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   Foram cinco dias infernais. Nada mais que dor e excitação passavam pelo corpo pequeno do ômega. Nem as camisetas com o cheiro do alfa que o mesmo tinha deixado ajudaram, ao contrário, ele só parecia mais necessitado do alfa.

   Assim que o cio passou, ele se sentiu destruído, completamente exausto e sabia que podia dormir por dias e só não o fez porque seu companheiro não o deixou. Harry estava ali na manhã seguinte, como esteve durante todas as semanas anteriores. O ômega podia sentir seu lobo ronronar em seu interior assim que sentiu o cheiro e o toque do mais velho.

   — Oi, princesa. — O maior sorriu, sentindo o menor se deitar em seu colo, o agarrando como um filhote de panda — Senti sua falta. — seus braços passaram pela cintura fina do outro, enquanto cheirava os cabelos negros que tanto amava.

   — Alfa. — ronronou e se esfregou no pescoço do companheiro, esperava que o cheiro de floresta que o arremetia a casa tomasse seus sentidos e o acalmasse por completo.

   Ômegas, principalmente lúpus, tinham tendência a ficar extremamente carente e necessitados de atenção após o cio. O alfa sabia e por isso estava ali, queria ficar ao lado de seu soulmate depois de tantos dias.

   — Estou aqui, amor. Não vou mais deixá-lo. — aquilo soou como uma promessa, uma promessa sincera que ele nunca quebraria — Vou passar todo o tempo que puder com você, sim, ômega manhoso?

   — Hum. — O lobo parecia imensamente feliz em ter o corpo forte o segurando protetoramente. Sabia que estava seguro. Estava em casa.

   — Que tal se você dormisse mais um pouco enquanto preparo algo para comer?

   — Não. — negou imediatamente, as mãos pequenas agarrando o tecido da blusa — Não me deixa. Fica aqui comigo.

   — Está bem. Durma, princesa. Estarei aqui quando acordar.

   Ele o fez. Aos poucos seus sentidos foram deixando o corpo, até que estivesse envolto pelos melhores sonhos. O alfa se sentia como um garotinho que havia ganhado seu primeiro presente, saber que seu ômega o queria por perto fazia com que ele se apaixonasse mais a cada segundo. Era como estar completo.

   Harry sempre fantasiou como seria quando achasse a pessoa que lhe foi destinada. Gostava de pensar que se um dia o encontrasse, eles poderiam ser o porto seguro um do outro, seriam melhores amigos e amantes, brincaram sobre vários assuntos e ririam mesmo quando não havesse motivos. Queria ter a oportunidade de viver um amor tão intenso quanto alguns que teve o prazer de presenciar e agora podia. Podia ceder um pouco de sua existência àquela pessoa tão linda e que gostaria de ver brilhar.

   Seu coração estava com quem ele mais desejou.

   Um suspiro não tão satisfeito escapou de seus lábios ao ter que deixar o quarto do ômega, não gostava de se afastar, sempre podia sentir seu lobo reclamar, mas também sabia que tinha que alimentar seu amado.

   Ele demorou bons minutos preparando tudo que sabia que o pequeno podia gostar e assim que voltou para o quarto, pode ver o ômega sentado na cama, encarava as próprias mãos e tinha uma expressão confusa, quase chorosa.

   — Princesa? — chamou, deixando a bandeja sobre a mesinha de canto e indo até o pequeno — Tudo bem, amor?

   Louis o olhou com os olhos redondos, que agora pareciam menores, então, como o ômega manhoso que era, se deslocou preguiçosamente para o colo do maior. Hazz tentou reclamar, mas Lou só se aconchegou mais, fazendo com que seu alfa apenas o abraçasse mais.

   — Omegazinho manhoso. — os dedos longos acariciaram a pele macia e leitosa de Louis, que ronronou — Tem que comer, princesa. Niall me disse que não se alimentou direito.

   Louis não conseguiu segurar o rosnado ao ver seu alfa falar de outro ômega tão amigavelmente. Culparia o pós cio por aquilo.

   — Alfa. — enfiou o rosto no pescoço de Harry, esfregando o nariz em sua glândula, instantaneamente ambos os cheiros se tornaram mais fortes, o de Hazz para transmitir segurança e o de Lou demonstrava que ali era sua casa e que gostava daquilo. Ambos extremamente agradáveis.

   — Que tal se você comece ao menos metade do que eu trouxe e eu te deixo descansar por mais duas horas? Sem exercícios por hoje, sim?

   — Só se ficar comigo. — trouxe novamente a mão do alfa para seus cabelos, deixando um leve selar no maxilar marcado do mais velho — Não quero ficar sem você.

   — Ômega, ainda está sentindo os efeitos do cio? — segurou o rosto do pequeno, o fazendo encarar seus olhos.

   — Não. Sempre fico manhoso, na verdade, eu sou manhoso. — O alfa viu algo como preocupação atravessar seu rosto — Você não... não gosta?

  — Não é isso, minha princesa. Eu amo todos os seus jeitinhos, só estranhei, você quase nunca é tão receptivo.

   — Me desculpe...

   — Já conversamos sobre isso, você não tem que ficar pedindo desculpas por tudo. Eu amo seu jeitinho manhoso e amo mais ainda que se sinta confortável para ser você comigo.

   — Então não liga de eu sempre querer colo e ficar me esfregando e ronronando?

   — Eu adoro, de verdade. Não ronrone para mais ninguém, sim? É a coisa mais perfeita do mundo. Caramba, você é perfeito.

   O modo como aquilo saiu tão naturalmente podia fazer com que qualquer um tivesse um ataque, inclusive o ômega, que reparava em cada mínimo elogio e em como eles soavam permanentes e não momentâneos. Louis é perfeito, não parecia momentaneamente perfeito.

   — Você é o melhor alfa do mundo, não me canso de dizer isso. — tocou seu rosto com leveza — Mal posso esperar para estarmos juntos e podermos ser um casal.

   — Eu também não, amor.
  
   O alfa ajudou o menor a comer, o que na verdade se resumia em dar a comida da boca dele. Eles conversavam sobre coisas banais e como tinham passado os dias em que ficaram separados, Harry parecia extremamente interessado em qualquer palavra que saia da boca do ômega.

   Boa parte do dia eles passaram daquele jeito, juntos e empoleirados na cama, até a campainha tocar no meio da tarde.

   — Olá, alfa bonitão. — Niall sorriu para o mesmo ao entrar na casa sem nem mesmo esperar por um convite.

   — Olá, Niall.

   — Onde está meu amigo?

   — No quarto. Está deitado.

   — Ainda? Vou vê-lo. Nos deixe a sós e não pode escutar nossa conversa. É coisa de ômega.

   Hazz riu, erguendo as mãos em rendição. Tinha um amigo doido.

Your Eyes - LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora