loiro o abraçou com força, uma força que nem parecia ter. Liam assistiu eles irem embora com uma promessa de que voltaria do ômega carente e nenhuma palavra do alfa que fez seu coração disparar.

   — O que acha que aconteceu? — Louis perguntou ao seu soulmate. Harry dirigia devagar em direção ao seu prédio, enquanto Lou estava quase deitado no banco do carona. Uma das mãos do alfa estava em sua coxa, fazendo uma carícia gostosa.

   — Viu o jeito que ele olhou para Liam? — outra pergunta não era bem o que esperava, mas essa o fez pensar com um pouco mais de clareza, afinal, não era sua culpa se era lerdo demais.

   — Você acha que... — a frase no ar foi um indicativo de pensamento com um pressuposto bastante firme. Liam e Zayn são destinados — Caramba. O Z vai surtar.

   — Bom, ele já estava surtando internamente.

   — Isso é tão grande. Nunca havia presenciado essa ligação entre dois alfas, é diferente, mas não deixa de ser especial.

   Harry sorriu da maneira doce que seu ômega dizia.

   — Ao contrário, meu bem. Só torna tudo mais especial.

~~~

   Zayn estava surtando.

   Era a forma definitiva e simples para explicar o que estava acontecendo.

   Era como se por alguma brincadeira idiota do universo, ele tivesse sido pego e jogado de volta aos 18 anos, onde mãos fazia ideia do que fazer com a sua vida e estava completamente perdido. Não podia ser.

   Suas costas largas foram deslizando lentamente pela porta, enquanto suas mãos cobertas de velhas tatuagens estavam entrelaçadas em sua nuca.

   — Relaxe, Z. — sussurrou para si mesmo — Estamos bem aqui, cara. O mundo é seu e sua vida também. Tudo já passou.

   Para o alfa, depois de um ponto em sua vida, não ter o controle era a coisa que o assombrava. Coisas que não podia controlar lhe causava o mais puro assombro e saber que aquele garoto era para ser seu lhe jogou em um poço escuro. Não estava preparado, pelo menos não achava que estava.

   Por outro lado, não era para isso que o mundo lhe preparava, era? Os anos na escola e consecutivamente na faculdade não lhe dizia o que fazer caso encontrasse com sua outra metade acidentalmente por aí. Aquele era o tipo de coisa que se descobria sozinho, com coragem e vontade.

   Tinha o exemplo dos amigos, a forma que Louis estava distraído e Harry foi sua luz. Tinha a força de Niall em que se inspirar e sabia que todos os seus amigos o apoiariam em qualquer que fosse sua decisão.

   Ele poderia fazer o que quisesse.

~~~

   — Zayn, seu grandessíssimo merdinha. Onde se meteu esses dias? — Niall invadiu a cobertura do amigo com uma vivacidade invejável — Pensa que pode sumir quando quer? Você não pode.

   Zayn, que tinha acabado de tomar banho e nem teve a oportunidade de se vestir, apertou a toalha em seu quadril, tomando cuidado para que ela não caísse.

   — E você pensa que pode invadir a casa dos outros assim? O que quer, em?

   — Me responda, vagabundo.

   — Passei a semana trabalhando como um condenado, não tive muito tempo.

   — Não sei por que ainda insisto em você, merda. Vá se vestir, vamos almoçar fora.

   O alfa sabia muito bem o que aquele ômega chato estava pretendendo com aquilo e não tinha a menor pretensão de contraria-lo. Aliás, tinha decidido que queria aquilo. Queria que seu amigo o levasse para aquele restaurante e queria poder sentir-se em casa novamente.

   Se vestiu um pouco menos formal que de costume, o que não diminuiu a sua beleza nem um pouco. Além disso, se sentia bem e preparado.

   — Vamos, criatura chata. — voltou a sala, vendo o amigo sentado impecavelmente enquanto mechia em seu celular.

   — Ótimo. Vamos.

   Eles saíram no carro do menor, que não parou de falar um segundo o caminho todo. Empolgação e felicidade emanava de seu corpo.

   Não demorou quase nada para que chegassem ao local que perceberam estar bastante cheio assim que entraram. Ambos rezaram para que houvesse um lugar vazio ali.

   — Boa tarde, senhores. — a recepcionista sorriu, educada — Alguma reserva?

   — Olá. — Niall lhe ofereceu o sorriso mais doce e afável do mundo, que derreteria qualquer um — Não fizemos reserva. Não pode fazer algo por esse ômega grávido que está morrendo de vontade de comer a comida deliciosa do chefe daqui? — usou o tom mais descarado, que sempre deixava o alfa intrigado. Como aquela bolotinha sempre conseguia tudo que queria?

   — Dois lugares? Acho que tenho uma mesa ótima por aqui. — a pobre moça não pôde lutar muito com aquilo, ainda mais com o cheirinho doce que vinha do menor.

   Ela os conduziu até uma mesa no canto que parecia ótima.

   — Obrigada. Sei que é demais mas, poderia dizer que eu pedi gentilmente para ser atendido pelo Liam, se ele estiver, é claro.

   — Posso sim. — ela sorriu — Com licença.

   — Eu tenho medo de você. — Zayn afirmou ao estarem sozinhos — Sempre faz isso e qualquer pobre coitado sempre cai.

   — Você é um deles, não reclame.

   — Faço suas vontades por medo, não por isso que faz com esses olhos de cachorro sem teto. E porque sou padrinho do neném, não vou deixar meu afilhado triste por alguma coisa.

   — Você é triste, sabia? Pessoa decadente. — O baixinho atirou um guardanapo, que o outro pegou com destreza — Deveria sorrir mais, ser um pouco mais carinhoso e feliz. Quando vai achar um ômega que valha a pena? Quero sobrinhos e afilhados também.

   — Nunca.

   — Pare de dizer isso. Todos precisam de alguém.

   — Nunca vou precisar de um ômega. — reafirmou com a voz beirando a indiferença. Sentiu uma leveza ao externar aquilo. Não precisava de ômega algum.

   — Olá, vocês. — a voz doce e suave os interrompeu.

   E ali estava quem ele precisava. Apenas isso.

Your Eyes - LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora