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Chegamos na Espanha um pouco mais cedo do que imaginávamos, mas isso não foi motivo para descanso. Mal conseguimos passar no hotel para deixar as malas, pois eu tinha um Toto Wolff atarefado ao meu lado. Nós fomos para a garagem ver o carro, depois ele teve uma breve reunião com os patrocinadores pelo computador, então teve que resolver um desentendimento na fábrica por ligação, enquanto eu permanecia sentada no canto da garagem tentando conter minha fome com amendoins que encontrei na bolsa de ombro que eu sempre carregava comigo.

Eu estava entediada e com sono, mas não podia voltar para o hotel, até porque meu pai queria minha opinião sobre algumas coisas que pretendia alterar no carro. Só que naquele momento eu não tinha nada para me entreter além do último álbum da SZA tocando repetidamente no meu fone de ouvido.

- Onde está aquele merdinha? - Meu pai resmungava pela garagem para ninguém em específico.

Lewis estava atrasado, já era quase cinco horas da tarde e ele simplesmente não havia aparecido, as chamadas do meu pai caiam em sua caixa postal e ele não recebia as mensagens de texto.

Toto já havia gasto todo o repertório de xingamentos para o rapaz e nenhum dos engenheiros abria a boca para dizer nada, com medo de deixá-lo mais irritado.

- Quando ele chagar aqui, ele vai ver! - Ameaçou pela quinta vez.

O que nós todos sabíamos que não passaria daquilo, porque quando Hamilton finalmente deu as caras vinte minutos depois, a raiva simplesmente se transformou em um olhar duro e nada mais.

- Você está atrasado - Seu tom firme não enganava ninguém, pois o alívio era muito mais notável.

Na porta da garagem, Lewis Hamilton vestia mais um de seus conjuntos Prada, ele tinha óculos de sol tampando seus olhos e uma expressão também não muito amigável.

Ele não me notou sentada ali no canto e também não fiz questão de chamar seus olhos até mim. Quanto menos atenção me desse, mais fácil seria para mim lidar com aqueles encontros que estávamos tendo constantemente.

- Eu sei, mas ainda não piloto aviões - Abriu um sorriso divertido. Por qual razão ele sempre tinha que ser tão charmoso? - Desculpe Toto, eu juro que cheguei o mais rápido que consegui.

Os ombros do meu pai caíram em derrota, e sua postura de indignação se foi com um abano no ar. Ele puxou Hamilton para perto do carro e começou a despejar suas inúmeras novidades sobre o que planejava para este final de semana.

Eu permaneci no canto da garagem mastigando amendoins e tentando encolher os pés para que não me notassem ali. Algo que meu pai falou deixou o piloto animado e ele foi conversar com Bono sobre, parecendo realizado com o que ouvira.

A ponta de curiosidade crescia toda vez que eu os observava conversando. Então, peguei o celular e mandei uma mensagem para Miles, perguntando como ele estva e dizendo que sentia saudades.

- ... Tudo bem, só vou tomar um pouco de água - Lewis respondeu um dos engenheiros, fazendo um joinha.

Olhei para a lateral e... Droga! As garrafas de água estava bem ao lado de onde eu estava e ele estava vindo na minha direção, com certeza já tinha visto que eu estava presente. Tentei de todas as formas não o olhar enquanto se aproximava de mim.

Na visão periférica conseguia vê-lo ao meu lado, pegando uma garrafa na mão e se apoiando na parede, com os pés virados em minha direção, isso significava que ele estava me analisando. Não estávamos nem a três metrôs um do outro e isso era o suficiente para sentir dificuldade em puxar o ar.

- Eai, Lia - Cumprimentou no intervalo de um gole para outro - Tudo bem? - Como ele conseguia fazer isso?

Manter essa naturalidade, fingindo não se lembrar de que da última vez que nos vimos gritamos um com o outro e fizemos uma cena típica de novela mexicana. Ele conseguia se sair por cima da situação de uma maneira tão simples, de repente ele não ligava mais, era como se nem nos conhecemos direito, como se eu fosse só a filha do seu chefe e nada além disso.

FLASHING LIGHTS - lewis hamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora