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"MAIS UM PÓDIO PARA MERCEDES!

Nesse domingo, a equipe de Fórmula 1 surpreendeu todos nós com o incrível desempenho de seus dois pilotos. O carro parece muito mais confortável com a pista, fazendo coisas que não víamos uma Mercedes fazer desde o W12. [...] Fontes confiáveis também afirmaram que Emília Wolff foi vista pegando um voo direto para o Canadá horas depois da corrida, o país vai ser o lugar do próximo GP, daqui duas semanas.
Em coletiva de imprensa Lewis disse o que espera para o final de semana:

"Vamos continuar trabalhando. Ainda nos levantamos"
(still we rise)

— THE SUN
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Havia algo mágico na garagem quando Lewis passou pela bandeira quadriculada em segundo lugar. Não era apenas o fato de ter terminado a corrida com uma ótima posição, mas era uma resposta de que finalmente a Mercedes havia achado seu caminho de volta.

Tudo bem que o máximo que alcançamos de Max foi a distância de cinco segundos, porém isso não deixava de ser uma vitória e tanto.

Eram tantos engenheiros correndo para o pódio que eu fiquei confusa de para qual lado ir, apenas segui o fluxo, ficando um pouco para trás na multidão. Há alguns anos eu seria a primeira na grade esperando pelo carro estacionar.

Naquele tempo, Lewis saltava para fora do carro e fazia uma pequena comemoração com os braços abertos, ele corria na direção dos engenheiros e me abraçava com a grade nos separando. Eu beijava seu capacete com o peito transbordando de orgulho e ele se agitava para cima de todos os outros da equipe.

Era um ritual.

Agora eu estava ali atrás de quase meio mundo, com pelo o menos quatro fileiras de cabeças na minha frente, vendo ele vir em nossa direção após estacionar o carro no P2.

Não era o primeiro lugar, como na semana passada, mas significava muito mais. Em Mônaco tínhamos vantagem, mas hoje estávamos oficialmente nos tornando competitivos.

A esperança tomava conta de todos e quando Hamilton pulou nos mecânicos eu observei quieta de longe. Ele se afastou para tirar o capacete, jogando as mãos pro alto e gritando, o seu sorriso contagiante fazendo com que todos ali vibrassem. Inclusive meu pai, que embaralhava suas tranças como se ele fosse uma criança que tirou a nota mais alta da sala.

Ele olhou em volta. Buscava por algo.

Por alguém.

Esticou tanto o pescoço que eu quase me encolhi para não ser vista. Sabe quando você tem seis anos e é apresentação dos dias das mães na escola? Você está em fileira com seus amiguinhos e não consegue ver sua mãe na plateia, e não importa o quanto a professora peça para você prestar atenção na coreografia, tudo o que você quer é se certificar que ela veio te ver. Era isso que estava acontecendo, meu pai tentava buscar sua atenção, mas ele não dava a mínima, ficando na ponta dos pés e olhando além dos corpos.

Quando nossos olhares se cruzaram, engoli em seco. O tempo não parou, só ficou em câmera lenta. O brilho alegre das íris escuras foi substituído por aquele mesmo de quando me viu no paddock a uma semana atrás. Novamente eu era incapaz de definir se era mágoa ou rancor que tomava seu coração, mas sei que tinha algo profundo ali.

Sei que Lewis Hamilton não era o tipo de homem que se mostrava vulnerável. O esporte exigia isso dele, mostrar seus medos e inseguranças era projetar o próprio fracasso, pois havia muitas pessoas estudando a forma mais rápida de te vencer.

FLASHING LIGHTS - lewis hamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora