Mapas para o ouro perdido

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- Você sabe quem podem ser esses bandidos? – Justino Bekele, o primeiro-ministro, apresentou as imagens registradas pelas câmeras que rondavam a cidade de Calábria.

Há seis meses, os investigadores e espiões se encontravam em uma espécie de busca que parecia implacável e imparável para descobrir quem matou Dolores, a condessa de Calábria.

No entanto, tudo parecia em um beco sem saída: ninguém conhecia os mercenários, nem como entraram no país. Nada indicava nas câmeras de segurança por todo o Arquipélago a presença do grupo.

Se fossem bandidos de Azzurro, teriam sido encontrados facilmente pelo banco de dados de criminosos do país, porque suas imagens seriam trianguladas com as fotos guardadas na base de dados.

Assim, eles consideraram que os criminosos eram estrangeiros – o que tornava a busca mais complexa: se não estivessem na base de dados da Interpol, quem daria tão facilmente as informações sobre eles, sem que evitassem um problema diplomático?

A resposta estava em Georgina Gavroche, naqueles tempos com um cabelo loiro curtíssimo – seu look original para a ação em Zagreb, que nunca acontecera da forma como fora pensada (apenas ela foi ao encontro no país) – que olhava as imagens com o cenho franzido e a expressão dura.

Era mercenária e trabalhava para quem lhe pagasse mais; contudo, em uma ironia da vida, era patriota. Também estava afetada pela morte de Dolores, condessa de Calábria.

Ela conhecia pessoas que não tinham pátria, nem fáceis conexões; pessoas que seriam invisíveis no mundo, mas não para uma mulher como ela.

- Uma gangue famosa, Excelência. Eles são de um grupo que eu e o príncipe Bruno sempre nos topamos na Europa Continental. Compradores de relíquias em mercados alternativos, ladrões de tumbas, gente de péssima reputação. Uma vez tentaram roubar aqui em Azzurro. A polícia não prendeu a todos, mas um que foi detido em Nova Axum confessou parte da operação.

- Ele está detido onde, na Torre?

Georgina fez um bico. Sabia que Bekele odiaria a resposta.

- Ele foi extraditado para Calena, Excelência.


- Calena? – Oscar Benitez, Ministro da Justiça de Azzurro, cruzou os braços diante da janela de seu elegante palácio, um dos mais belos e bem-localizados de Santa Cecília.

O nobre, que carregava o mesmo título da capital do país, já não era a figura que mal expressava reações – a voz aguda ao ouvir o nome do principado amigo chamou a atenção não apenas de Justino Bekele, como também de Georgina, amiga de anos do ex-espião.

- Tive a mesma reação, Benitez. – o primeiro-ministro e Oscar se conheciam de anos; não conseguiam se chamar pelos pronomes de tratamento. – Não faz sentido. Calena é famosa por intermediar ações de devolução de relíquias antigas para os países originais. Sempre foi um princípio do país. Não consigo imaginar Lorde Ashton assinando a extradição de um ladrão de tumbas, pelo contrário.

- Porque tenho certeza de que não foi ele quem fez isso.


Há algum tempo que Oscar Benítez não fazia o seu outro trabalho. O trabalho antigo, de ação, o perigo que um dia foi apenas o seu único meio de vida, e que agora, se tratava apenas de uma memória do passado.

Contudo, o retorno à forma foi um pedido solicitado não apenas pelo rei. Sua esposa Francesca Grimaldi Benítez, condessa de Santa Cecília, foi taxativa.

Quando ela sempre fizera a linha pacifista.

- León IV disse a você que confiava em sua inteligência e sua capacidade de descobrir quem eram os bandidos que estavam envolvidos na morte de Lola, é o que deve fazer. Eu perdi a minha melhor amiga... - Francesca comprimiu os lábios, e fechou os olhos, não querendo chorar. Oscar conhecia bem a esposa, sempre no controle das próprias emoções. Ele sabia o quanto aquilo era difícil para ela. - Esmeralda perdeu a mãe, que eu não sei até quanto tempo Bruno vai aguentar tudo isso.

A Última Princesa (livro 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora