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Lewis Hamilton havia tomado meus pensamentos para si.

Tudo o que fiz durante a noite foi rolar de um lado para o outro na cama, quando finalmente fechava os olhos a imagem de seu rosto próximo ao meu e a sensação da sua testa apoiada na minha retornavam ao meu corpo, um lembrete de como aquilo poderia ter terminado.

Lembro-me de ouvir quando o piloto desligou a TV e passara na porta do meu quarto, eu sei que ele parou na frente, porque vi a sombra embaixo da porta, mas ele não se propôs a bater, tomou logo o caminho até o outro lado do corredor. Sei que o chuveiro da suíte foi ligado, mas nada além disso foi possível de escutar.

Queria saber se ele passou a noite em claro igual eu, pensando nos últimos anos, pensando naquele dia em Londres.

Sempre tive curiosidade de saber o que ele pensava quando lembrava dos meus lábios negando seu pedido de casamento. Será que sentia remorso, ou talvez mágoa? No paddock, seu olhar era com um brilho rancoroso na minha direção e isso me fazia pensar que talvez Lewis passou a nutrir algum tipo de ódio por mim.

Mas então estávamos na sala e ele parecia tão compreensível que eu me sentia contrariada. Eu era muito nova, não podia me casar, ele sabia disso. Assim como sabia que aquele pedido foi para tentar diminuir as merdas que andava fazendo. Quero dizer, é muito fácil comprar um anel caro e pedir desculpas.

De repente me lembrei a razão daquilo ter acabado. Além disso eu tinha um noivo agora, não deveria ficar pensando num cara que me chateou e que eu não tinha mais contato a anos. Mesmo meu corpo me traindo sempre que eu dizia a mim mesma que não ligava, pois meu pulso ainda latejava como se o seu toque permanecesse cravado ali.

Não sei quando foi que meus olhos se fecharam, mas o cansaço acabou ganhando e eu finalmente dormi. Quando comecei a despertar novamente o sol já estava invadindo o quarto e meu relógio de cabeceira marcava 08:43h.

Levantei meio zonza e fui até o banheiro para fazer minha higiene, lavar o rosto, escovar os dentes e pentear o cabelo. Troquei meu pijama por uma roupa fresca. Mônaco estava quente como uma sauna naquela manhã.

Peguei meu celular em cima da escrivaninha e uma mensagem de Miles estava brilhando na tela avisando que já havia chegado e estava com saudades, respondi um "também" e desci mais a tela. Quatro chamadas perdidas de Samantha e uma mensagem de texto que dizia "vpcw tq dorminsp?". Isso era ela tentando perguntar se eu estava dormindo, provavelmente alterada pelo álcool.

Ri comigo mesma e decidi deixar o quarto, respondendo-a, perguntando se estava tudo bem ou se ela precisava que eu a buscasse em algum lugar. Eu não estava preocupada, mas se ela não me respondesse em meia hora eu começaria a ligar desesperadamente para o seu telefone.

Vozes vinham do corredor, quase sussurros, seja quem estivesse lá conversando não queria acordar o resto da casa. Caminhei até a sala de jantar, aonde a mesa estava montada para o café da manhã, meu pai passava a manteiga no pão enquanto ria de algo que Hamilton cochichara. Acredito que estavam falando baixo para que eu não fosse acordada.

Ao notarem minha presença as cabeças viraram para mim. Os olhos castanhos me analisaram e seu semblante franziu, logo fingindo que não me viu, olhando a toalha como se fosse algo muito interessante.

— Bom dia, querida — Meu pai me cumprimentou e eu fui até ele me curvando para que ele pudesse me dar um beijo na bochecha — Senta aí — Apontou para a cadeira vazia ao lado dele — Dormiu bem? — Acenti com a cabeça puxando a jarra de suco.

Coloquei um pouco no meu copo tentando não focar na ideia de que Lewis estava sentado na minha frente. Eu tinha me decidido que aquilo que acontecera jamais iria se repetir e acho que silenciosamente ele concordava comigo.

FLASHING LIGHTS - lewis hamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora