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Capítulo 42


Xiao Zhan

No dia seguinte


Já fiz de tudo para me distrair e não consigo.

O celular dele está desligado.

Sei disso porque já tentei umas dez vezes.

Eu  nem  sei  o  que  direi  quando  o  vir. Zanjin  conhece mais da minha alma atualmente do que os meus pais.

Ouço  passos  na  escada  e  quando  ergo  a  cabeça, Zhuocheng aparece.

O homem é definitivamente estranho.

Sempre  se  mostrou  distante  e  já  até  me  questionei se não tinha algo contra mim, mas de uns tempos para cá, ele  é  aquele  que  está  constantemente  me  verificando.

Comentei  isso  com  Yibo  e  perguntei  se  a  ordem  partiu dele. Meu noivo disse que não. Que Zhuocheng cria as próprias regras em sua cabeça e as segue à risca. Aparentemente, então, tomou para si a tarefa de conferir meu bem-estar.

— Você tem visita.

Em um segundo estou de pé.

— Visita? .

— Sim. Está curioso para saber quem é?

Apesar  da  ansiedade  para  rever  meu  amigo,  não resisto em provocá-lo.

—  Você  está  brincando  com  jogos  de  adivinhação, Zhuocheng? Porque isso é um pouco fofo, sabe? O problema é que pode arruinar sua reputação.

Na  mesma  hora  seu  rosto  retorna  à  indiferença habitual, mas eu não compro sua atuação.

— Você é um diabinho, Xiao Zhan.

— Tudo bem, vou me comportar. Prometo.

— Venha comigo. — Diz oferecendo a mão, mas eu passo direto e começo a descer as escadas correndo.

— Pare. Não deveria fazer isso. — Fala, passando à minha frente.

Eu congelo, encarando-o.

Ele sabe.

Como  diabos  pode  saber  se  não  contamos  a ninguém?

—  Estou  grávido  e  não  com  problema  nas  pernas.

Jogo, só para ter certeza.

Alguma coisa em seu olhar me faz querer engolir as palavras de volta, mas antes que qualquer um de nós fale, noto Zanjin parado na sala, no andar de baixo.

—  Zhan,  por  que  não  me  contou  que  já  teve  a confirmação  da  gravidez?  —  Pergunta,  parecendo  muito chateado.


Sei  que  deveria  começar  a  me  explicar.  Dizer  que preferi revelar pessoalmente, mas quando enfim estou em frente  do meu melhor  amigo,  tudo  o  que  consigo  fazer  é chorar.

Nenhum  de  nós  se  move  e  após  sua  explosão inicial,  ele  parece  esquecido  da  pergunta,  enquanto  anda até mim.

—  Eu  não  acredito  que  é  você  mesmo.  —  Abro  os braços e não sei por quanto tempo ficamos assim. Ambos os corpos sacudidos por soluços.

—  Desculpe,  eu  não  quis  contar  por  telefone.  Você vai  ser  tio.  —  Começo.  —  Mas  não  vamos  atropelar  as coisas. Venha comigo. Yibo disse que prefere ficar em seu próprio lugar, mas apenas por hoje, poderia dormir aqui?

Ela hesita e olha para trás. Somente então percebo que além de Zhuocheng, há um outro homem  na entrada do elevador, que lembra levemente meu Yibo.

Liu Haiukan, suponho.

Seus olhos estão em Zanjin e a energia entre os dois é tão intensa que quase pode ser tocada.

— Eu vou ficar. — Ele diz para mim, mas olhando-o.

Depois me solta e vai até o homem.

— Tudo bem com isso?

Pelo que Yibo havia me contado, eu esperava raiva entre  eles,  mas  até  o  menos  observador  dos  seres humanos perceberia que estão juntos.

— Sim. Eu terei que viajar por uns dias, de qualquer modo.

Provavelmente será a mesma viagem que Yibo me disse que faria. Sei que meu noivo está indo para o acerto de contas com Guangshan. Ele falou que antes de trazer meus pais da China tudo estaria resolvido.

—  Você  não  tem  que  me  dar  satisfação.  — Zanjin retruca com seu jeito briguento. Apesar disso, dá um passo para  mais  perto  do  homem. 

—  Eu  ficarei  bem.  —  Fala, contradizendo seu descaso anterior.

— Não se meta em confusão. Eu não vou demorar.

— O homem determina e a seguir vira as costas e sai.

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Estamos  há  horas  conversando  e  o  assunto  não parece  ter  fim.  Há  tanto  para  ser  dito.  Estranhamente, nenhum de nós falou sobre o passado em comum ainda, como se ambos relutássemos em trazer a dor à tona.

— E sua família? — Ele pergunta.

—  Estamos  nos  ajustando  aos  poucos.  Mamãe  já ligou  três  vezes,  como  se  tivesse  medo  de  que  eu  fosse desaparecer novamente de uma hora para outra.

— E quanto ao seu pai?

— Falei com ele também, mas... é estranho, sabe?

Sei  que  me  mandou  para  Yunmeng  pensando  em  um  futuro melhor,  mas  quando  desrespeitou  minha  vontade  de continuar  na  ilha,  me  entregou  diretamente  nas  mãos daqueles  monstros.  Ainda  tenho  dificuldade  para  aceitar isso. Eu o perdoei, mas não sei se posso esquecer. Talvez demore  um  tempo  até  que  eu  consiga  encará-lo  com  o coração livre de mágoa. Claro que eu só tenho coragem de contar  isso  para  você  porque  se  Yibo  sequer  desconfiar como me sinto, vai querer mantê-lo distante de mim.

— Não acho que você deva se forçar a nada. Amor e obrigação não combinam.

— Nós somos estranhos.

— É, isso não tenho como negar.

Em  troca  da  gracinha,  ganho  dele  uma  cutucada com o ombro, mas a seguir, fica sério.

— Eu confio nele. Não queria confiar, mas confio.

—  Sei  bem  como  é  isso.  Vivi  o  mesmo  com  Yibo.

Desde  o  primeiro  momento,  eu  sabia  que  ao  lado  dele estaria protegido.

—  Você  nunca  se  perguntou  se  não  está

confundindo as coisas?

—  Já  sim,  várias  vezes,  mas  tenho  certeza  de  que não.  Sou  completamente  apaixonado  por  ele.

A  vida  está me  dando  uma  segunda  chance,  Zanjin.  A  nós  dois,  na verdade e não posso desperdiçá-la.

(....)

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