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Depois que toquei a campanhia, passei as mãos nas laterais da calça jeans, eu nem percebi que estavam tão suadas. Completamente nervosa, comecei a brincar com a alça da bolsa que eu carregava. Não havia trago uma mala, teria sido estranho chegar na casa dele com bagagem, por isso me permiti levar apenas uma muda de roupa dentro da bolsa de ombro.

Embarquei no primeiro voo que consegui e fiquei por cinco horas dentro do avião, me achando um pouco maluca por ter sido tão impulsiva. Eu não tinha dormido bem a noite e meu corpo pesava, assim como meus olhos, porém não pude tirar nenhum cochilo, estava ansiosa demais. Chamei um carro de aplicativo assim que pousei e coloquei o antigo endereço, torcendo para que ele ainda mantivesse a residência.

Fiquei surpresa ao notar que o porteiro ainda se lembrava de mim, ele deu um sorriso enorme ao me ver chegar.

— Senhorita Emília? — Tinha certa confusão no seu olhar.

Senhor Collins era um homem baixo, rechonchudo, com mais de 60 anos e cabelo ralo. Sempre expressando simpática e carisma. O condomínio inteiro o adorava.

— Oi, Senhor Collins. Como vai? — Estava claramente tímida, mas tentando agir com normalidade.

— Estou ótimo! Que bom ver a senhorita! — Sorriu animado, abrindo o portão me deixando entrar, já que aparentemente, Lewis nunca tirou o meu nome da lista de autorização, o que me fez ficar em choque por alguns breves segundos — Boa visita — Desejou, de dentro da cabine.

Cercada por casas luxuosas, não precisei andar muito para chegar na que me interessava. Ainda era exatamente como eu me lembrava, as flores da parte externa ainda estavam plantadas, junto das moitas bem cuidadas e se eu tentasse olhar pelas janelinhas da garagem conseguiria ver uma Mercedes lá dentro. Hamilton tinha uma coleção de carros, mas ele os mantinha em Los Angeles.

O dia já tinha escurecido, por isso as luzes internas e algumas do jardim estavam acesas, me dando a certeza de que ele estava em casa. Apertei de volta a campanhia, pois não obtive resposta da primeira vez.

— Já vai! — Escutei a voz abafada, meio impaciente e meu estômago deu uma pirueta. Algo começou a arranhar a porta e me dei conta de que era Roscoe tentando abri-la — Que foi, amigão? — Perguntou baixinho, mas como provavelmente ele já estava próximo, eu pude ouvir.

Mais alguns segundos se passaram e a maçaneta da porta mexeu, foi o suficiente para eu sentir minha pressão baixar e esquecer como se respirava. Pensei em dar meia volta e sair correndo. Mexi no cabelo, arrumei a alça da bolsa e o nervosismo era evidente no meu rosto.

Me arrependi por um momento. O que estava fazendo ali? Será que ele ainda queria me ver depois de tantas semanas em silêncio? E se Lewis tivesse mudado de ideia desde a festa? E se o que ele estivesse bebendo naquele copo fosse vodka com gelo ao invés de água e tudo que me disse não ter passado de puro efeito do álcool? E se...

Ele surgiu na minha frente, do outro lado da porta, mas mal consegui prestar atenção na sua reação, só sei que as sobrancelhas se ergueram. Senti patas nas minhas pernas, tentando apoiar-se e o impacto me fez dar três passos pra trás.

— Oi Roscoe — Sorri para o cão, que provando sua lealdade lambeu a mão que estendi para fazer carinho em seu pelo.

Por um momento senti vontade de chorar, ele parecia tão entusiasmado em me receber, como se estivesse com muita saudade.

Levantei os olhos, mas não para olhar Lewis e sim para tentar ver além dele, a sensação de perda me tomou o peito quando me dei conta de que Coco não iria aparecer correndo logo atrás. Isso fez as minhas pernas perderem um pouco a força.

FLASHING LIGHTS - lewis hamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora