OI GENTE!
A última (será) aventura em Azzurro começou! Neste momento, estou publicando o prólogo, e mais tarde sai o primeiro capítulo. Como eu disse, vocês ficarão muito chateadas comigo porque alguém vai de base... quem? só lendo para descobrir.
Espero que gostem dessa história e entendam meus motivos...
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- Princesita, vamos visitar seu papá? Quem é o papá mais bonito?
- AAAAH!
O gritinho, seguido por palmas das mãos gordinhas, levavam ao riso solto de Dolores Escobar-León, Condessa de Calábria e uma das escritoras mais populares de Azzurro. O segundo livro da princesa, "Rainha Rebelde", sobre a única herdeira de um rei tirano, fugindo de seu pai ao lado de um misterioso duque que aparentemente desconhece sua verdadeira identidade (ou não...), foi um sucesso que chegou a outros mercados, e a continuação da obra estava em produção.
Entre a escrita e o cuidado com sua princesa, a doce Esmeralda Maria, Dolores também era uma das mais importantes financiadoras das artes, música e literatura azzurrinos. Ela focava em jovens artistas, autores independentes e grupos da cultura popular; e recentemente Dolores e seus assessores abriram um edital com roteiristas iniciantes. O vencedor teria o roteiro adaptado como minissérie na TV pública de Azzurro, cuja audiência aumentou exponencialmente desde a ascensão de Dolores como princesa, e sua preocupação com a cultura chamou a atenção das principais figuras do setor em Azzurro.
Mas, naquele momento, sua única preocupação não era com a cultura ou o novo livro que estava escrevendo, e sim em fazer uma visita a seu marido, o Conde de Calábria, que se encontrava nas dependências para docentes da universidade de Calábria, onde lecionava.
Bruno León tinha interesse em dar aula de História Antiga também na USCI, dividindo-se entre a docência e suas pequenas caçadas pela Europa Continental, recuperando artefatos antigos que seriam obtidos de maneira ilegal no mercado alternativo.
Uma atividade que preocupava bastante sua esposa.
- Eu sempre fico tensa com essa viagem... Especialmente porque você não vai como... você, e sempre com esse nome falso.
- Principessa, para recuperar os artefatos, preciso ser discreto. Uso até disfarces, como um espião! – riu, mais para si mesmo, mas qualquer coisa minimamente bem-humorada fazia Dolores acompanhá-lo nas gargalhadas.
A pequena que acompanhava a mãe na visita, um bebê de seis meses cujos olhos verdes tão límpidos pareciam duas esmeraldas – daí o nome da criança – também ensaiou algo que parecia um riso, um "ah-ah" mostrando a boca sem os dentinhos que ainda não nasciam.
Toda e qualquer risada, barulho, ou mesmo algum risinho de Esmeralda fazia com que Dolores e Bruno se concentrassem na menina e respondessem com mais risos, uma careta, mais palminhas, ou mesmo alguma música. Dolores não gostava de cantar (considerava a própria voz muito "silenciosa", quase inexistente, em par com a voz falada suave e fina), mas Bruno tinha uma bela voz, profunda e rouca, que a jovem escritora dizia se parecer com a de um crooner antigo.
Assim, Dolores não ficou surpresa quando o marido iniciou alguns acordes de uma música que ela reconheceu na hora:
- Por que está cantando Luís Miguel para nossa filha, ela nem vai gostar dele quando ficar mais velha!
- Porque eu estou ensinando boa música para nossa pequena. "No me platiques más... Lo que debió passar... Antes de conocernos... Se que hás tenido..."
A menina riu, abrindo os bracinhos para ficar ao lado do pai.
- Vê como ela ama Luís Miguel?
- Ela ama o som da sua voz, Bruno! – suspirou. Ajeitou os cabelos em um coque fechado e os óculos de grau que sempre usava, e não escondeu o sorriso aberto.
Não parou de sorrir desde que conheceu Bruno León.
- Como você vai viajar, fique mais um tempinho com Esmeralda... Ela vai sentir falta do pai dela.
- Prometo não demorar, Andrômeda. Jamais a deixarei só, nem mesmo nossa princesita.
- É o que eu espero. Além disso, toda vez que você viaja, me dá uma dor no coração. Às vezes é como se... como se eu nunca mais pudesse vê-lo, Bruno.
- Amore mio, se pensa, em algum delírio, que eu ficaria longe de você... Está muito enganado.
- Eu digo o mesmo. Mas eu não tenho o mesmo ímpeto que você.
- Meu ímpeto será pelos dois. Sempre será, Andrômeda.
Ele se aproximou da jovem, enquanto Esmeralda se colocava no colo do pai, escondendo o rostinho, mas os olhos verdes ficavam atentos à aproximação dos pais de soslaio.
Os dois não demoraram muito para terminar aquilo que queriam começar: o beijo. Longo, saudoso, com Bruno sentindo os lábios de Dolores como se fosse a mais doce e deliciosa fruta. Levaria como tatuagem, ele que não era muito partidário de possuí-la, mas aquela... Ele guardaria no corpo e na alma.
Olhou a esposa mais uma vez. Tão linda, como foi sortudo em Dolores dar uma chance a um homem tão quebrado como um dia ele o fora!
- Prometo que não vou demorar. Não tema, amore mio: detalhe não estarei sozinho. Tenho pessoas que estão me ajudando neste novo empreendimento. Um conde, de minha inteira confiança. Se tiver algum problema, converse com Fernando, que ele vai te colocar em contato com ele.
- Nada vai acontecer, mas mesmo assim...
- E ainda tem Georgina Gavroche. Ela é espiã, muito amiga de Oscar Benítez, e se alguma coisa errada acontecer, ela vai me proteger.
- Confesso que confio mais em Georgina Gavroche do que num conde cujo rosto eu nunca vi. Ela foi muito importante, e apoiou muito Oscar e Francis contra o conspirador que queria matar toda a família real. Aquele homem completamente desequilibrado. Precisava de uma terapia, isso sim.
Bruno riu, imaginando que os próximos dias seriam terríveis sem as observações calmas e ponderadas de sua esposa, a visão gentil e otimista dela, o perfume leve de lavanda vindo de Dolores.
- Agora eu vou sair, porque preciso encontrar o pessoal do Ministério da Cultura. Vamos discutir a criação de um novo edital para a literatura independente azzurrina.
- Molto bene. Esse novo edital será um fenômeno, pode esperar.
Os dois se beijaram, e depois, Dolores depositou um beijo na testa da filha, além de abençoá-la, benzendo Esmeralda, como sempre fazia antes de se afastar da pequena. Não importava se ela estava com o marido ou com algum membro da família, a bebê protegida por Deus e Santa Cecília era sua maior prioridade. Foi embora olhando para trás, contemplando marido e filha, Bruno segurando a mãozinha da pequena e erguendo o braço como se ela estivesse se despedindo com um "tchau", e levou a mão ao coração.
Temia para próxima viagem de Bruno, e os perigos que ele iria enfrentar.
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A Última Princesa (livro 4)
RomanceNo paraíso mediterrâneo de Azzurro, onde o mar é azul e as cidades possuem uma mescla de tradição e modernidade, o casamento de Dolores Escobar e Bruno León, era considerado o "conto de fadas da vida real": a Cinderela e o Playboy Redimido pelo Amor...