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Não aguentava mais aviões. Nos últimos dias estive mais tempo sentada nas poltronas da primeira classe do que em terra firme, era difícil acreditar que essa costumava ser minha antiga vida, toda semana em um lugar diferente.

Depois das sete horas de voo e mais a outra parte da viagem de carro, cheguei em Silverstone por volta das nove da noite. Estava tão exausta que precisei tomar 600ml de café para não fechar os olhos no volante.

Fiquei tão pouco tempo em Nova York que mal pude ajeitar o apartamento, depois que Miles foi embora e eu me deitei, dormi o suficiente para quase perder minha escala até Londres. Meus horários estavam todos embaralhados e meu cérebro já não sabia mais quantas horas tinha um dia.

O fuso-horário estava acabando comigo.

Estacionei o carro que meu pai me disponibilizou perto da entrada do paddock e suspirei de alívio, apoiando minha cabeça no banco, me permitindo descansar as pálpebras por alguns minutos. Não sei se estava pronta para encarar o problema que eu havia arranjado.

Lewis me ligou três vezes, no entanto não deixou nenhuma caixa postal, o que não me surpreendeu, ele sabia quando estava sendo ignorado. Depois das mensagens que me enviou na quinta, mandou apenas mais duas. "Está muito cansada?" e por último "Te vejo na sexta, então".

Com certeza estava chateado e não seria qualquer desculpa que salvaria o meu pescoço dessa vez. Eu teria que ter uma boa explicação, mas não conseguia pensar em nada. Claro que eu diria a verdade, contaria sobre a doença do meu ex-sogro e sobre a minha "amizade" nova, só que isso não era o suficiente para ter ignorado sua existência nas últimas horas.

Procurei pelas botas de salto que eu havia tirado para dirigir e as calcei, arrumei um pouco o cabelo no retrovisor e passei uma camada de hidratante nos lábios. Pelo o menos eu tinha que parecer apresentável, mesmo que as olheiras me denunciassem.

Os saltos grossos faziam barulhos opacos pelo chão e ao chegar na entrada do paddock, revirei minha bolsa na busca pelo crachá. Assim que o encontrei, passei pela catraca e senti os primeiros pingos de chuva na parte descoberta. Era só o que faltava para a minha desgraça completa.

O tempo da chuva piorar foi o mesmo que eu levei até chegar no motorhome da Mercedes, já praticamente encharcada, a recepcionista me encarou com pena enquanto dizia que meu pai não estava lá e sim na garagem configurando o carro.

Agh... Sério? — Gemi em pura frustração.

— Sim. Você quer um guarda-chuva emprestado? — Seus olhos piedosos me encararam.

— Não precisa, já estou toda molhada mesmo — Murmurei, meio irritada — Desculpa, você só tá fazendo o seu trabalho — Pedi, me sentindo péssima por estar parecendo uma mimada.

Fiquei um tempo em silêncio, apoiada no balcão da recepção encarando um montinho com cartões de algum dos patrocinadores, indecisa entre perguntar ou não.

— O Lewis tá aí? — Apontei para o corredor que levava para a sua suíte.

Ah... acho que ele estava num jantar, mas voltou e foi ajudar com o carro.

Não consegui esconder minha confusão, franzindo o cenho. Jantar? Com quem? Ele não comentou nada comigo na quarta-feira. Será que era com alguém importante? Como se pudesse ler meus pensamentos a moça se prontificou em contar tudo o que sabia.

— Eu acho que tem alguma coisa a ver com a Tommy e a colaboração deles, a Gigi Hadid veio gravar uma propaganda pra marca hoje — Foi impossível não saltar os olhos, a pontada de insegurança apertou meu peito.

FLASHING LIGHTS - lewis hamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora