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Capítulo 28



Xiao Zhan


Sinto-o  se  movimentar  e  logo  após,  a  lâmpada  do abajur  ilumina  o  quarto.  Eu  pisco  algumas  vezes  até  me acostumar com a claridade súbita e quando consigo por fim encará-lo, percebo que há um vinco se formando entre as sobrancelhas.

— De onde veio isso?

—  Como  está  seu  braço?  —  Desvio,  ao  invés  de responder.

—  Foi  superficial.  Nada  que  eu  já  não  tenha passado antes.

Um  estremecimento  percorre  meu  corpo  só  de imaginar que ele poderia não estar mais aqui comigo.

Toco o local machucado. Apesar da ferida evidente, não  há  qualquer  curativo.  Lembra  mais  uma  mistura  de queimadura com arranhão do que um tiro.

Sem  conseguir  lidar  mesmo  com  uma  pequena distância entre nós, monto em seu colo.

— Eu fiquei apavorado.

— Eu sei… — Ele começa, mas eu o interrompo.

— Não, você não sabe. Eu voltei a sentir.

— Como assim, lindo?

—  Você  me  fez  voltar  a  sentir,  Yibo.  Eu  passei  os últimos  três  anos  empurrando  todas  as  emoções  para  um lugar  desabitado  dentro  de  mim.  Eu  não  me  permitia  ter pena — de mim mesmo ou dos outros — nem me alegrar, mesmo quando Zixuan, do seu jeito distorcido, tentava fazer  algo  para  me  agradar,  porque  eu  sabia  que  aquela era  uma  felicidade  artificial,  temporária.
Uma  migalha  que estava me sendo oferecida pelas mãos do meu captor. Mas de todos os sentimentos que eu me proibi ter, o principal foi o medo.

— Xiao Zhan…

— Eu sabia que no momento em que eu vacilasse e permitisse que o medo se instalasse dentro de mim, o jogo estaria  terminado.  Eles  venceriam.  Depois  de  um  tempo, eu achei que nunca conseguiria ter uma emoção real, mas então eu encontrei você.

Abaixo  a  cabeça  para  beijá-lo.  Não  estou  mais preocupado em me resguardar ou usar qualquer máscara.

—  Nossa  relação  me  fez  entender  como  me enganei. Eu ainda sinto. Eles não mataram isso. Todos os dias você me desperta e me apresenta a uma variedade de emoções. Até agora, estava tudo bem porque sempre eram boas coisas, mas quando aquele homem atirou em nós, eu senti medo.

Ele me tranca em um abraço de urso.

—   Baby,  você  não  tem  ideia  de  como  eu  lamento que tenha passado por aquilo.

—  Não,  Yibo.  Você  não  entendeu.  Eu  senti  medo por  você  antes  de  pensar  que  eu  também  poderia  estar morto. — Seguro seu rosto e não desvio o olhar.

— Então percebi  que  não  quero  mais  ser  uma  vítima.  Tenho  que aprender  a  me  defender.  Não  sei  se  terei  alguma  chance caso  eles  tentem  me  levar,  mas  não  irei  pacificamente como da primeira vez.

— Eu não acho que seja uma boa ideia.

— Por que não?

— Você não pertence a esse mundo.

Sinto como se tivesse recebido um soco na boca do estômago e tento sair do seu colo.

—  Não.  —  Diz,  com  uma  mão  de  cada  lado  das minhas ancas.

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