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8 de Fevereiro de 2019

Pov Narrador.

O que você pensa sobre a morte? Qual a sua opinião sobre ela? Você acha ela justa? Acha que a morte leva pessoas cedo demais? Acha que a vida seria mais doce se as pessoas não tivessem um prazo de validade?

A minha opinião é única, atípico, excepcional e insólito, na minha opinião a morte é injusta.

Constantemente o mundo segue um ciclo da vida, você nasce, cresce, vive a sua vida e morre, quero dizer...isso é o que deveria acontecer, mas não é o que acontece.

Infelizmente.

Os anjos morrem cedo, eu espero que você saiba disso.

" - Oi, Mai...

- Precisamos de você no hospital, Mara."

Maraisa está sentindo seu peito apertado, seu coração pedindo descanso, ela está tão cansada que cada respiração que saí da sua boca dói, como se ela se esforçasse a cada segundo para continuar vivendo, por ela, pelo Léo e especialmente pela dona da sua vida, a sua esposa.

A morena chega no hospital às pressas, sem paciência para ladainhas de educação. Ela segue o mesmo caminho de sempre, do estacionamento, até dentro do hospital, passando pelo corredor até o quarto da sua esposa mas dessa vez ela não consegue chegar ao seu destino e Maiara para ela, antes mesmo de chegar no quarto da sua esposa, ainda no corredor.

Maraisa não entende ao ver Maiara com o rosto coberto por lágrimas e a boca inchada, provavelmente pelo choro. Ela virá sua cabeça e vê Luísa chorando compulsivamente e dona Ruth segurando ela, do seu outro lado está seus pais olhando para Maraisa apreensivos e ela não faz ideia desse cenário.

- Eu vim ver a Lila - Maraisa fala quase em um sussuro - Por que todos estão aqui?

- Mara... eu...eu realmente tentei - Maiara fala baixinho - Eu tentei muito, muito mesmo.

- Do que você está falando? Você tentou o quê?

Maiara segura o rosto da sua irmã com delicadeza e passa a ponta dos dedos sobre a sua bochecha. Elas são gêmeas, Maiara está sentindo no seu peito a dor que Maraisa vai sentir para o resto da sua vida.

- A Lila realmente te respondeu, Mara - Maiara sorri de lado - Ela realmente estava te ouvindo.

- Então você acredita em mim? - Maraisa pergunta animada - Eu te disse, isso pode ser algum avanço no caso dela, ela deve ter tido um avanço.

- Mara...

- Isso significa que ela vai acordar, não é? Que ela está bem, que ela vai voltar para mim e para o nosso filho.

- Não, Mara, a Lila estava se despedindo...

Maraisa não responde, ela não está entendendo, até que ela começa a juntar os pontos de tudo que está acontecendo, seus pais aqui, dona Ruth, Luísa e Maiara chorando, a ligação imediata, sua gêmea impossibilitando de ver a sua esposa, tudo em um milésimo de segundo começa a fazer sentindo.

- Não... eu preciso ir ver ela - Maraisa nega imediatamente e tenta passar por Maiara - Ela está bem.

- Eu sinto muito, Mara - Maiara segura a sua irmã - Você não pode entrar.

- Ela está bem - A morena fala nervosa.

- Irmã...

- Minha esposa está bem.

- Não, ela não está mais aqui - Maiara fala quase em um grito - Ela se foi, Mara.

Maraisa simplesmente vê a sua vida passando diante dos seus olhos, seus momentos bons, ruins, o pedido de namoro, casamento, a tentativa do primeiro filho, o primeiro filho que veio a vida, brigas, resoluções, amor, carinho, todos os momentos passam pela sua cabeça, absolutamente todos. Ela sente como se uma pessoa pegasse a faca mais afiada que existe e desse apenas uma facada no seu peito, uma facada é necessário para fazer ela sangrar até a morte, apenas uma.

Não é uma questão de morrer cedo ou tarde, infelizmente essa não é a questão. A questão é ser arrancado da sua vez de ser feliz, de um ser superior te tirar a vida, na sua vez de ser feliz, isso não é e não deveria ser considerado justo.

Mas ninguém nunca disse que essa história teria um final feliz, pelo contrário, eu avisei, desdo início.

- Mara... - Maiara toca no braço da sua irmã devagar - Está doen-

- Minha Marília? - Maraisa fala quase em um sussuro - A minha esposa?

- Sinto muito...

Maraisa perde a força das suas pernas e Maiara segura a sua irmã, para ela não cair no chão, Maraisa chora compulsivamente, sentindo muita dor, tudo está doendo, Marília era o seu medicamento mas agora ela está sóbria da sua esposa, um vício que ela nunca quis parar.

Os médicos e familiares recomendarem para Maiara que era melhor sua irmã se despedir de Marília só no velório, para ela acalmar o coração, mas pela primeira vez a pessoa que sempre seguiu todas as regras decide quebrá-las.

- Pode ir se despedir dela - Maiara fala quase em um sussuro - Não tiramos os aparelhos ainda.

- Eu não consigo - Maraisa nega chorando - Me despedir signica para sempre.

- Não faça isso por você agora - A ruiva beija a cabeça da sua irmã e segura seu rosto - Mas pela Marília...

Maraisa junta todas os restos das suas forças e fica de pé, como se estivesse embriagada sem conseguir ficar em pé. A única diferença que o álcool te embebeda, mas no caso da morena é a dor que está fazendo ela perder todos os sentidos. Maraisa abre a porta do quarto da sua esposa devagar e vê Marília totalmente plena, sem batimentos algum e mesmo que a maioria das pessoas pense que ali está apenas o corpo, algo diz para Maraisa que sua esposa ainda está ali, a alma não deixou seu corpo.

A morena perde o controle do seu choro ao sentir as mãos de Marília gelada e a sua única ração é abraçar a sua esposa pela última vez.

- Não me deixa, Lila - Maraisa pede chorando, molhando as roupas de Marília - Não me deixa aqui, por favor, eu ainda preciso de você.

Maraisa pega as mãos de Marília e coloca no seu peito, tentando esquentar as mãos da sua mulher, tentando fazer de tudo para esquentar Marília. Porque um corpo frio é um corpo sem vida.

- Eu preciso de você, volta por mim, pelo Léo, volta, por favor, só volta, só volta para os meus braços...

Em uma fração de segundos, Maraisa com a cabeça apoiada no peito da sua mulher, ela escuta um batimentos que logo é computado pela máquina de batimentos cardíacos.

- Lila... - Maraisa levanta a cabeça assustada - Volta está voltando.

Os batimentos começam a ser contados novamente e os médicos que estavam do lado de fora entram na sala, sem entender absolutamente nada do que está acontecendo.

- Mai, ela está respondendo - Maraisa fala para a sua irmã.

Maraisa segura Marília nos seus braços, a cabeça da loira está no braço direito da morena e com a mão esquerda Maraisa acaricia o rosto de Marília.

- Vamos, Lila - Maraisa pede com a voz embargada - Por favor.

- Amor... - Marília fala quase em um susurro e segura com força a camiseta de Maraisa.

Os médicos tentam se aproximar mas Maiara para na frente deles, ela já entendeu o que Marília está fazendo.

- Ela está lutando - Maiara fala quase em um sussuro - Ela está...está tentando voltar.

War of hearts (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora