Lembre-se de nós
dois meninos escalando árvores
jogando pedras no rio
só para assistir a ondulação das águasLembre-se de nós
debaixo de um céu de quartzos rosas
dois meninos amedrontados
se escondendo do marAh, mas a força do mar nunca foi páreo para nós dois
quanto mais as ondas nos arrastavam
mais dançávamos sobre elas
zombando de cada tentativa
de nos obliterarEu imploro, lembre-se de mim!
porque, mesmo mergulhado em sombras
cegado pelo meu orgulho delirante
nunca me esquecerei de vocêMil vezes eu cairia
na lata de lixo do esquecimento
pro resto do mundo
só para ter um espaço empoeirado
no porão da sua memóriaEu não seria herói de coisa alguma
perderia, vergonhosamente, todas as batalhas
seria o menor dos homens
se isso significasse ser o maior no seu coração
eu sepultaria a minha honra para reinar dentro de vocêEu queimaria cada tenda
cada navio, cada cidade
deixaria as chamas consumirem tudo o que eu conheço
se isso mantivesse a sua casa em pazTe peço, lembre-se de mim!
pois, ainda que você não se reconheça mais
vagando sozinho, perdido de si
eu reconhecerei cada traço do seu rosto
mais do que a mim mesmoAté que nossas almas se confundam novamente
numa espiral eterna de escuridão
por favor, lembre-se de mim!
volte para mim!
porque, mesmo na morte
eu sou incapaz de te esquecer- De Aquiles, para Pátroclo
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Pequenas Tempestades
ŞiirAqui dentro a tempestade é diferente. A chuva que cai em mim não é feita de água, são gotas de calmaria e de caos. Dilúvio de poesia.