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   Mesmo depois de um mês, Louis ainda se sentia caído. Bom, ele estava literalmente, mas não esperava que continuasse por tanto tempo.

   Depois da primeira semana as pessoas começaram a perguntar, porque ele era importante, querendo ou não, as pessoas ainda o conheciam e davam conta de sua falta. As revistas extremamente sensacionalistas publicavam hipóteses do seu sumiço, acharam que era o cio, mas descartaram assim que Ayla foi vista em um shopping, ela era sua alfa, afinal. Disseram que ele tinha viajado, o que ainda é o mais veemente. Alguns insistiram que o jovem estava morto.

   Seus dois únicos amigos aparareceram diversas vezes, mas nunca ficavam mais do que alguns minutos, já que eles estavam ocupados demais cuidando da sua empresa. O ômega tentou dizer que estava bem, mas eles não se convenceram, então sempre voltavam para lhe alimentar e garantir que tinha ao menos tomado banho. Já haviam passado por aquilo, sabiam que quando acontecia, o amigo ficava praticamente inerte no tempo. Eles o amavam demais, era parte de sua pequena família, então não iam deixar que se fosse tão cedo.

   O ômega estava acostumado com aquilo. Lamentava que fosse tão fraco, mas ele não foi ensinado a ser melhor, ao contrário, ele foi ensinado a ser sozinho triste e insuficiente. Todos sempre o apontavam como tão pouco. Depois de um tempo ele só sabia, ninguém mais precisava dizer.

   Zayn e Niall entraram no apartamento em uma tarde chuvosa, diferente das outras vezes, não estavam sozinhos.

   — Lou? — Niall, um ômega, chamou. Eles sabiam que o amigo estava preso em seu quarto, então apenas pediram que o outro esperasse ali por um momento.

   — Olá, amigo. — Zayn entrou no cômodo totalmente escuro. Apesar de ser um alfa com bons sentidos, não conseguia distinguir a mistura de cheiros que impregnavam cada canto.

   Louis fechou os olhos, imediatamente. Tentando fingir que não os ouvia.

   — Ei, buddy. — Niall se aproximou, tocando a lateral do corpo do menor, que tentou não estremecer — Sabemos que está acordado. Podemos conversar, por favor?

   Louis se deu por vencido, então se sentou, sentindo o corpo doer. Podia sentir um cheiro diferente, o qual nunca havia sentido antes. Era bom.

   — Como você está? — Zayn se juntou aos dois ômegas, segurando a mão trêmula do amigo — Comeu alguma coisa hoje?

   — Estou bem. — ele tentou sorrir. Esperava que os amigos não se aprofundassem no assunto da alimentação de novo.

   Não estava bem. Seu corpo começava a denunciar a falta de sono e alimentação, seus olhos pareciam fundos e avermelhados, seu tão agradável cheiro começava a amargar e seus cabelos estavam caindo demais.

   — Trouxemos alguém. O nome dele é Harry, mas gosta que chamamos de Hazz. — O tom do ômega era ameno e explicativo, como se falasse com uma criança, enquanto acariciava seus cabelos — Ele é um lúpus também, e assim como você vive pelas regras da sua sociedade.

   — Por que isso? Quem é esse?

   — Ele é formado em gastronomia e aceitou ser seu cozinheiro.

   Imediatamente uma expressão azeda tomou o rosto do mais novo.

   — Já conversamos sobre isso.

   — Sabemos que sim, mas você precisa de alguém, Lou. Ele vai ajudá-lo no que precisar e vai preparar todas as refeições que você precisa.

   — Eu não quero. — Louis se levantou, rápido demais, o que o fez cambalear, assustando os outros.

   — Pelos deuses, Louis. — Zayn o segurou com firmeza, impedindo que ele caísse outra vez — Você não comeu, não é?

   Niall estava se segurando muito para não chorar, ele tinha que ser forte pelo amigo.

   — Buddy, por favor. — as mãos delicadas o tocaram, aquilo não tinha saído como um simples pedido, Niall estava implorando. Implorando por sua vida — Não posso te perder também, eu não consigo.

   Louis não conseguia mais chorar. Ele não tinha líquido o suficiente no corpo, vinha o feito demais no último mês, estão abraçou o amigo. Tinha na mente que seus braços finos não serviam para consolar ninguém, então não podia fazer muito, mas estava fazendo seu máximo.

   Eram as únicas coisas boas que ele tinha.

   — Me desculpa, Nini. Eu não queria.

   — Nos deixe tentar cuidar de você, por favor. Só por mais um tempo, não desiste agora.

   O ômega não tinha desistido em seus 25 anos de desgraça, ele tinha acostumado a apanhar, não apenas metaforicamente falando. Deveria aguentar por mais um certo tempo, então descansaria, talvez.

   — Eu posso... posso tentar. Mas vocês podem aceitar que eu faça isso aqui dentro? Não consigo sair. Tenho medo.

   — Buddy, nós sempre estaremos aqui dentro. — aquilo era uma metáfora, Louis entendia. Eles não podiam ficar, diferente de si, tinham uma vida a ser vivida.

   — Então o Hazz pode ficar?

   — Se ele focar longe de mim, sim.

   Zayn suspirou, feliz. Podia parecer pouco, mas já era um começo.

   — Ótimo. Vamos apresenta-los, então.

   Antes que o mais novo pudesse reclamar ou se opor, ambos o conduziram para fora do quarto. Suas meias felpudas tocavam o chão frio, ele se sentia gelado.

   O alfa estava na sala, sentado em um dos sofás, nervoso e ansioso. Ele sentia o cheiro que, apesar de confuso, era bastante presente. Pela primeira vez em tempos, seu lobo parecia descontrolado e ele soube o porquê assim que pôs os olhos no pequeno omega que vinha sendo trazido pelos dois mais altos. Não dava para se ver quase nada, o moletom exageradamente grande parecia engoli-lo, a franja um pouco grande caia sobre seu rosto delicado, não dando chance de ver quase nada.

   — Hazz — Niall, o ômega que havia o contratado, chamou sua atenção — Este é nosso irmão, Louis. Lou, esse é o Harry.

   Seus olhos subiram por apenas alguns segundos, apenas o tempo suficiente para localizar o alfa de cheiro bom e forte em sua sala. Uma mão foi estendida em sua direção e ele só não recuou por conta dos braços ao seu redor.

   Sua mão pegou a outra muito hesitante. O contato foi mínimo por conta do moletom, que cobria boa parte da palma.

   — É um prazer, senhor Tomlinson. — a voz forte fez com que alguns pelos se eriçacem, sem controle.

   Seus olhos se encontraram. Era uma mistura estranha de azul e algo que parecia verde. Louis não se lembrava de um dia ter visto orbes tão bonita e únicas, eram envolvidas de mistério e uma beleza imensurável. Era vida. Harry não se lembrava de ter visto profundezas tão escuras e triste, havia tanta solidão, como o fundo do mar. Era escuridão.

   Ele sentiu necessidade de cuidar do pequeno ômega, cuidaria independente do que fosse.

Your Eyes - LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora