🌟24🌟

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  - Nem acredito que vai mesmo ao baile!

  - Cala a boca, Sabina, e termina logo essa maquiagem.

  - Que mal humor, nem parece que vai com o Noah.

  - Estou nervosa. Eu nunca fui no baile da escola.

  - Você vai gostar, ainda mais com ele. Estou tão animada por você. Prontinha, linda. - ela avisou e abir os olhos.

  - Nem acredito que estou fazendo isso.

  - Vai pôr seu vestido. Você vai estar maravilhosa hoje.

Eu e Sabina já estávamos prontas. Harry havia acabado de sair da casa dela e eu esperava por Noah. Sim, eu dormi na casa da Sabina. Não suportaria minha mãe.

A campanha tocou e me despedi dos pais de Sabina e fui abrir a porta.

  - Puta merda, você está tão linda. - sorri envergonhada.

  - Obrigada. Olhe bem pra você, parece até galã de novela.

  - Sou um príncipe em pessoa, amor. - ele brincou e entramos no carro.

Nos sentamos juntos de Harry e Sabina. Ficamos conversando por um tempo. Harry e Noah contaram acontecimentos engraçados, fazendo a mim e Sabina chorar de tanto rir.

  - Amiga, nós vamos alí e já voltamos. - Sabina avisou com um sorriso idiota no rosto.

  - Sei! - ela revirou os olhos rindo e os dois saíram.

  - Esses dois ainda darão problemas. - Noah falou divertido e deixou um beijo no meu maxilar e passou a encarar algo que estava ao meu lado mais ao fundo.

  - N, o que foi? - o encarei e ele estava rígido e não me olhou nem por um segundo. - Noah, é sério. - ele não me deu atenção de novo então olhei pra onde ele olhava. Louis com uma morena. Aquela da foto. - É a Chloe? - me virei pra ele novamente e agora ele me olhou.

  - É.

  - O que ela faz aqui com o Louis?

  - Outro dia eu conto. Quer dançar? - suspirei e concordei.

Noah ainda estava avulso e parecia levemente com raiva e preocupado.

  - Ei, não precisa me contar mas também não precisa ficar assim. Esquece eles, ok? - segurei o rosto dele entre minhas mãos. - Vamos apenas aproveitar a noite. - sorriu.

  - Aí eu te amo demais. - ri e revirei os olhos. - Como está sendo seu primeiro baile de primavera?

  - Legal, mas só de pensar que ainda terá o de formatura me dá preguiça.
 
  - Que feio, Any  Gabrielly!

  - Não enche, Noah Urrea .

                  (...)

Depois de uma noite que Sabina chamou de perfeita e eu cansativa, eu e Noah já estávamos na casa dele.

  - Abre o zíper pra mim? - fiquei de pé na frente de Noah pra que ele pudesse abrir o meu vestido.

  - Que evolução. Há um tempo atrás você não me deixaria ver as suas costas nuas. - ele brincou e desceu o zíper, deixando alguns beijos na minha nuca e me puxou pro colo dele. - Eu te quero tanto, Any.

  - Noah...

Antes que eu pudesse concluir, Noah já havia me beijado e eu não tive problema em retribuir. Noah nós deitou na cama e subiu sua mão por dentro do meu vestido enquanto me beijava sem parar. Assim que sua mão parou em cima da minha calcinha, meu ataque começou, mas desta vez não o empurrei.

  - Eu não consigo. - sussurei em desespero e ele parou, me encarando.

  - Por que, Any? Me conta o que aconteceu. Você tem um ataque de pânico sempre que eu tento alguma coisa. Você sabe que eu te espero o tempo que for mas te ver ter um ataque é a pior sensação do mundo. Eu não aguento mais. Me dói de verdade.

Respirei fundo e encarei ele. Já estávamos sentados na cama e Noah esperava quieto por uma resposta. Abaixei a cabeça e ele suspirou se levantando. Ele entrou no banheiro e eu troquei de roupa, vestindo uma blusa larga do Noah.

Merda. Que inferno isso.

Eu preciso contar á ele.
Eu quero contar.
Eu preciso conseguir contar.
Eu vou contar.

Noah saiu do banheiro minutos mais tarde vestindo uma bermuda e secava o cabelo.

  - Noah...

  - Não, Any, está tudo bem.

  - Por favor, cala a boca e me escuta.

  - Não é pra falar se não quiser. - se sentou ao meu lado.

  - Mas eu preciso. - respirei fundo. - Quando eu tinha doze anos, o Liam, ele abusava de mim. - fechei os olhos com força. - Eu não entendia direito naquela época e, acredite ou não, eu considerava algo normal apesar de estranho.

  - Any...

  - No primeiro ano foi até de boa, ele ainda era meu irmão exemplo que eu idolatrava. Mas isso mudou. Quando eu fiz catorze anos, ele começou a descontar tudo em mim. Se estava nervoso, se acontecia alguma coisa, se meus pais brigavam com ele, era culpa minha. Foi aí que o meu inferno começou. Eu ameacei ele uma vez, dizendo que eu ia contar aos meus pais mas ele jogou mais baixo. Me bateu tanto que eu fiquei até com medo do que mais ele faria comigo. E então, antes dos meus dezesseis, Liam voltou de madrugada de uma festa, tinha brigado com a namorada e estava bêbado. Meus pais não estavam em casa, foi perfeito pro Liam. Ele nunca havia sido tão violento. - funguei. - Foi o dia em que ele morreu. Enquanto ele chegava ao seu magnífico orgasmo, ele teve uma parada cardíaca, seria cômico se não fosse trágico. Nunca soube o que me traumatizou mais. Ser abusada por ele ou ver ele morrendo enquanto abusava de mim. - encarei o moreno.- No primeiro ano após a morte dele, eu parei de falar, não sei explicar o porquê, só não conseguia. Sabina foi quem mais sentiu, eu diria. Do dia pra noite eu passei a ignorar ela, meus pais quase enlouqueceram. Perderam um filho e agora a filha dava problemas. - ri sem humor. - No segundo ano, a primeira pessoa que ouviu a minha voz foi o Harry. Nos colocaram como dupla e o máximo que consegui dizer foi um "oi". Depois disso, aos poucos, voltei a conversar com a Sabina. Harry foi praticamente meu melhor amigo naquela época, daí que começamos a ficar, ele foi praticamente meu primeiro beijo, desconsiderando o Liam. Com os meus pais eu não consegui, não consigo até hoje. Vejo Liam neles sempre, todos os dias. Entende agora por que sempre me afasto? Todas as lembranças que eu tenho são de dor, cada toque é doloroso e nojento. Em cada toque eu vejo e sinto o Liam mesmo que eu tente dizer a minha cabeça que é você. Mas eu não consigo. - desabei de vez em lágrimas.

  - Oh Any. - ele me abraçou. - Desculpa, me desculpa. Essa ideia já tinha passado na minha cabeça antes mas eu não conseguia considerar, eu não queria. Eu sinto tanto. - segurou meu rosto. - Você era só uma criança. Deus! Como ele conseguiu? Sabe que eu nunca faria nada que não quisesse, não sabe? - concordei e o abracei.

Caralho. Eu contei pra alguém. Eu admiti em voz alta tudo o que aquele monstro fez comigo. Eu consegui! Eu finalmente consegui.

  - Noah?

  - Amor?

  - Posso te pedir uma coisa?

  - Qualquer coisa. - me soltei dele e o encarei.

  - Transa comigo.

Meu psicólogo - Adaptação NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora