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{Três semanas antes do acidente...}

4 de janeiro de 2019

Pov Marília

- Eu gosto desse formato - Falo para o meu arquiteto, olhando para a planta da nova sede - Vamos usar esse.

- Posso mudar alguma coisa se a senhora quiser.

- Não... está bom - Dou de ombros - Só preciso saber a quantidade de materiais e renda líquida que vai precisar.

- Vou fazer uma lista e mando para a senhora - O homem me avisa - Posso voltar para a minha sala?

- Pode sim.

Ele concorda com a cabeça e eu vejo o homem saindo da minha sala com o projeto da nova sede nas mãos. Sento na minha cadeira e reviso as coisas que faltam resolver antes da viagem que já foi marcada recentemente em uma reunião.

Vão ser alguns dias longe de casa e mesmo sabendo que é uma viagem totalmente profissional, não contei ainda para a minha esposa, tenho noção que ela vai fixar magoada por mim ficar dias longe dela. Adiei essa viagem o máximo que consegui, mas uma hora ou outra, se eu quiser ter mais uma sede, iria precisar ir e infelizmente essa hora chegou.

Termino de organizar as papeladas e deixo tudo no seu lugar, para facilitar o meu dia de amanhã, mas quando estou concentrada, sinto um vulto atrás de mim e me viro assustada.

- Por que seu pescoço está roxo? - Bruno pergunta rindo - Apanhou foi?

- Como você entrou sem barulho algum? - Falo assustada - Parece um fantasma.

- Está mudando de assunto.

Reviro meus olhos e me levanto da cadeira para guardar as coisas no armário, ouvindo as provocações do meu amigo enquanto eu faço minhas tarefas.

- Não sabia que Maraisa era violenta - Ele fala rindo - Não nesse nível.

- Ela não é - Nego apontando o dedo para ele - Só ontem, ela estava brava porque eu disse que teria que viajar e...meio que descontou a raiva dela.

- Você contou que a viagem já tem data marcada?

- Não...vou contar hoje - Sorrio fraco e volto para a minha mesa - É porque estamos tão bem, Léo está feliz, o tratamento está dando resultados e ela...ela estava parando de ficar...meio paranoica.

- Ela só se preocupa demais com você, Lila.

- Eu sei...

Passo as mãos pelo meu rosto e apoio meu corpo na mesa, pensando em como falar com a minha mulher ao chegar em casa, talvez seja por não saber como falar que eu estou enrolando tanto para ir embora.

Sua preocupação comigo e seu cuidado comigo fazem eu me sentir completamente amada, mas ao mesmo tempo tenho muito medo de algo acontecer comigo, não porque eu iria ser atingida, mas sim porque eu tenho absoluta certa que ela iria dar um jeito de se culpar, achando que não me protegeu o suficiente, o que nunca vai ser verdade.

- Ela está te ligando - Bruno fala tocando no meu braço e me tira desse transe.

Olho para o meu celular e vejo a chamada da minha esposa, mas quando vou atender ela desliga, mostrando que é para mim voltar para casa, ela sempre faz isso quando eu estou demorando.

Me despeço do meu amigo e saio da empresa, com milhares de coisas nas mãos, trabalhos que eu vou ter que ir resolvendo ao longo dessas três semanas para deixar tudo pronto para o dia da viagem, tentar de alguma forma deixar tudo pronto aqui para não demorar tanto lá e voltar o mais rápido possível para a minha casa, que é a minha esposa e meu filho, a minha única família.

War of hearts (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora