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   Zayn tinha deixado o talher cair sobre o prato, fazendo um barulho chato. O alfa o olhava agora, assustado ou algo parecido.

   — O que disse?

   Ele precisava ouvir novamente para saber se era uma peça que sua cabeça estava pregando ou aquilo era sério.

   — Quero saber se você quer a empresa. — repetiu, veemente. Tinha tomado uma decisão e não voltaria atrás. Precisava daquilo.

   — Mas...

   — Z, eu tenho mantido aquele lugar em meu nome por sua causa, mas não tenho nada com aquilo. Eu odeio aquela empresa e é como se eu morresse um pouco a cada vez que penso em pisar lá. Estou doente e é a primeira vez que admito isso para mim, a primeira vez que penso em fazer algo para que não morra tão miseravelmente. — ele suspirou, recuperando o fôlego — Estou te dando opções, as que não deram para mim. Você é completamente capaz de tomar conta de tudo. Se você desejar, ela é sua, se não, vou vendê-la.

   — Por que isso agora?

   — Vocês insistiram que eu deveria lutar mais um pouco e, caramba, eu nunca quis. Não quero agora, não quis antes e não sei quando vou querer, mas sinto que preciso. Gummy me convenceu a deixar o passado no passado e aquilo é um passado doloroso para mim. Não precisa resolver isso agora, pode ter um tempo.

   — Lou, nós deveríamos conversar. Nós não te escutamos direito, só trouxemos alguém que achamos capaz e deixamos que você lidasse com toda essa merda sozinho. Não foi justo.

   — Tudo bem. É justamente por conta dele que não posso me dar ao luxo de bater as botas.

   Harry, que estava completamente imerso em pensamentos, o olhou. Ele não sabia se sorria ou se abraçava o menor. Aquilo era bastante pesado para se resolver em um jantar de amigos.

   — O que? Por que?

   — Isso é assunto para depois. Eu voltei a desenhar e... estava pensando que, talvez pudesse tirá-los do papel agora.

   — Que coisa incrível, ômega. Você é perfeito desenhando, todos os seus modelos são incríveis.

   — Isso é verdade. — Niall concordou, bebericando seu vinho — Se eu gostasse de vestidos, usaria todos. Aliás, poderia fazer ternos mais delicados para mim.

   — Eu acho que você ficaria perfeito de vestido, Lou. Os dois, na verdade.

   — Eu devo concordar. — Hazz se pronunciou, sorrindo para o ômega — Ficaria ainda mais lindo.

   O pequeno corou, desviando o olhar.

   Não era incomum ver ômegas masculinos usando roupas que eram consideradas femininas, na verdade, era a coisa mais normal do mundo. O problema era que algum dia alguém tinha dito que não era o certo, que ficaria ainda mais abominável e ele tinha tomado como verdade.

   — Acho que não. — encolheu os ombros, não gostando do rumo da conversa.

   — Tudo bem se acha mesmo que não. Pode fazer o que quiser, sim? — o alfa sentia vontade de ficar sua mão, mas eles estavam em extremos opostos d mesa.

   Louis concordou, nada firme.

   O jantar se seguiu com conversar amenas e não tão importante. O ômega ficou bastante empolgado na hora da sobremesa, o alfa jurou que só o viu daquele jeito com Julie, o que era verdade. Os amigos se foram perto das 22h, quando o ômega dava sinais de exaustão.

   — Obrigada por ter ficado, alfa. — um sorriso discreto foi lhe destinado, seguido de um longo bocejo cansado — Foi importante.

   — Ômega, vem cá. — O mais velho tocou na mãozinha delicada, o puxando até um dos sofás, então os sentou frente a frente — Você não precisa falar nada, é só me escutar e tentar acreditar, sim? — Harry brincou com seus dedos ainda unidos — Você é perfeito e eu te vejo. O jeito como cuida da Julie é perfeito e como sorri sem nem ao menos perceber as vezes. Eu realmente adoro o fato de você ter apenas uma covinha e que seus olhos sejam tão azuis que parecem com o céu em um dia lindo. Quero que saiba que enquanto eu estiver aqui, você pode fazer o que quiser e ser quem quiser, pode usar as roupas que tiver vontade e ser ela. Eu nunca te julgaria por algo que te faz brilhar. Sinto que fui posto no mundo apenas para te idolatrar e deixar claro o quão incrível você é. Pode não me aceitar como alfa, tudo bem por mim, mas queria que soubesse que pode ser e fazer o que quiser. O mundo será seu se o pedir.

   O ômega não sabia o que dizer ou como reagir, então apenas se jogou nos braços fortes do alfa. Alfas lúpus tinham tendência a serem maiores, então sentia que ele poderia envolve-lo por completo em si. O outro estava surpreso, mas retribuiu o contato imediatamente. Aquilo sim era como estar em casa.

   — Obrigada, alfa. Por tudo que tem feito por mim. Isso é muito importante.

   — Que bom. — O alfa sorriu, acariciando o rosto delicado — Que tal se você fosse dormir agora? Nos vemos amanhã.

   — Combinado então. — timidamente, Louis se esticou e deixou um beijinho rápido que quase não foi sentido na bochecha do seu alfa — Boa noite, Hazz.

   — Boa noite, ômega.

Your Eyes - LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora