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Os meus últimos meses turbulentos serviram para me lembrar o quão exaustiva podia ser a vida no mundo da Fórmula 1, era sexta-feira e eu estava em Londres, na casa de Lewis, depois de um voo longo e cansativo. Tinha me desacostumado daquela rotina de uma semana em cada lugar.

Hamilton precisou voltar porque iria visitar a fábrica. Mesmo nos seus fins de semana sem corrida ele ainda tinha compromissos com a equipe, reuniões e mais mil afazeres sobre o carro e estratégia. Estava para começar os preparativos para o W15 e Lewis fazia questão de acompanhar passo a passo, por isso meu pai não perdeu tempo em marcar uma visita a Brackley.

Eu tinha algumas coisas para entregar do trabalho, então passei a tarde debruçada sobre o notebook, sentada no sofá da sala com Roscoe acomodado nos meus pés. Adorava meu emprego, porque podia fazê-lo de pijama, com o cabelo despenteado e uma xícara de chá na mão. Cursei letras na faculdade, adorava a aventura que cada livro poderia me proporcionar, por isso trabalhava corrigindo histórias para uma editora muito famosa. Já havia feito a correção de best-sellers o que era uma loucura. Pensava em escrever alguma coisa algum dia, mas não sentia que tinha algo interessante o suficiente. Depois que você lê tantas histórias é até difícil criar algo original.

Dei uma pausa quando passei da metade do mais novo romance de Emily Henry. Estiquei os braços para me alongar, estralando minhas costas que doíam pela má postura.

Meu celular começou a tocar, o que era bem recorrente com os últimos acontecimentos. Passei uma hora inteira ouvindo meu pai ameaçar Miles na quarta-feira e para piorar Lewis se metia na nossa ligação para dizer que concordava e que iria ajudá-lo. Aparentemente ele não ia desistir tão cedo da ideia de quebrar a cara do meu ex-noivo.

Surpreendentemente era Samantha, a irmã de Lewis, então atendi pensando que talvez fosse algo urgente, já que não era comum ligarmos uma para a outra. Desde a noite após Silverstone não nos falamos mais, apenas trocamos uma única mensagem aonde eu agradecia pela noite e ela respondeu dizendo que estava contente que Lewis e eu havíamos voltado.

— Oi Samantha — Falei ao atender e levar o aparelho até o ouvido.

— Oi Lia! Tudo bem? — A animação em sua voz me deixou tranquila.

— Sim, e vocês? Tudo certo com as crianças? — Perguntei, me sentando melhor no sofá e trazendo Roscoe para o meu colo.

Acariciei as orelhas do cão que lambeu um dedo do meu pé me fazendo rir sutilmente.

— Estamos bem — Respondeu — Vocês já estão em Londres? — Claramente estava um pouco insegura, talvez até envergonhada.

— Sim, mas o Lew foi para a fábrica, acho que só chega mais tarde — Falei meio chateada, era meio ridículo mas eu estava com saudade.

— Ah... Sabe o que é, Lia? Ele ligou para mim de manhã e falou para as crianças que elas podiam dormir aí hoje — Suspirou como se estivesse exausta — Agora elas não param de perguntar quando vão poder ir pra casa do tio Lewis... Tentei ligar pra ele, mas ele não atende de jeito nenhum — Estralou a língua no céu da boca, decepcionada — É incômodo se eu levá-las aí? — Quis saber e eu pude ouvir o breve medo de estar sendo inconveniente na sua voz pela linha da chamada.

— Capaz Sam! Pode trazer! Só espero que elas não se incomodem em ficar algumas horinhas comigo, acho que o Lew ainda demora um tempinho — Respondi de prontidão, porque não tinha problema nenhum, eu adorava Willow e Kaiden e isso poderia ser até algo bom para a nossa relação.

Ainda era novo para as crianças a ideia de agora o tio ter uma namorada e sei que isso poderia gerar alguns conflitos, quanto antes eu mostrasse que era uma amiga e não estava tentando competir pela atenção de Lewis, melhor. Afinal, era impossível competir com aqueles pequenos, Hamilton moveria qualquer montanha por eles.

FLASHING LIGHTS - lewis hamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora