09

1.4K 158 3
                                    

   A cada dia que passava o alfa fazia questão de se mostrar ainda mais presente e receptivo, mesmo quando o ômega não queria sair de sua cama, eles sempre tinham o que conversar e nunca estavam cansados da presença do outro.

   Louis era levado ao psicólogo duas vezes por semana, tinha passado a tomar algumas vitaminas e suspendeu os supressores, o que resultou em melhor desempenho para tudo, seu cheiro estava mais forte e estava com mais vontade de fazer algumas coisas. A parte que mais odiava era a academia, apesar de gostar das mudanças recentes em seu corpo, não gostava de como seus ossos pareciam doer.

   O alfa estava ao seu lado em todos os momentos, sem exceção, tinha até saído em algumas páginas de fofoca sobre seu suposto novo relacionamento. Não podia negar que odiava mais que quase tudo aquela invasão de sua privacidade.

   — Ômega, o almoço está pronto. — O alfa apareceu na sala, encarando Louis, que estava sentado no tapete, mexendo em seu notebook. Parecia confuso — Ei, o que houve?

   — A minha ex. — apontou para a tela do aparelho — Ela falou com uma revista, contou coisas sobre nosso relacionamento, como era dedicada e como eu nunca dei a mínima importância para o seu esforço. Como eu fui inescrupuloso ao negar a única coisa que ela já tinha me pedido e como eu sou frigido.

   Harry se sentou ao seu lado, pegando o notebook e começando a ler a entrevista. O mais novo se encostou nele, que passou um braço ao seu redor. Sempre ficavam daquele jeito, já estava virando costume, um ótimo costume.

   — Que vádia. — sibilou ao terminar — Isso é difamação.

   — Não. — deu de ombros. Na verdade, ele não ligava muito para aquilo — É a verdade. Ela queria alguma coisa, mesmo por motivos errados, eu nunca quis nada, nunca me doei o suficiente. Também não sentia... prazer com aquilo.

   — O que ela queria?

   — Um filhote. Primeiro queria me marcar, depois um filhote.

   — Mas você é um lúpus.

   — Ela disse que podíamos ser uma exceção. Sabe, não tiro a razão de Ayla, ela perdeu bastante tempo comigo, eu fui alguém que não se interessava em muita coisa, vivia tomando remédios que não me deixavam sentir. Eu nunca conseguiria ama-la, sabemos o porquê, mas não a amaria nem se pudesse. Também não lhe daria um filhote.

   — Já pensou em ter filhotes? Ou não quer por nada na vida?

   — Para falar a verdade, se um dia eu me sentir curado de verdade, quero vários. Em um momento, quando minha vida não era um caos, eu pensava bastante nisso, em como seria legal ter um alfa que me amasse e me tratasse como os príncipes tratavam as princesas, mas depois... Eu já sofri muito, sabe, então me perdi totalmente.

   — Então quando formos uma família você vai querer vários filhos?

   — Você anda bem convencido, não é?

   — Claro que sim. Você vai ser meu ômega, vou passar cada hora da minha vida mostrando como sou agradecido por tê-lo e vou ama-lo em todos os momentos. Vou tratá-lo como um princesa.

   — Gosto quando me chama assim. — confidenciou, esperando que o maior não fizesse disso um grande caso.

   — Ótimo, vou chamá-la assim agora.

   — Postaram uma foto nossa. — mudou de assunto, se inclinando até que estivesse quase deitado no colo do outro — Eles acham que estamos juntos, você estava bem visível, então agora estou recebendo várias mensagens dizendo o quão sou sortudo e como meu alfa é lindo e... gostoso.

   Harry riu, negando.

   — Seus fãs não têm limites.

   — Não são meus fãs, só são curiosos e fofoqueiros. Bom, eles têm razão em alguma coisa, você é mesmo muito bonito.

   — Está flertando comigo, princesa? Sou um alfa de família e tenho um ômega, sinto muito. — brincou, afastando uma parte da franja que caia sobre o rosto de Lou.

   — Acho que seu ômega tem sorte.

   — Se o conhecesse poderia ver que quem tem uma grande sorte sou eu. Ele é a coisa mais linda que já vi.

   — Besta. — deu um tapa fraco na lateral do braço.

   — Ei, Não se bate em um homem apaixonado.

   Os olhos extremamente azuis o encararam em surpresa, sua boca abriu e fechou várias vezes. Não sabia o que dizer e se sentia tímido.

   — Você está... é... apaixonado?

   — Bom, sim. Me sinto apaixonado, parece que perco o fôlego toda vez que te vejo e meu coração funciona aos trancos sempre quando sorri. Sim, estou.

   — Meu lobo fica animado quando você está por perto e sinto um friozinho na barriga. Isso também é paixão?

   — Não posso dizer, princesa. Tudo que eu mais quero é que sinta algo por mim, assim como eu sinto por você. Mas sentimentos são individuais, pode ser, mas também não pode. Você tem que descobrir.

   — Prometa que ficará comigo enquanto descubro.

   — É claro que prometo. Pode confiar em mim, seja o que te faz feliz e ame se quiser e se estiver confortável com isso.

   — Obrigada, Hazz. Você é incrível. O melhor alfa que eu poderia ter.

***

   — Vocês são lúpus, Louis. É normal se sentirem mais altivos e completos ao encontrar o companheiro. Seu amigo tem razão, o amor vai nascer uma hora ou outra, isso é normal e inevitável. — o psicólogo falava enquanto anotava algo em seu bloco de notas.

   — É normal que eu não sinta nada com ele? Como se tudo ficasse calmo e não houvesse mais problemas como antes.

   — Já pensou que talvez você esteja superando todas as coisas ruins que já viveu? Sua consciência está dizendo que tudo bem, então talvez esteja se dando mais uma chance.

   — Eu odeio a academia.

   O Dr Prescott sorriu.

   — É, acho que já me disse isso algumas outras vezes.

   — Me sinto melhor. Acho que a terapia, junto a presença de Harry e todo o resto estão me fazendo bem. Não me sinto mais forçado a nada depois que Ayla saiu da minha vida. Não tenho que me fazer de feliz ou aparecer em lugares públicos apenas para alimentar seu ego. Tenho pessoas que me amam, isso é bastante, não é?

   — Na verdade, isso é enorme, Louis. Ter apoio de pessoas queridas é o início de algo bom.

   — O senhor é casado? — indagou de repente.

   — Sim.

   — E tem filhos? — continuou, recebendo um aceno positivo — E como é?

   — Trabalhoso, mas incrível. É uma experiência maravilhosa. Você pensa em ter filhos?

   — Sim. Eu quero alguns, mas só quando estiver bem para cuidar deles de verdade. Não quero que eles tenham alguém triste e que não pode ama-los.

   — É muito importante admitir algumas coisas para si mesmo, você consegue fazer isso de uma maneira bonita. O fato de pensar em outras pessoas de maneira tão pura o faz uma pessoa que qualquer um gostaria em sua vida.

   — Obrigada, doutor. Isso é muito importante para mim.

   — Tenho um exercício para a próxima consulta; deve anotar em um papel tudo em seu dia que te deixa triste e o que te deixa feliz. Pode fazer isso?

   — Claro.

   — Ótimo. Nos vemos na segunda então.

Your Eyes - LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora