014

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Estávamos no andar de cima enquanto eu procurava por um quarto vago, era uma casa grande, por isso tinha muitas portas. Lewis vinha logo atrás, como um segurança de shopping, ele andava perto o bastante para eu sentir sua presença, o que me fez pensar se estava fazendo aquilo de propósito, mantendo nossos corpos próximos.

Levei um susto quando sua mão agarrou minha cintura e me puxou para dentro de um cômodo, um quarto que eu provavelmente tinha deixado passar. O lugar onde ele me tocava formigava e ele não se afastou quando fechou a porta.

Encostada na parede, já do lado de dentro eu não conseguia ver muito ao meu redor pois meus olhos estavam focados nos olhos brilhantes dele, mas eu podia ver uma cama e a luz dos postes da rua vindo da sacada.

Foi questão de um segundo para tudo aquilo acontecer, mas o tempo passava de forma torturante sempre que estávamos juntos. Sua mão me acariciava secretamente e ele estava perto o bastante para eu sentir sua respiração bater em meu rosto, lembrando-me da situação parecida que passamos em Mônaco, naquela noite eu me afastei, porém hoje eu não podia simplesmente dar um passo para trás. Estava encurralada.

— Lewis... — Sussurrei, mas ele não moveu um músculo para longe, na verdade acho que se aproximou.

Nesses momentos eu me recordava da antiga Lia, aquela que virava a cabeça para vê-lo passar, aquela que deitava na cama de Sassá na noite das garotas e ficava lendo revistas de fofoca para ver se achava algo sobre ele, aquela Emília que faria tudo para que ele a olhasse de volta. Pensei o que a antiga acharia do que a nova estava prestes a fazer. Em declarar um fim naquilo, pela segunda vez.

— Lia... — Algo sobre o tom baixo de voz mostrava o quão descontrolado ele estava, aquela súplica contida.

Ele encostou o nariz no meu, mexeu para o lado, depois mexeu para o outro lentamente, como fazíamos. Seus olhos se fecharam e sua respiração ficou descompensada. Apoiou a testa na minha e o corpo dele estava tão perto que meu busto bateria no seu peito caso eu puxasse muito ar para os pulmões.

Aquela proximidade acabava comigo, como se por alguns segundos tudo do que eu precisava era dele, nada mais importava, apenas manter-me por perto.

Sei que ele queria me beijar, sei que estava se segurando para não atacar meus lábios e desfrutar o quanto pudesse e eu adoraria me perder nos seus, mas eu não podia. Eu era muitas coisas, mas não uma traidora.

— Eu estou noiva — Lembrei ele, suspirando ao que suas mãos me soltaram imediatamente.

Ele se afastou como se acordasse de um sonho muito bom, me dando as costas. Apoiou as mesmas mãos que estavam em mim momentos antes nas laterais do corpo. Olhou para baixo e sua postura se foi.

— Eu sei, você não precisa ficar me lembrando — Murmurou, a amargura nas palavras me cortando ao meio.

Era incrível como uma frase podia transformar toda aquela situação numa tempestade.

— Você precisa parar com isso — Acusei, negando com a cabeça.

Ele se virou para mim com o semblante indignado.

— Eu preciso parar? — Mais uma vez vi a mágoa transpassar o brilho de seus olhos castanhos.

Sei no que ele estava pensando, momentos antes eu estava tentando causar ciúmes, usando meu noivo como muleta. Lewis não era o tipo de cara que lavava roupa suja, por isso ele nunca jogaria isso na minha cara, mesmo que ele se saísse como o errado no final das contas.

— Desculpa — O pedido me escapou e ele pareceu confuso.

— Pelo o que, Emília? — A forma que seus ombros caíram mostrava o quão desarmado ele estava, como se já não aguentasse mais aquela guerra silenciosa entre nós dois.

FLASHING LIGHTS - lewis hamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora