Capítulo 4

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Depois de ficar de molho na banheira por quase uma hora, me sentei em uma cadeira de encosto baixo diante de uma mesa onde estava a pedra em formato de ovo e a linda flor que plantei num jarro logo que cheguei, aproveitando a sensação de Alis escovando meus cabelos encharcados. Mesmo com o jantar prestes a ser servido, Alis trouxe uma caneca de chocolate derretido e se recusou a fazer qualquer coisa até que eu tomasse alguns goles.

Foi a melhor coisa que já provei. Enquanto Alis escovava meus cabelos, quase ronronando com a sensação de seus dedos finos em meu couro cabeludo.

Mas, quando tive certeza de que as outras criadas avia saído, talvez para arrumar o jantar ou para ajudar Feyre, deixei a caneca encima da mesinha.

— Se por acaso feéricos continuarem atravessando os limites da corte e atacando, vai haver uma guerra?— Feyre disse para min que ouviu Lucien e Tamlin conversando que deveriam enfrentar.

A escova parou.

— Não faca essas perguntas. Vai atrair azar.

Respirei fundo, me virei olhando para o rosto de Alis mascarado, logo virei de frete novamente para a mesa encarando a flor e a pedra.

— Por que os outros Grão-Senhores não mantêm seus súditos na linha? Por que essas... criaturas horríveis podem perambular por onde quiserem? Alguém... alguém começou a me contar uma história sobre um tal de rei em Hybern...

Alis segurou meu ombro e me virou.

— Não è da sua conta.

— Pois eu acho que é sim— Virei de novo, encarando novamente a mesa.— Se isso se espalhar Lara o mundo humano... se houver uma guerra ou essa praga envenenar nossas terras...— Afastei o pânico. Eu preciso avisar minha família, preciso escrever para eles.

— Quanto menos souber, melhor. Deixe que Lorde Tamlin lide com isso, ele é o único que pode— O Suriel tinha dito o mesmo. Os olhos Alis eram rigorosos e impiedosos— Acha que ninguém me diria o que você e sua irmã pediram na cozinha hoje, ou que ninguém perceberia o que foi caçar? Garota tola e burra. Se o Suriel não estivesse em um humor benevolente, você e sua irmã teriam merecido a morte que ele lhe daria. Não sei o que é pior: isso ou a idiotice de vocês com a puca.

— Você teria feito diferente? Se tivesse uma família...

— Eu tenho uma família.

Olhei Alis de cima a baixo. Não havia anel em seu dedo.

Alis reparou meu olhar e disse:

— Minha irmã e o companheiro foram assassinados há quase cinquenta anos, deixando duas crianças para trás. Tudo o que faço, tudo pelo que trabalho e para aqueles meninos. Então, você não tem o direito de me olhar assim e perguntar se eu faria diferente, menina.

— Onde eles estão? Onde moram?

— Não, eles não moram aqui— respondeu Alis, em tom afiado demais— Estão em outro lugar... bem longe.

— Crianças feéricas envelhecem de outro modo?

— Ah, algumas envelhecem como vocês e podem procriar com a frequência de coelhos, mas há tipos, como eu, como os Grão-Feéricos, que raramente conseguem produzir crias. Aquelas que nascem envelhecem bem devagar. Todos ficamos chocados quando minha irmã concebeu o segundo apenas cinco anos depois, e o mais velho nem vai chegar a fase adulta até fazer 75 anos. Mas são tão raros, todos os nossos jovens o são, e mais raros a nós que qualquer joias ou ouro. — Alis contraiu o maxilar com tanta força que eu soube que aquilo era tudo o que eu tiraria dela.

— Não pretendia questionar sua dedicação a eles — falei baixinho. Quando Alis não respondeu, acrescentei:— Entendo o que quer dizer... sobre fazer tudo por eles.

Corte de Fogo E SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora