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— [LEWIS] —

Na fórmula 1, a gente aprende que um segundo faz muita diferença, tudo pode acontecer numa parcela de milésimos e mudar completamente a corrida. A sensação de adrenalina toma o seu corpo, quando se está prestes a fazer uma ultrapassagem, porque é tudo, ou nada.

Então, tem aquele momento em que você percebe que não depende só de você, não basta apenas pisar o pé no acelerador e entrar por dentro da curva do adversário, você também precisa que o seu carro funcione, você precisa que essa outra parte do seu corpo que não está totalmente no seu controle faça o que foi programado para fazer.

E é a coisa mais frustrante do mundo quando ele não funciona.

Ao ver Emília na minha porta, senti a mesma insegurança de um domingo. Sei que ela é muito mais complexa que um carro, sei que não estamos numa corrida e sei que não estou a pilotando, mas a questão é que ela é a outra parte de mim, aquela que eu não controlo, aquela que eu não sei se vai me xingar ou correr pros meus braços, aquela que em um momento me queria e no outro não, porque com ela também é tudo, ou nada.

Porém, ganhar um mundial não chegava aos pés de ter Emília Wolff dormindo no meu peito, depois de dizer que estava disposta a tentarmos de novo.

Eu esqueci completamente que era quarta-feira, fiquei meio desesperado quando a campanhia tocou, talvez fosse um pouco cedo para envolver minha mãe nisso, talvez ainda fosse muito incerto. Queria ser cauteloso e não apressar as coisas, pois quando preceptei elas a anos atrás, a história terminou de um jeito bem ruim.

Roscoe apareceu, vindo da sala e se juntou a mim na porta, respirei fundo e girei a maçaneta.

— Até que em fim! — Minha mãe jogou as mãos para o ar e eu soltei um riso nervoso — Graças a Deus! Achava que você não estava em casa — Nem precisei a convidar, ela passou por mim como um furacãozinho.

Me inclinei para alcançar sua bochecha e deixar um beijo ali, enquanto fechei a porta com um chutinho.

— Oi, mãe — O cão estava arranhando sua perna em forma de cumprimento.

— O que você estava fazendo para demorar tanto? — Sua sobrancelha arquiada mostrava o que passava por sua cabeça, eu estava prestes a negar quando um estrondo veio do andar de cima — Lewis Hamilton, quem está aí? — O tom de voz beirava uma bronca.

Era engraçado pensar que eu tinha 38 anos, mas ela continuava brigando comigo como se eu ainda tivesse 7, jogando basquete dentro de casa e usando o cesto de roupa suja como cesta.

— Você já vai ver — Segurei seus ombros e fui a empurrando para a cozinha.

Seus pés tentavam ir em direção às escadas mas eu não permiti. Esperava que Lia não tivesse se machucado e aquele barulho fosse apenas algo que ela derrubou.

— Garoto, se vai me apresentar alguém, espero que seja algo sério, não quero conhecer seus casinhos — Ri alto de seu insulto.

— Mãe! — Repreendi — Não é um casinho — Revirei os olhos entrando na cozinha.

— Você sabe que eu venho te ver nas quartas... É o nosso dia — Tinha um pouco de chateação ali.

— Tenho certeza que você não vai se importar — Pisquei um olho em sua direção e ela me olhou desconfiada.

Deu uma breve conferida no café da manhã montado na bancada, até que seu semblante se acendeu. Os muffins.

— Não é quem eu estou pens...

FLASHING LIGHTS - lewis hamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora